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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Festival do tecido Kentê em Kpetoe - Gana

O tecido Kentê está especialmente associado com a cultura Akan.
É um tecido portador da cultura Axante e é o padrão utilizado nas roupas da realeza.
Cada padrão de tecido tem um nome.
O fio é tingido, fervendo-o com goma e tinta e depois é posto a secar.
Depois é enrolado em grandes fusos que alimentam os teares.
São produzidas faixas longas e estreitas de tecidos coloridos formando desenhos estilizados que depois são cozidas num pano.
Esse pano se usa tradicionalmente sobre o ombro esquerdo (alguns usam do lado direito), como uma  toga.
O Mpraesohene (chefe de Mpraeso) usa um pano Kentê sobre o ombro esquerdo durante os festivais Afahye. 
Quando una mulher possui a mesma função de um ancião, usa o Kentê como um homem.
Um xale de boa qualidade pode chegar a 4.000 dólares.
A tecelagem Kentê está associada com os homens, é considerada um trabalho masculino.
Apesar se usar tintas comerciais na atualidade, o azul escuro se tinge com índigo, uma pequena planta da mata tropical.
Essa tinta foi enviada no passado, para cidade histórica de Timbuctú, no Mali.
Na idade media, os europeus consideravam Timbuctú como o fim do mundo.
O pigmento era tão caro que ao chegar à Europa só podia ser usado por reis, para tingir suas roupas de púrpura.
A tecelagem Kentê é reconhecida como a mais luxuosa de todas dignas de reis.
No território Ewe, (gege) , os principais centros são Adanwomase e Kpetoe.
A criação de dois festivais para promover e celebrar para o resto do mundo tem reforçado a sua notoriedade e atraído a atenção para os tecidos.
Em 1996, na cidade de Kpetoe, foi criado o primeiro festival (Agbemevoza) seguido por outro em 1988 no centro têxtil Axante de Bonwire. (Bonwire Kente Festival).
O índigo é uma planta delicada.  Ao cortarem-se as grandes árvores para a exploração da madeira, as pequenas plantas como o índigo não sobrevivem.
Bonwire é o território do Kentê Axante, e continua sendo a centro da tecelagem Kentê, apesar de Adanwomase estar em destaque na atualidade.

Axantes

Os Axante são grupos étnicos pertencentes ao complexo cultural Akan, que abrange diversos outros grupos localizados em Gana e oeste da Costa do Marfim, na África ocidental.
Vivem no Sul de Gana e ocupam metade do país.
Os Akan falam dialetos bem parecidos entre si, conhecidos pelo nome genérico do Tki, que é uma língua sudanesa da subfamília Kwa.
O dialeto falado pelos Axante é o Axan.
Depois que Gana tornou-se independente em 1957 foi criada a região Bong`Ahaso, com base nas terras Axantes.
A capital desta região é a cidade de Kumasi.
O “asantehene” é o seu rei, com poderes bastante limitados, pois Gana tem um governo próprio.
O rei senta-se ritualmente sobre uma banqueta dourada que segundo acreditam caiu do céu e veio ao encontro do primeiro “asantehene”.
O fabrico artesanal desses bancos é uma especialidade dos Axante.
A madeira maciça é trabalhada com um enxó (pequeno machado feito com um cabo curvo).

Gana

O território do Gana faz parte das terras baixas da África Ocidental, com ribeiras marítimas ao Atlântico. Seus principais grupos étnicos são Akan, Ewe, Messi-Dagomba, Gaadangme, Guema e Axantes, que viviam em harmonia cultivando suas terras e apoiados em suas crenças religiosas.
No século XV alguns traficantes portugueses chegaram às costas e estabeleceram feitorias comerciais. Primeiro extraíram ouro em grandes quantidades e por isso a zona adoptou o nome de Costa de Ouro. Depois puseram sua atenção no comércio de especiarias e marfim.
Mas, para os conquistadores eram poucos os benefícios que obtinham com esse tráfico e iniciaram o tráfico de escravos em forte porfia com outras potências europeias como a Dinamarca, a Holanda e a Grã-Bretanha, que também se assentaram no promissório território.
A presença estrangeira que se traduzia na opressão e o mau trato aos africanos, e que alterou suas formas de vidas, provocou numerosas revoltas, as quais eram reprimidas com crueldade.
Os portugueses construíram o castelo de Elvira com o trabalho dos nativos. Esta fortaleza servia de armazém para os escravos caçados nas zonas fronteiriças e no próprio país, aí esperavam para ser enviados para o Novo Mundo.
Posteriormente a Grã-Bretanha impôs seu poderio naval e se apoderou de toda a costa em1844, em plena expansão, assinando um tratado com o rei dos Axantes, o grupo étnico que resistiu com mais força a penetração europeia.
Após trinta anos, em 1874, a Coroa britânica estabeleceu formalmente ali sua colónia Costa de Ouro, e em 1901 ocupou o reino dos Axantes e impôs no norte do país o protetorado britânico. Como era costume nos colonialista, a Grã-Bretanha violou o acordo com o rei dos Axantes.
Os britânicos formaram em sua nova colónia o Primeiro Conselho Legislativo e, mais tarde, este organismo enviou parlamentares negros a Londres. Depois da Primeira Grande Guerra (1914-1918), a parte ocidental de Togo passou a mãos britânicas e sua administração colonial recaiu na Costa de Ouro.

Ho, Amedzofe E Kpetoe

Seguindo-se para o norte na região oriental do país, encontra-se Ho, com sua pequena população Ewé, muito perto da fronteira com Togo.
Nos arredores de Ho distingue-se Amedzofe, uma região montanhosa.
Na localidade fronteiriça de Kpetoe, os tecelões nativos confeccionam os famosos tecidos com sua destreza digna de admiração.