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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Minas de Ouro

África Negra Pré Colonial
Recursos da nobreza e da realeza

Enquanto o sistema feudal europeu da Idade Média foi baseado na posse de terras, através da espoliação de seus habitantes, criando a nobiliarquia das terras, na África Negra nem reis nem senhores jamais se sentiram possuidores de terras. A posse de terra jamais polarizou a consciência do poder politico. Do que então vivia essa nobreza? Quais eram os recursos materiais e as finanças de um rei?

Minas de Ouro

A principal fonte de recursos para os soberanos da África Negra, da antiguidade a nossos dias, do Oceano Índico ao Atlântico, da Núbia de Herodoto e Diodorus Siculus ao Mali de Ibn Battutta e Khaldun, Gana de Bakri e Songai de Sâdi e Kâti, foi o ouro extraído das minas. De acordo com uma anedota antiga contada por Heródoto, a abundância do ouro na Nubia era tanta que até os prisioneiros eram acorrentados com esse metal. Historicamente a Nubia era o pais que fornecia ouro ao Egito. Aliás, diz-se que a etimologia do nome Nubia significa ouro.
De acordo com Al Bakri, o ouro de Gana era acumulado na cidade fortificada de Ghiaru, a dezoito dias de distancia da capital no alto Senegal. A abundancia desse metal era tanta que o rei deixava para o povo toda a poeira de ouro que conseguissem retirar das minas do império. O rei, todavia, ficava com todas as peças de ouro nativo que se encontrava. De acordo com o pensamento de Al Bakri, sem essa precaução o ouro tornar-se-ia tão abundante que não teria, virtualmente, mais valor na terra. Portanto, ao invés de ficar com todo o produto das minas do império, o Tunka mantinha consigo apenas o quinhão do ouro em forma de pepitas. Uma dessas pepitas, conforme relato de Khaldun pesava quinze libras (aproximadamente 7 quilos) e foi herdada pelo rei Mansa do Mali, terminando por ser vendida a um mercador egípcio por seu neto, que exauriu o tesouro real.
O Mali herdou as minas de Gana situadas em Bambuk, as mesmas que eram conhecidas pelos cartaginenses e exploradas pelos romanos após a destruição de Cartago por Cipião Africano (bambuk em romano era Bambutum).
A região do Gao a leste do Níger também produzia uma grande quantidade de pó de ouro e Al Bakri acredita que foi de fato o primeiro país a produzir esse material.
Esse ouro que foi sempre abundante durante a história dos estados africanos, era a moeda essencial para o comercio internacional, primeiramente com os países árabes do oriente, depois com a Europa mediterrânea (Espanha e Portugal). Foi isso que contribuiu com a prosperidade econômica do país, e quase certamente significou o motivo de que os soberanos não sobrecarregassem seu povo com taxas e tarifas.

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