Seguidores

domingo, 23 de outubro de 2011

Shaka, rei dos Zulus (1818 - 1848) - África Meridional

Líder forte e inovador militar, Shaka foi notável por revolucionar no século XIX a guerra Banta, introduzindo o primeiro agrupamento de regimentos por idade, e treinando seus homens para usar armas unificadas e táticas especiais.
Ele desenvolveu a “azagaia”, uma lança curta, e marchou com seus regimentos em formação apertada, usando grandes proteções para se defender dos inimigos que lançavam lanças.
Com o passar dos anos, as tropas de Shaka ganharam tal reputação que muitos inimigos fugiam. 
Com astúcia e confiança com suas ferramentas, Shaka tornou uma pequena tribo Zulu em uma nação poderosa de mais de um milhão de pessoas, unido todas as tribos da África do Sul contra o regime colonial.
A história Shaka Zulu, líder africano que expandiu a nação Zulu, num feito comparável a Alexandre o Grande, mas também terminou sua vida como ditador insano.
Lutou em mais de 200 guerras durante o reinado de 30 anos. 
E então foi massacrado cruelmente.
Shaka Zulu foi estrangulado pelo seu meio irmão e esfaqueado com a mesma lança que havia utilizado para matar outras pessoas.

Zulus

Os Zulus são um povo do sul da África, vivendo em territórios correspondentes à África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique.
Embora hoje tenham expansão e poder político restrito, os Zulus já foram, no passado, uma nação guerreira que resistiu à invasão imperialista britânica e bôere no século XIX.
Formam o grupo mais numeroso do povo nguni, também integrado pelos xhosa, os ndebele e os swazi, representam dois terços da população do país. Seu idioma, o isiZulu, é falado por 23,8% dos sul-africanos.
Eles construíram uma das maravilhas arquitetônicas da humanidade, a cidade fortificada do Grande Zimbábue, que chegou a ser a maior do continente.

Historia

O potentado Zulu teve início com o reinado de Shaka, filho do chefe Senzanga Khoma, de um dos clãs mais fortes dos Zulus, que engravidara Nandi, uma mulher Lengani, que se tornou sua terceira esposa.
Mas ela era desagradável e pouco dócil, acabou sendo rejeitada junto com o filho, e voltou para os Lenganis, onde Shaka cresceu acalentando o sonho de se tornar Rei dos Zulus, e expandir o império.

A infância

O menino cresceu arrogante e antipático, e por isso foi marginalizado pelos outros rapazes Lenganis, mas tornou-se forte e veio a ser um grande guerreiro.
Shaka era o nome que os Zulus davam a um parasita intestinal. 
Quando Nandi engravidou, de tão desagradável que ela era na tribo diziam que ela não estava grávida, que apenas tinha um shaka na barriga. 
Vindo ao mundo, o parasita shaka, continuou sendo Shaka.
O ano de 1802 foi um ano de seca e fome. 
O Rio Umfolozi, secou e a fartura que trazia ao vale que o abrigava e às margens, desapareceu. 
Com a escassez de alimentos o chefe Longani decidiu expulsar do Kraal todas as pessoas indesejáveis, entre as quais se encontravam Nandi e o filho Shaka.

Novo exilio

Exilados partiram para as terras do sul, aonde chegaram ao reino de Dingiswayo, o mais importante dos chefes do sul que, ao ver Shaka e N'Xumalo, um exilado voluntário do clã Sixolobo, que se tornou seu único companheiro entre os Lenganis.
O chefe adivinhou neles grandes guerreiros; eram fortes e mostravam destreza no uso das Azagaias, considerou-os bem vindos ao seu regimento.
Nos anos seguintes, Shaka e N'Xumalo ganharam grande experiência em guerras e campanhas que ampliaram o território de Dingiswayo.

O guerreiro

Shaka começou a desenvolver técnicas pessoais de Guerra e Teoria de Combate! 
Discordava dos grandes agregados, mulheres e crianças, que acompanhavam o destacamento, denunciando à distância a aproximação, e dando a conhecer aos inimigos a disposição das tropas a todos os momentos, aguardando apenas o momento mais propício para o confronto.
Não apreciava os rituais que antecediam as batalhas e dos lugares escolhidos, com encostas suaves, para melhor apreciação dos espectadores.
Ele não concordava com os arremessos das azagaias à distância, que permitiam a esquiva dos adversários.
Discordava dos embates pouco contundentes, quando os dois exércitos estavam já desarmados, e da benevolência do vencedor, capturando apenas algum gado e umas quantas mulheres.
Reprovava o uso de sandálias de couro de vaca pelos guerreiros, artefato que, no seu entender só tolhia a mobilidade em combate.
Achava inclusive as azagaias impróprias para a luta. 
Preferia o uso de adagas para o corpo a corpo.
Em segredo Shaka treinou com N'Xumalo ataque e defesa, força, destreza e luta corpo a corpo. 
Quebrou uma lança e encomendou ao forjador da tribo uma arma com o tamanho da metade da lança e o dobro do tamanho de parte cortante: uma Adaga.

A primeira batalha

Em 1815, num confronto banal com os Butelezis, Shaka demonstrou o que e como queria que fosse uma guerra. 
No ritual inicial em que um ou dois guerreiros se adiantam para trocar insultos, ele inesperadamente levantou-se e correu descalço para o adversário. 
Com o seu escudo, 
Shaka enganchado no do adversário, descobriu-lhe o peito e mergulhou sua adaga curta. 
Lançou-se em seguida para as fileiras de frente dos Butelezis, levando consigo todo o regimento Izicwe. Foi um massacre. Dezenas de inimigos mortos e de mulheres capturadas, centenas de cabeças de gado apreendidas.

A morte do pai

Em 1816 o pai de Shaka, chefe dos Zulus morreu. 
Shaka removeu o filho destinado à sucessão e assumiu o comando do clã que tinha cerca de 1.300 pessoas e 300 guerreiros.
Era um clã inexpressivo, menor que a maioria dos outros clãs, como os Sixolobos e os Lenganis, e que não expandira o seu território nos últimos cem anos.
Tão logo ele assumiu o comando, uma das suas primeiras providências foi mandar os guerreiros jogar fora as azagaias tradicionais substituindo-as por adagas, proibiu o uso de sandálias e treinou as tropas no endurecimento das solas dos pés, fazendo-os dançar sobre espinhos e pedras batendo os pés com força no chão, até que as solas dos pés estivessem mais duras do que couro.
Os guerreiros que não aguentavam e fraquejavam neste treinamento, eram mortos.
Aumentou o tamanho dos escudos quase à altura de um homem, e treinou com os guerreiros: defesa e ataque corpo a corpo, com as técnicas que aperfeiçoara com N'Xumalo.

Sua estratégia

Shaka Instituiu a técnica de combate “corpo-braços-cabeça”, em que o corpo era a grande concentração de tropas central, e a única que os inimigos podiam ver, os braços eram dois grupos de envolvimento rápido que atacavam pelos flancos, e a cabeça, um regimento que, nos dois primeiros estágios de qualquer batalha -- início com o embate frontal do corpo e o segundo - era o ataque dos braços pelos flancos - - ficava escondido por uma colina e de costas para a luta, ver a batalha.
No momento adequado recebiam a ordem de ataque, que cumpriam sem pensar e sem tentar adequar-se à situação.
Velocidade, rapidez na comunicação e astúcia eram os outros trunfos da estratégia.
Shaka e N'Xumalo formavam uma dupla fantástica; onde ele era um planejador criativo e o amigo era um executor implacável.
Uma manhã de 1816, Shaka reuniu os seus quatro esquadrões numa formação de quadrado oco.
Inflamou os ânimos dos guerreiros com palavras de incentivo, enquanto estes batiam os pés no chão com violência, à dança que caracterizaria para sempre os Zulus.
Cada esquadrão era distinguido por diferentes cores dos panos de cabeça e pelos couros de gado dos escudos.

As batalhas

Na batalha contra os Lenganis, Shaka ordenou uma marcha silenciosa.
Na manhã seguinte o clã adversário acordou cercado por guerreiros Zulus.
Foi a vingança contra o clã que expulsara a mãe e ele há anos atrás.
Todos os desafetos pessoais foram empalados por estacas de bambu, e depois de horas de sofrimento, queimados ainda vivos.
Os chefes tiveram apenas o seu pescoço quebrado, numa morte rápida e sem sofrimento, e no final, absorveu os regimentos Langani no seu exército.
Quando chefe Dingiswayo morreu, numa batalha contra uma tribo do norte, todo o contingente Izicwe se uniu aos Zulus.
Shaka se movimentava com uma velocidade devastadora, dominando os pequenos clãs, cujos chefes eliminavam e cujas forças militares agregavam às suas.
A batalha contra os N'Gwane os apagou do cenário africano como clã. 
À vista do Corpo de Ataque Zulu, se posicionaram numa formação rudimentar de combate, acreditando tratar-se apenas de mais uma investida por gado e mulheres, em que apenas alguns homens sairiam machucados.
De repente descobriram com espanto que as alas Zulus estavam abertas, como os chifres de um touro.
Os guerreiros Zulus caíram matando sobre os inimigos atordoados, e quando as forças N'Gwane tentaram se reagrupar para resistir, a cabeça do exército de Shaka apareceu do nada com suas adagas inclementes.
Os guerreiros e os velhos foram mortos.
Os Zulus não viam nada de errado em ajudar os que eram idosos ou doentes a morrer.
As mulheres foram distribuídas entre os Kraal Zulu, e os meninos recrutados para o exército.

O reinado

Durante o reinado de Shaka, os homens combatiam dos 14 aos 60 anos, e nenhum guerreiro podia casar ou procriar somente com seu consentimento, o que acontecia por volta dos 30 anos, e isso sem antes lavar a adaga no sangue dos inimigos. 
Ele formou um batalhão só de mulheres, que devia seguir na retaguarda para cuidar da comida, reparar as armas danificadas e cuidar dos feridos.
A regra básica para estes era: “se um Zulu está ferido, fale com ele. 
Se ele conseguir compreender o que você disse, cure-o, se não o mate”.
Ele também formou um batalhão de idosos que deviam trabalhar constantemente.
Em 1832 Shaka já havia consolidado a maior parte da sua nação, impondo uma ordem e uma disciplina cuidadosamente definidas. Transformara um amontoado de clãs num reino unificado através de punições brutais.
Ele praticou um governo tirânico, mas não insano, assegurando ao seu povo suprimentos de água permanentes e fontes estáveis de alimentos.
Os resultados benéficos do governo de Shaka foram evidentes. 
Tornou coesa e próspera, uma área que estava desorganizada até então, bem maior do que muitos países europeus.
As centenas de tribos e clãs que viviam até então por conta própria, passaram a proclamar-se Zulus. A nação de meio milhão de pessoas ja era temida nesta altura.
A cidadania dentro da nação tratava a todos por igual, fossem os seus integrantes antigos ou novos.

A decadência

Shaka não tinha um descendente que lhe pudesse suceder, ficando obcecado com a idéia de envelhecer e morrer.
Os feiticeiros se aproveitaram desse início de loucura para explorá-lo com promessas de óleos milagrosos que proporcionavam a imortalidade.
O aparecimento dos seus primeiros cabelos brancos detonou um processo de loucura irreversível e a morte da mãe desencadeou uma onda de crueldade e perseguições terríveis, que abalaram toda a estrutura zulu.
Ele começou por ordenar a morte de todas as mulheres a serviço de Nandi, a “mulher elefante”, para compartilhar a tumba com ela, sendo quase todas elas mulheres de alguns dos seus melhores e mais confiáveis generais.
A gratuidade das matanças espalhou-se pelo reino. Qualquer pessoa podia ser decapitada, por rir, espirrar, tossir, se coçar, sentar, dormir, amamentar, comer e beber, ou mesmo acusada de não demonstrar pesar pela morte da mãe de Shaka.
Grupos  e assassinos frenéticos corriam por todo o reino, para ver se alguém deixava de honrar Nandi. Os últimos meses de 1827 ficaram conhecidos como o tempo das trevas de Shaka.

A morte

Com o caos instituído no reino, M'Kabay, a tia de Shaka com seus dois meio irmãos, Dingane e M'Halangana, unidos com alguns comandantes militares, conspiraram e planejaram o assassinato do grande chefe Zulu.
No dia 22 de Setembro de 1828, vários conspiradores se reuniram, foram ao Kraal de Shaka, e sem que este pudesse esboçar um gesto de defesa, lhe espetaram fundo e por diversas vezes as mortais azagaias.
O Rei Shaka Zulu foi estrangulado por seu meio irmão sendo esfaqueado com a mesma lança que havia utilizado para matar outras pessoas.
Terminava assim a vida desse homem que criou a Nação Zulu.