Alta Costura Africana
Nascido em 1960, formou-se pela Parsons School of Design de
New-York.
Do lado paterno africano da Costa do Marfim e francês do
lado materno.
É um dos grandes criadores de bijuterias de moda atuais.
Após um começo aclamado em Nova York, ele apresentou-se em Paris,
no inicio dos anos 90, com suas peças de inspiração africana.
Trabalhou com costureiros célebres como Louis Fereaud,
Pierre Balmain, René Mancini, Alphadi e Katoucha.
A sua primeira coleção de bijuterias “Reine Pokou", é
uma adaptação contemporânea de signos geométricos dos pesos de ouro Axante (de
Gana e da Costa do Marfim).
Pérolas do Kalahari
O designer de joias africano Mickael Kra, radicado em Paris,
formou uma parceria com mulheres bosquímanas, do deserto do Kalahari, para
transformar a secular arte tribal de criar joias feitas de ovos de avestruz em joias
dignas de serem usadas pelas mulheres mais elegantes.
Mickael Kra lançou sua coleção "Pérolas do
Kalahari" na Semana de Moda da África do Sul, depois de trabalhar durante
três anos para ajudar mulheres da etnia San, na Namíbia e no Botsuana, a
aperfeiçoar técnicas seculares e produzir joias segundo os desenhos do próprio
Kra.
"Não é de hoje que estilistas se inspiram na África,
mas, em Paris, as pessoas ainda pensam que qualquer coisa produzida aqui na
África deve ser de baixa qualidade", disse Kra à Reuters. "Eu quis
apresentar um produto africano de primeira qualidade."
Os trabalhos anteriores do designer incluem uma coroa para o
pop star Michael Jackson semelhante às coroas usadas pelos reis de Gana no
século 17 e joias para estilistas franceses como Yves Saint-Laurent, Louis
Feraud e Pierre Balmain.
O estilista diz que é o único africano a trabalhar entre a
elite da moda parisiense e que quer usar sua influência para promover e
preservar a cultura e as tradições do continente africano.
"Fiquei inspirado quando vi o que elas (as mulheres
bosquímanas) faziam", disse ele. "É tão lindo, mas é trabalho
escravo. As mulheres esmagam os ovos com os pés, e então alisam os cacos com as
mãos. Elas têm mãos como papelão grosso."
Porco-Espinho
As joias de Kra, que exibidas em passarelas de Paris, Milão
e Berlim, baseiam-se nos desenhos tradicionais das comunidades San, ou
bosquímanas, que vivem há milhares de anos no sul do deserto do Kalahari, na
África, sobrevivendo de caça e coleta.
Um grupinho de mulheres San treinadas produz os colares,
cintos e pulseiras de Kra à mão, ou com materiais encontrados na natureza --
ovos de avestruz, couro, pelos de animais e espinhos de porcos-espinhos -- ou
de materiais de fabricação local, como contas de vidro.
Alguns incluem trabalho complexo com contas, enquanto outros
são feitos inteiramente de ovos de avestruz. Todos os objetos são amarrados em
volta da cintura, do pulso ou do pescoço, evitando o uso de fechos.
"A ideia foi conservar a tradição antiga, sua qualidade
serena, mas juntá-la a um toque cosmopolita e parisiense", disse à Reuters
a funcionária humanitária alemã Annette Braun, que ajuda as comunidades San a
vender sua produção.
Ela lançou o projeto depois de se cansar de vender as joias
a lojas de suvenires, por preços baixíssimos.
Depois de passar três anos treinando as mulheres para
garantir que o produto final satisfaça os critérios exigentes da elite da moda europeia,
Kra diz que a distribuição vai continuar a ser pequena e seletiva.
"Não quero criar uma fábrica em estilo chinês,
explorando mão-de-obra, no Kalahari", disse ele. "Um produto feito à
mão, de A a Z, é alta-costura."
Fonte: Reuters
Livro:
Mickael Kra: Jewellery Between Paris Glamour and African
Tradition
autora: Francine Vormese