Seguidores

domingo, 29 de janeiro de 2012

Fa, o deus com dezesseis olhos

Fa, o deus com dezesseis olhos, as nozes da adivinhação.
Ele vive no céu, no alto de uma palmeira.
Das alturas enxerga tudo o que acontece no mundo.
Toda manhã, Legba sobe na palmeira para abrir-lhe os olhos.
Fa é o deus do destino, e o destino de cada ser.
A humanidade precisa estar em harmonia com seu próprio Fa...
Ele trouxe um sistema de adivinhação aos africanos baseado em tetragramas ou jogos quádruplos podendo conter quatro ou oito nozes. Ha quem use búzios ou outros elementos.
O Vodun Fa também é conhecido por Ifa, Orunmila e Orunlá.
De acordo com os mitos, dois homens desceram dos céus, após a criação do mundo, Koda e Chada.
Eles disseram ao povo da Terra que haviam sido enviados por Mawu.
Falaram que todos os homens viventes possuem o seu próprio Fa, a palavra sagrada, a escrita que Mawu ditou para cada ser.
Que essa escrita foi dada a Legba, o assistente de Mawu.
Por isso as ordens dadas a Legba através desse meio são chamadas de Fa.
É Legba quem traz aos homens as palavras de Fa para cada individuo.
Cada pessoa tem seu deus a quem deve adorar.
E sem a escrita de Fa jamais conhecerá seu protetor.
Se alguém deixar de reverenciar Legba, não conseguirá saber o que ele irá revelar sobre seu destino.
Que todo dia Mawu entrega sua escrita a Legba, dizendo quem vai nascer, morrer, os perigos e a sorte que irá encontrar.
Se Legba quiser poderá mudar essas questões.
Apesar de saberem que Fa representava a vontade dos deuses, esqueceram-se de Legba.
Por isso três outros homens desceram à terra num lugar chamado Gisi.
Adjaka, Oku, e Ogbena , disseram que Legba era muito importante, pois era o filho, o irmão e o assistente de Mawu.
E que se alguém quisesse ou precisasse de alguma coisa deveriam reportar-se primeiramente a Legba, que possuía o poder de fazer o que bem entendesse sobre a terra.
Esses profetas ensinaram a um homem chamado Alaundje como falar com Fa.
Trouxeram do céu a noz, fruto da palmeira usada para a adivinhação.
Ensinaram a Alaundje, que para conhecer o destino de um homem, é preciso entrar na floresta e levar suas nozes, joga-las e traçar oito linhas sobre a terra.
São essas oito linhas que revelam o destino de uma pessoa.
Esse adivinho recolhe a terra em que traçou as linhas do destino, e guarda dentro de uma sacolinha de pano.
Esse homem agora possui o seu destino em mãos, e precisa dar a algum estudioso para interpreta-lo.
Esses mesmos profetas explicaram cada linha a Alaundje, as marcas dadas por Mawu, que constituem a cópia da alma de cada ser.
E como a escrita que rege o destino dos homens está na casa de Mawu, é necessário que Legba seja reverenciado.
O culto do vodun Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Daomé pelas mãos de sacerdotes imigrados do território ioruba já a partir do século XVII.
Seu reconhecimento como divindade pelo rei de Abomé teria se dado através do babalaô Adéléèyé, de Ile Ifè que chegou a Abomé no reinado de Agadjá (1708-1732), junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò).
Ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era da origem ioruba.
Os sacerdotes de Fá são chamados em Fon de bokonon, o correspondente a babalaô nesta língua.
O bokonon da corte de Abomé é um dos dignitários do rei reconhecidos na categoria de príncipe e está entre os poucos autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta diante do rei e da rainha-mãe.

Oráculo

Ifá ou Fa transmite sua palavra através dos dezesseis Odù, e estes são a expressão da natureza que é a fonte de energia que movimentará e determinará a personalidade da pessoa.
Estes Odù, multiplicados por mais dezesseis perfazem 256 tipos de divindades diferentes entre si, com atributos próprios e cada um conterá uma complexidade de inúmeros caminhos ao qual servirão para auxílio da raça humana.
Merindilogun ou Merindelogun - vem da palavra Erindinlogun e a tradução é dezesseis, sistema utilizado na África pelos iorubas algumas vezes chamado de dilogun (abreviatura de merindilogun).
É um dos muitos métodos divinatórios utilizado pelos Babalaôs, Babalorixás e Iyalorixás que conta com 16 búzios.
É um método diferente do jogo de búzios, pois nele ocorre a interpretação das caídas dos búzios por odù e (cada odù indica diversas passagens) de acordo com a mitologia ioruba.
No merindilogun, antes do arremesso dos búzios é Ifá o intermediário, quando eles caem dando a quantidade, o intermediário passa a ser Exu Elegba, que sempre acompanha Ifá.
As caídas são dadas conforme a quantidade de búzios abertos e fechados resultante de cada arremesso.
A resposta para cada quantidade de búzios abertos e fechados corresponde um Odù e como ocorre no Opele-Ifa, esse odù deve ser interpretado, transmitindo-se ao consulente tanto o significado da caída, quanto o que deve ser feito para solucionar o problema.
O Òpelè-Ifá ou Rosário de Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa, que tem pendentes oito metades de coquinhos de dendê, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá.
É jogado somente por babalaôs de Ifa e bokonos de Fa, ou sacerdotes do sexo masculino iniciados para essa tarefa.
O oráculo consiste em um grupo de côcos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo.
Os côcos são manipulados entre as mãos do adivinho, e no final são contados, para determinar aleatoriamente se certa quantidade deles foi retida.
As conchas ou as réplicas são frequentemente atadas em uma corrente divinatória, quatro de cada lado.
Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis padrões básicos (um odu, na língua Ioruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de 256 odus.
Cada um destes odus é associado com um repertório tradicional de versos, frequentemente relacionados à Mitologia Ioruba, que explica seu significado divinatório.
O sistema é consagrado aos orixás Orunmila-Ifa, orixá da profecia e a Exu que, como o mensageiro dos deuses, confere autoridade ao oráculo.
Onde O é resultado de contagem impar ou \ “cara\”, e E é resultado de contagem ímpar ou \ “coroa\”, os dezesseis padrões básicos e seus nomes de Ioruba estão inscritos na barra lateral.
O sistema inteiro traz uma semelhança superficial com os sistemas ocidentais de geomancia.