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domingo, 4 de março de 2012

Contas de Fuso do Mali

Contas africanas

Os fusos tem sido usados por mãos laboriosas desde tempos imemoriais no mundo inteiro, criando fios para tecer panos e roupas.
Originalmente serviram na fiação do algodão.
O fuso é composto de uma vareta e uma conta (rodela-de-fuso) numa extremidade para impedir que o fio escape.
Posteriormente foram adaptados às rocas de fiar.
Essas contas possuem uma grande variedade de formas, pesos e materiais.
São confeccionadas individualmente, decoradas com padrões tribais de rara beleza, e frequentemente mantidas como herança de família por muitas gerações.
Recentemente essas contas começaram a ser procuradas por colecionadores e estudiosos da historia africana.
As replicas modernas possuem uma variedade de formas usando as decorações tradicionais e podem ser encontradas nos mercados de contas por toda a África.
Em Djenne no Mali, onde essas contas costumavam ser produzidas, são chamadas de Kolo na língua Bambara, o que significa “tão duras como ossos de vaca”. As mais antigas, são centenárias e ainda mantem seus desenhos intactos, sinal de que são muitos resistentes.
Os materiais e técnicas dependem dos recursos de cada região.
Madeira, metal, barro, pedra, caroços de frutas e conchas.
Tal como as contas as pedras de fuso são testemunhos de culturas quase esquecidas e, portanto constituem tesouros de beleza atemporal.
Na África também são consideradas talismãs e por isso dependuradas em fios nas portas das casas como portadoras de sorte e proteção contra os espíritos do mal.

Fiação

A fiação é uma das atividades humanas mais antigas.
Durante muitos séculos a transformação das fibras têxteis em fio esteve puramente confinada à indústria caseira e praticamente só realizada por mulheres.
Os únicos utensílios utilizados na fiação eram a roca e o fuso.
Com estes utensílios a mulher fiandeira, para obter o fio, principiava por colocar a rama têxtil previamente cardada na roca, depois com a mão esquerda retirava uma porção de fibras, juntava-as e colocava-as no fuso que segurava com a mão direita.
Feita esta operação, a mulher, segurando a ponta do fuso entre os dedos polegar e indicador da mão direita, dava-lhe um movimento de rotação afim de que os filamentos se torcessem sobre si mesmos e formassem assim um fio redondo; depois lhe dava um movimento contrário de rotação e o fio obtido era enrolado no fuso, umas vezes de baixo para cima, outras de cima para baixo.
Sabe-se que há cerca de nove mil anos já se usavam fusos e rocas rudimentares.
No início do século XIV, surgiu na Europa a roda de fiar, que já era usada anteriormente no Oriente.
Com este novo processo, o fuso passava a girar mecanicamente.
No século seguinte, a roda já servia simultaneamente para torcer e orientar o fio na direção de uma bobina.
Por volta de 1767, James Hargreaves construiu uma máquina de fiar que podia trabalhar com oito e, depois, dezesseis fusos ao mesmo tempo.
Mais tarde, em 1779, Samuel Crompton criou uma nova máquina de fiar que tinha uma armação móvel que suportava os fusos e que ainda hoje é usada.

Fiandeiras

No Brasil ainda encontramos duas maneiras tradicionais de fiar: com roca e fuso ou mais rudimentarmente como fazem os índios, colocando o algodão (ou outra fibra, por exemplo, o tucum) num varão perpendicular encostado numa parede e ali a mecha de fibra presa para ser fiada.
Neste tipo de fiar, a fiandeira vai pegando as fibras finas, juntando-as e com uma primeira torcida do polegar e indicador vai fazendo "crescer" o fio.
À medida que este vai crescendo, é enrolado num fuso, girado rapidamente pela fiandeira que usando polegar, indicador e médio aplicados na ponta superior (do fuso), imprime-lhe rotação da esquerda para direita, rodando-o como um pião preso ao fio que vai torcendo, cochando e no corpo (haste do fuso) vai enrolando (o fio pronto), formando a maçaroca.
Da maçaroca o fio é tirado e enrolado, em novelo, pronto assim para o trabalho a ser feito. Esta maneira de fiar, sem roca, ainda é encontrada nas regiões mais desassistidas do país, onde impera a miséria ou o estado de primitivismo a que foram relegadas essas populações.