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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Festivais Gelede - Benin, Nigéria e Togo

A leste dos povos Ibibios, vivem os Nagôs do Benim e os Iorubas da Nigéria.
Eles possuem varias sociedades secretas, entre as quais a Gelede, originária principalmente das regiões de Ketu e Savê, é uma sociedade feminina de caráter religioso, que expressa o poder das mulheres sobre a fertilidade da terra, a procriação e o bem-estar da comunidade.
É um culto ao poder da mulher, que é mãe e por vezes feiticeira, que vela continuamente pela evolução social, politica, econômica ou religiosa do grupo.
A sociedade Gelede (lê-se gueledê), é dividida em grupos que podem ser dirigidos tanto por homens como mulheres.
É a única sociedade de máscaras que pode ser dirigida por mulheres. E a única em que as mulheres podem deter o poder.
A origem do Gelede encontra-se numa passagem mítica na qual se homenageia Iya Nla, a grande mãe que vive no fundo dos oceanos.
Os cultos visam para apaziguar a cólera das feiticeiras e a mãe ancestral, assim como aos pais, representados pelo culto Egungun.
Além de reverenciar e celebrar a sabedoria das mães e das anciãs do povo ioruba para assegurar o equilíbrio do mundo, o bem estar da comunidade assegurando a fertilidade humana e colheitas abundantes.
Essas mulheres são conhecidas como "mães poderosas" ou ajé (feiticeiras), seguidoras de Iya Nla.
Iya Nla e suas seguidoras presenteiam favores a quem as homenageia, com musica e danças, e vingam-se daqueles que as desrespeitam e desagradam.
O significado dessa palavra de três sílabas Gue -le-dê pode ser traduzido como:
"Ge" - abrandar, aplacar, saciar
"ele" - essência íntima da mulher
"de" - descontrair e atenuar com cautela
As principais representações do culto Gelede são as máscaras rituais que simbolizam o espírito ancestral feminino e seu poder sobre a terra.
As máscaras "Elerû" compostas por um capacete rosto feminino bastante estilizado, que sustenta uma estrutura decorada com temas diversos.
Sobre essas mascaras, estão representadas cobras, símbolos do poder, e o pássaro, mensageiro das mães.
Com a colonização, novos temas foram incorporados a esse personagem representado nos capacetes Geledes.
Essa integração dentro do seu repertório de formas propiciou um olhar critico dentro da tradição, por vezes irônico.
Atualmente, essas mascaras são esculpidas por artistas plásticos contemporâneos originários da região.
É uma máscara sagrada, esculpida em madeira, vestida apenas por homens que personificam mulheres e usada uma só vez pelo iniciado.
Os homens que vestem essas mascaras usam trajes femininos muito elaborados, com guizos nos pés e seguram penachos de cavalo.
Os festivais de máscaras entretêm e aplacam "as mães", mas também encorajam a usar esse poder para o bem da sociedade através dessas representações, paródias e metáforas.
Consistem nos rituais noturnos ou (Efe), e diurnos, (Gelede), com diferentes máscaras usadas para cada evento.
São anuais e consistem de danças ligadas a um conjunto de cerimônias e incorporando cantos e percussão elaborados.

Curiosidade

A sociedade Gelede já existiu no Brasil.
Sua última sacerdotisa suprema na Bahia foi Omonikê, que tinha o nome católico de Maria Júlia Figueiredo.
Omonikê "era provedora-mor da devoção de Nossa Senhora da Boa Morte, fundada pela ala feminina da Irmandade dos Martírios na década de 1820 e sincretizada com a sociedade Gelede", como afirma antropólogo e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, Renato da Silveira, no texto Processo de constituição do candomblé da Barroquinha 1764-1851.
Na cidade baixa, em Salvador, havia uma área sagrada destinada ao culto de Gelede, no local conhecido até hoje como Dendezeiros do Bonfim, bem onde está localizada a Vila Militar.
Aí se fazia a maior concentração desse ritual.
Toda cidade se movimentava. Os mais altos dignitários do culto compareciam e tinham nomes e títulos no culto, de Gelede, estando entre os mais famosos Maria Julia Figueiredo sacerdotisa do terreiro Ile Ase Iya Naso, a qual além do título de Iyalode tinha o nome de Erelu, no ritual de Gelede.
Esse ritual também se realizava na cidade alta, no local até hoje chamado Rua do Tijolo.
Aí quando menina, a famosa Iyalorisa Menininha (Maria Escolástica da Conceição Nazaré) assistiu a esses rituais, Menininha emocionou-se com a recordação, cantou muitas músicas de Gelede, ao tempo em que falou várias coisas que aprendeu.