Cultura ioruba
Para os iorubas, o pássaro está ligado às divindades,
ancestrais, feiticeiras e os símbolos da realeza.
As coroas eram usadas tradicionalmente pelos Obas, reis, em
cerimônias públicas, como parte do traje real.
Eram decoradas com desenhos simbólicos. As contas eram
sinais de realeza e status.
A maioria das coroas são vivamente coloridas com desenhos de
animais e aves bordadas com pequenas contas.
O pássaro no topo da maioria das coroas é um sinal de
sabedoria.
Essas peças são rodeadas por uma franja de contas que
escondem parcialmente o rosto.
Esse véu de contas esconde o rosto do Obá, protegendo-o dos
olhares dos observadores.
Opa Osanyin, bastão de Ossain
Os bastões de ferro, encabeçados por pássaros são dedicados
a Ossanyn, divindade da medicina, que promove a cura e protege contra a
bruxaria.
Na África acredita-se que as feiticeiras se se transformam
em pássaros noturnos para atacar as pessoas.
Os pássaros celebram os poderes das anciãs, que podem
transformar-se neles, para obter sua ajuda na cura na cura.
O Opa Ossanyn representa o poder das folhas para curar as
doenças e tirar feitiços.
Esses bastões costumam ser fincados no chão ao lado das
pessoas adoentadas.
No Brasil, o símbolo de Ossanyin é uma haste de ferro
cercada por seis varetas pontuadas em leque encimada por um pássaro de ferro
forjado.
Máscaras Geledé
As mascaras geledés representam um rosto feminino que
expressa calma, paciência e a sobriedade desejada nas mulheres. A expressão
estática e simplicidade dessas máscaras contrastam com a vitalidade e a
diversidade da parte superior da máscara.
Os motivos esculpidos sobre essas cabeças tem a função de
aplacar as anciãs, por representar seus poderes ocultos, para que todos possam
ver, agradando-as com essa homenagem e com isso assegurando o bem estar da
comunidade.
Os iorubas acreditam que os pássaros noturnos representam os
poderes malignos das feiticeiras. E as cobras simbolizam o lado positivo desses
poderes, qualidades como paciência e serenidade.
A cobra enrolada sobre a mascara, também significa cuidados
com a vigilância, tal como na frase â a cobra dorme, mas continua vendo.
Ha também que afirme que os pássaros nessas mascaras
representam os mensageiros das mães enquanto que as cobras
simbolizam o poder.
Ao entalharem essas imagens complexas sobre pedaços de
madeira, os artistas geledes demonstram as suas habilidades e domínio sobre a
arte e a técnica.
Simbolismo do pássaro entre os iorubas
A frequência da representação de pássaros nas máscaras
geledes não é de se estranhar, dada a crença popular de que as feiticeiras
chamadas de mães poderosas transformam-se neles durante a noite para infligir
danos nas vitimas enquanto dormem sem suspeitar.
Daí o seu nome eleye â as detentoras do poder dos pássaros.
Não há dúvida de que a maioria desses símbolos focalizam o
controle sobre esses poderes.
O significado deles também depende do tipo do pássaro, de
seu comportamento e de sua associação com os rituais iorubas e com o folclore.
Abigbo, o bico-de-serra-cinzento (Tockus nasutus) é uma
espécie africana de calau.
Tais aves medem cerca de 45 cm de comprimento, possuindo
bico negro, plumagem dorsal amarronzada, ventral cinzenta e sobrancelhas
brancas.
Esse pássaro é uma imagem frequentemente representada nessas
máscaras, devido à sua associação com o mal.
De acordo com o verso de Ifá (Odii Obara Meji), o tufo de
cabelo na cabeça desse pássaro, é o esquife que ele deposita sobre os degraus
da porta de suas vitimas, anunciando sua morte em breve. (Abimbola 1976:
211-13).
Para os membros da sociedade Gelede, são as Ajés
(feiticeiras) que enviam esse pássaro para determinados indivíduos.
Diferentemente do Bico de Serra, o pombo, eyele, possui uma
imagem positiva entre os iorubas, sendo admirado pela sua postura digna, pela
plumagem elegante e agilidade.
Nos rituais de adivinhação de Ifá, o pássaro simboliza honra
e prosperidade.
Quando oferecido em sacrifício, espera-se que atrais ambas essas
qualidades.
Isto está implícito nesse ditado popular:
Totun tosi l'eyele fi nko ire wale.
O pombo atrai benefícios para dentro de casa da direita para
a esquerda.
Por isso esse pássaro é um animal de estimação entre os
iorubas.
Por botar dois ovos com frequência, os iorubas associam-no
com os gêmeos Ibeji e por extensão, com o equilíbrio e boa sorte.
Além do mais, o pombo é um símbolo de absoluta devoção entre
os iorubas, por ser fiel ao lar e não escapar como fazem os outros animais.
Cantiga de Ogum
Ògún wá jó
Ogum vem dançar
E màriwò
Com o màriwò
Àkóró wá jó
título de Ogum
E màriwò
Com o màriwò
E máa tu eiye
Fazendo o sacrifício com o pássaro!
A wá siré Ògun o
Vamos à festa de Ogum
E rù jòjò
Levando nossas roupas finas