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terça-feira, 20 de março de 2012

Edun - macaco branco


As metáforas animais iorubas

No período pré-literário dos iorubas, a caça e as atividades agropecuária eram as suas principais atividades, e mesmo atualmente uma grande porcentagem desse povo é caçador e fazendeiro.
Isso se deve em grande parte pela privilegiada localização de seu território situado na faixa que se estende entre a savana e a floresta.
O rico solo da floresta se presta para o cultivo agrícola, mas também é a moradia de variadas espécies de animais de grande e pequeno porte.
Muitos desses animais são caçados com armas ou armadilhas servindo como refeição e fonte de renda.
Mas também é comum caçá-los para serem domados e domesticados.
Os animais dessa categoria incluem o leão, o leopardo, a cobra, o elefante, entre outros.
Como consequência desse contato próximo e observação apurada, os iorubas tem um profundo conhecimento desses animais.
Seus hábitos, forma e alimentação estão bem reconhecidos e apreciados na musica e poesia.
As características comportamentais desses bichos é bem conhecida e daí as metáforas que se formam referindo-se aos predicados homem/animal, referindo-se a hábitos e atitudes similares.
Os animais selvagens encontrados livres na natureza são abatidos para consumo imediato ou vendidos.
Essa classe inclui leões, leopardos, cobras, elefantes, etc.
Porém para os iorubas , assim como para os demais africanos, o valor desses animais transcende a alimentação e os ganhos com sua venda.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a determinados comportamentos.
Por exemplo, a agilidade do Òbo, macaco colobus, no topo das árvores.
Alguns animais, especialmente os domesticados, e até mesmo os selvagens, são fonte de encantamento e alegria para os iorubas.
Além do cão e gato, usados como animais de estimação, os cães também servem para a caça e a segurança, o cavalo para representar marca de realeza, e o macaco babuíno para entretenimento e diversão.
Atualmente, em cidades grandes como Ibadan, o macaco babuíno sendo usado para acrobacias de circo em troca de dinheiro.
A ocupação tradicional do povo ioruba é a caça e a agropecuária, onde o contato com os animais é constante.
As características comportamentais desses bichos é bem conhecida e daí as metáforas que se formam referindo-se aos predicados homem/animal, referindo-se a hábitos e atitudes similares.
Por exemplo, o gato, ológbò, é apreciado pela amizade e curiosidade.
O carneiro, agutan, pela docilidade e por vezes pela estupidez.
O cavalo pela sua energia, e o cão aja, por ser um companheiro e seguidor sem crítica.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a determinados comportamentos.
Por exemplo, o macaco Obo é amado por sua agilidade e odiado por sua destrutividade e tolices.
Os caçadores que voltam de suas caçadas costumam narrar as suas experiências observadas no contato com os animais selvagens. Algumas vezes ficam fascinados por suas aparências, beleza e porte de um determinado bicho.
Um exemplo disso é o amor do macaco colobus pelas árvores de grande altura. Os atributos físicos, assim como seus gritos característicos formam as bases para suas alusões metafóricas.
Alguns desses animais como os roedores (okete) e os macacos colobus (edun) tem sua origem atribuída aos mitos iorubas. Veja Abimbola (1976: 180)

Nesse oriki (poema), o macaco, Obò, é usado como metáfora:

Oni´lù ti´ n lùlù àmòréwo
En tó máa joye ki` i´ se òbò (Babalolá 1966: 301 lines 15â16)
A batida do tambor de um musico é traiçoeira, para pegar o dançarino de jeito.
O chefe não é bobo quando é previdente ao dançar para esse toque.

Na cultura ioruba, o musico e o dançarino travam uma competição acirrada pela supremacia do espaço.
Nessa circunstância o percussionista tenta confundir o dançarino introduzindo toques de estilos intrincados.
Entretanto o dançarino, que não é nenhum novato, também quer confundir o percussionista com sua dança.
É isso que o texto acima quer dizer ao referir-se ao chefe previdente, que não é nenhum bobo (Obo â macaco).
A expressão metafórica ki` i´ se òbò (ele não é Obó- macaco) tem o sentido metafórico de bobo. É necessário apontar para alguns fatores antes de prosseguir.
O primeiro é que tanto aquele que fala como o que ouve dividem as mesmas suposições.
Aquele que fala acredita e conhece a metáfora tanto quanto aquele que ouve.
É um pacto.
A pessoa descrita como Edun (macaco colobus) conhece a característica desse animal de coxas brancas, que está associado à cultura dos gêmeos (Ibeji) na cultura ioruba.
Ele também está associado aos revezes da sorte. Por isso na expressão O homem tem gêmeo pode ser interpretada como O homem sofreu reveses está financeiramente abalado.

Colobus branco - Macaco Edun

+ gemeo nascido
+ má sorte

Trecho extraido do trabalho:
The Yorùbá Animal Metaphors: Analysis and Interpretation
Adésolá Olátéjú
University of Ibadan, Nigeria