As metáforas animais iorubas
Os animais selvagens encontrados livres na natureza são
abatidos para consumo imediato ou vendidos.
Essa classe inclui leões, leopardos, cobras, elefantes, etc.
Porém para os iorubas , assim como para os demais africanos,
o valor desses animais transcende a alimentação e os ganhos com sua venda.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos
característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a
determinados comportamentos.
Por exemplo, a agilidade do Òbo, macaco colobus, no topo das
árvores.
Alguns animais, especialmente os domesticados, e até mesmo
os selvagens, são fonte de encantamento e alegria para os iorubas.
Além do cão e gato, usados como animais de estimação, os
cães também servem para a caça e a segurança, o cavalo para representar marca
de realeza, e o macaco babuíno para entretenimento e diversão.
Atualmente, em cidades grandes como Ibadan, o macaco babuíno
sendo usado para acrobacias de circo em troca de dinheiro.
A ocupação tradicional do povo ioruba é a caça e a agropecuária,
onde o contato com os animais é constante.
As características comportamentais desses bichos é bem
conhecida e daí as metáforas que se formam referindo-se aos predicados
homem/animal, referindo-se a hábitos e atitudes similares.
Por exemplo, o gato, ológbò, é apreciado pela amizade e
curiosidade.
O carneiro, agutan, pela docilidade e por vezes pela
estupidez.
O cavalo pela sua energia, e o cão aja, por ser um
companheiro e seguidor sem crítica.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos característicos,
também são observados como formas metafóricas alusivas a determinados
comportamentos.
Por exemplo, o macaco Obo é amado por sua agilidade e odiado
por sua destrutividade e tolices.
Os caçadores que voltam de suas caçadas costumam narrar as
suas experiências observadas no contato com os animais selvagens. Algumas vezes
ficam fascinados por suas aparências, beleza e porte de um determinado bicho.
Um exemplo disso é o amor do macaco colobus pelas árvores de
grande altura. Os atributos físicos, assim como seus gritos característicos
formam as bases para suas alusões metafóricas.
Quaisquer que sejam os atributos proclamados de um animal
dependerão amplamente da cultura e filosofia de vida ioruba.
O fenômeno cultural explica porque um animal como a
tartaruga (ìjàpá), possui diferentes atributos conforme as diferentes culturas.
Tartaruga:
Lenta (na cultura ocidental)
Esperta (na cultura ioruba)
Tartaruga âìjàpáâ
+ esperta
+ hábil
Trecho do trabalho:
The Yorùbá Animal Metaphors: Analysis and Interpretation
Adésolá Olátéjú
University of Ibadan, Nigeria
No amplo jardim do palácio de Oyó, vive uma tartaruga que
tem mais de 140 anos. Ela se alimenta de arroz, eba, amala, frutas e água. Seu
tamanho é gigante, e o animal consegue carregar dois adultos em suas costas.
Essa tartaruga faz parte das atrações turísticas desse local histórico e
chama-se Ijapa Oba.
Isso não é nada se compararmos a uma tartaruga chamada de
Alagba que vive no palácio de Soun de Ogbomoso onde mora o Oba Oladunni Oyewumi
(Ajagungbade III).
Ogbamoso fica no Estado de Oyo, na Nigéria.
Acredita-se que Agba tenha 320 anos, o que é bastante
duvidoso, apesar de ser confirmado pelo próprio rei que vive lá desde criança,
quando ainda era um príncipe.
Ele esta ha 32 anos no trono e é o vigésimo soberano desde a
fundação de Ogbomoso em 1600 DC.
As tartarugas fazem parte de várias tradições religiosas e
mitologias em todo o mundo. Na antiga Mesopotâmia, estava associada com o deus
sendo usada nos kurdurrus (rituais) como símbolo deste. Nas lendas iorubas
contadas por toda a África, ela é caracterizada como um personagem truculento (trickster).
No conto Ijapa, Asin ati Okere, encontramos Ijapa (a
tartaruga) revelando sua engenhosidade e esperteza. Ela consegue resolver uma
disputa entre Asin (o Rato) e Okere (o esquilo), manipulando a situação com sua
sabedoria e recebendo um premio por isso.