Seguidores

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A arte ioruba

A arte das comunidades iorubas mais antigas distingue-se por suas criações escultóricas, e ceramistas.
Sobressaem os baixos-relevos, os entalhes em madeira, as máscaras e as cabeças humanas criadas com a técnica de moldar com cera perdida, conservada até hoje com todo carinho por ser considerada uma herança divina.
A história da região ocupada pelos Iorubas é particularmente interessante.
Estados e impérios se formaram na faixa entre o deserto e a grande selva, favorecidos pela abundância de água e de outros recursos naturais.
E também pelo fato de ser rota obrigatória de pessoas e mercadorias provenientes dos desertos do norte em direção ao oceano.

Bronzes

A fundição do bronze na cidade Ioruba de Ifé e logo após Benin tornou-se a expressão mais desenvolvida da plástica tradicional africana, influindo e criando múltiplas variantes de fundição do bronze em outros núcleos desta região.
No ano de 1300 o soberano de Ifé, a cidade sacralizada, enviou um de seus descendentes ao reino de Benin para conhecer suas técnicas e aplicá-las em seu regresso, o estilo da arte em bronze do Benin é um testemunho das relações estreitas entre os dois reinos, mas os Iorubas, os superaram, na técnica e na delicadeza de sua arte.
O bronze de Ifé parte de um estilo de modelação como a Terracota. Seus antecedentes tem sido encontrados nas terracotas de Nok.
Nestas os detalhes da figura humana estão um pouco sintetizados, destacando algumas marcas regionais, e nisto, assim como nas proporções gerais diferem das de Ifé, nas que se percebe a busca dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um tamanho menor.
As cabeças de bronze apresentam variedades de caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.
Ifé, ainda em tempos antigos, logo se transformou em terra de intensos intercâmbios comerciais e em berço de uma civilização florescente. Seus artistas utilizavam a arte para celebrar e transmitir valores considerados essenciais.
A arte de Ifé, tipicamente ligada à corte, cria máscaras, cabeças e figuras de bronze, latão ou barro cozido, carregados de valor vital e modelados com tal sensibilidade, habilidade técnica e forma que chegam quase a atingir a perfeição absoluta.
Numerosos estudos arqueológicos da região oferecem testemunhos artísticos que não ficam devendo nada às culturas clássicas de qualquer outra região do mundo.
As cabeças de bronze e as peças de cerâmica de Ifé, bem como os soldados de bronze de Benin - reino antigo que não deve ser confundido com o país que hoje leva este nome -, figuram entre as obras-primas da arte mundial.
Tudo leva a crer que as peças de bronze sejam retratos mais ou menos idealizados de grandes personagens, feitos após a sua morte e utilizados em cerimônias fúnebres ou comemorativas.
A arte ioruba se desenvolveu a partir do século 14, tendo seu momento de máximo esplendor entre 1575 e 1650.
Escultores de Ile-Ifé estavam produzindo esplendidas obras de arte em terracota, bem como em bronze.
A fundição do bronze na cidade Ioruba de Ifé e logo após Benin se transformou a expressão mais desenvolvida da plástica tradicional africana, influindo e criando múltiplas variantes de fundição do bronze em outros pontos desta região.
Em 1300 o soberano de Ifé, a cidade sacralizada, enviou um de seus descendentes ao reino de Benin para conhecer suas técnicas e aplicá-las em seu regresso, o estilo da arte em bronze do Benin é um testemunho das relações estreitas entre os dois reinos, mas os Iorubas, os superaram, na técnica e na delicadeza de sua arte.
O bronze de Ifé parte de um estilo de modelação como a terracota.
Seus antecedentes têm sido encontrados nas terracotas de Nok.
Nestas, os detalhes da figura humana estão um pouco resumidos, destacando algumas marcas regionais, e nisto, assim como nas proporções gerais, diferem das de Ifé, nas que se percebe a procura dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um tamanho menor.
As cabeças de bronze apresentam variedades de caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.
Os primeiros missionários que penetraram na cidade de Abeokuta, em 1840, ficaram abismados não somente com a produção artística, mas com o prestígio de que os escultores gozavam entre os seus, exercendo liderança comunitária.
O que só mais tarde pôde ser percebido é que os conceitos de beleza, grandeza interior e riqueza, elegância, manifestados nas obras de arte iorubanas, estão amalgamados com os princípios religiosos que regiam a vida daqueles cidadãos.
John Mason, babalaô em Nova York, nos dá uma excelente definição do conceito de "arte" dos iorubas no livro Orin Orisa, Songs for Selected Heads:
"O ioruba usa a palavra Ogbon para significar arte, inteligência, sabedoria, perspicácia e invenção.
Esta ideia casa--se com o termo Itan para conto ou história e Tan para diáspora, propagar, investigar, irradiar, instigar;
isto ajuda-nos a entender que para o Ioruba, Arte é a propagação e investigação da sabedoria.
É feita para brilhar, ser vista, ser ouvida, instigar e causar o duplo sentido do significado, uma reinvestigação.
O papel da arte é Rù: transportar você; Rù: despertar as coisas, incitar você; Rù: conduzir você tanto para a raiva como para a tristeza.
Por esta definição, arte ioruba significa viajar, espalhar todas as notícias sobre as coisas sagradas e mundanas. Todas as artes começam com Deus, o Ideal."
Ohun é uma palavra ioruba que significa coisa, bem.
Além de ser um termo de uma língua preservada nos terreiros de candomblés baianos e pertencer a uma das culturas africanas presentes na formação do povo baiano e brasileiro.
Se Ohun é coisa, e coisa é tudo quanto existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea ou ainda bens, propriedades, valores (Dicionário Houais), os seus significados consistem em olhar as manifestações da cultura sem os condicionamentos do conceito ocidental de ARTE, recorrendo, portanto, aos povos tribais, cujas culturas não distinguem nem elitizam o acesso aos objetos ou manifestações artísticas, nem tampouco lhe dissociam da vida cotidiana ou restringem a capacidade de todos os indivíduos em fazê-las e refazê-las a cada instante.

Manifestações artísticas

A África encara suas máscaras, estatuetas e outros trabalhos em madeira, bronze, marfim, argila, pedra ou cerâmica, não como obras de arte, e sim, como instrumentos indispensáveis nos rituais religiosos, cada uma com a sua especificidade e segredo que só os sacerdotes dos cultos aos ancestrais sabem decifrá-los, identificar suas origens e fazer a leitura de cada peça.
A arte africana está difundida em todas as partes do mundo, porém, a maioria das pessoas desconhece o lado cultural religioso, inserido em cada objeto, considerado peça de arte ou simples artesanato.
A escultura em madeira se estende á fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figurinhas alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças.
Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre com motivos alusivos à figura dos dignitários.
Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos.
Além das esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro das mais diversas cores, colocados em gorros, possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que recobrem todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical.
As pedras podem ser alternadas por cauris, canutilhos metálicos ou de seda e algodão.
Os tecidos são lisos ou estampados, os bordados são rebordados com linhas e com pedras de vidro.
Confeccionam roupas longas e gorros. A criatividade do bordado com pedras de vidro está muito difundida nas populações da República da Nigéria. Os suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de vidro, caudilhos e cauris.
Os tecidos e o vestuário alcançaram um desenvolvimento plástico considerável em zona de cultura urbana, assimilando muitos elementos da indumentária islâmica e outros introduzidos pelos europeus colonialistas.
O tear horizontal permitiu a confecção variada de tiras que posteriormente se juntam longitudinalmente para formar tecidos maiores.
Entre os Iorubas, principalmente é costume o estampado em azul índigo, trabalham diversas técnicas, mas não excluem o batik, muito empregado em África.
Outra expressão plástica entre os Ioruba é a gravura das louças, tigelas e demais recipientes.
A produção da escultura em marfim ocorreu em larga escala, porém nos últimos anos, devido à proibição da caça aos elefantes pelo risco da extinção da espécie, ou ainda a intervenção das ONGs que se ocupam da preservação do meio ambiente: fauna e flora houve uma escassez do material e uma diminuição da produção.
Antigamente, faziam peças pequenas para serem usadas como proteção, braceletes, pequenas figuras de animais especialmente leopardos.
Também havia esculturas em madeira com marfim incrustado. Em menor quantidade estão os objetos esculpidos em pedra dura.
Utilizam o ferro a partir de uma prancha fundida mediante pressão e calor.
São confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de quem é a imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma figura antropomorfa. Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a diversas entidades e também vários instrumentos musicais.

Musica

Sem duvida, a musica ocupa o lugar preponderante na arte ioruba.
Ainda que possua um significado autônomo e às vezes profano como forma de arte, a música está indissoluvelmente ligada aos cultos religiosos e a liturgia ioruba.
O predomínio dos tambores e especialmente a presença dos tambores que constituem a "família" Batá, é sua característica principal, uma criação exclusiva do povo ioruba.
É uma orquestra de três tambores - "Iyá" (mãe), "Itótele" e "Okóngolo" - percutidos simultaneamente por três alabês. Para os iorubas "os batás falam a língua" e cada um de seus toques - sagrados (Batá) ou não (Bembé) – se inspiram nas lendas atribuídas aos Orixás.
Com a música dos Batás agregam-se os cânticos e as danças litúrgicas.
Os cânticos acompanham os tambores e as danças são executadas por dançarinos que imitam as forças da natureza e os poderes atribuídos aos orixás.
A integridade sonora e sinfônica dos Batás (sonoridade vegetal, pela madeira dos tambores; animal, pelos couros esticados e afinados; mineral, pelo conjunto de guizos e chocalhos), unido às vozes humanas, obedece a um critério mágico por médio do qual os ioruba evocam a integridade das potencias cósmicas.