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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Xapanã

Sixteen Cowries - Dezesseis Búzios

Xapanã (Sòpòná) é o Deus da Varíola. Apesar de seu culto ter sido proibido pelo governo nigeriano por causa dos boatos de que os sacerdotes espalhavam a doença para obter pacientes, os sacerdotes afirmam que o papel deles é o de tentar curar a varíola. Quando falham, explicam que é uma expiação da vítima, para que as famílias fiquem protegidas da reincidência desse mal.
Xapanã é um aleijado que usa uma muleta ou uma bengala (òpà ìtilè); isto não está mencionado nos versos, mas um dos mitos contados por Salako, fala como ele quebrou sua perna, tal como Akere o sapo identificado com Ossãe.
É costume as pessoas evitarem pronunciar o nome Xapanã, chamando-o de "Rei do Mundo" (Obalúayé ou algum outro de seus inúmeros nomes de louvor, porém os versos referem-se a ele como Xapanã e num deles como "O dono das águas quentes”. Sabemos que sua cidade é Egun, uma referência ao Daomé, atual Benim. Diz-se também que "Xapanã mata os inimigos. Ele aparece ocasionalmente em outros versos, porém nos dois versos associados com Ika assume um papel mais importante. Num deles diz-se que ele ofereceu sacrifícios para a água quente e que ao mergulhar uma criança nesta ela fica febril. No outro verso, no qual as pessoas não haviam lhe dado a sua parte, ele macerou folhas, moscas e fogo, com os quais os adivinhos lhe fizeram um preparado mágico. Em seguida chacoalhou seus guizos fazendo com que a varíola se espalhasse no corpo das pessoas, para que não se esquecessem de lhe presentear ao pedir ajuda. Nesse verso acrescenta-se que Xapanã não usou lâminas para efetuar as "curas" escarificações, em referência as marcas deixadas pela varíola nas faces afetadas pela doença.

William Russell Bascom
1912-1981

William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação iorubá da África para o Novo Mundo (1980).

Ifa Divination, Traduzido - Bascom, William 
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William

Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas

Varíola

A varíola tem sintomas parecidos com o da gripe, que em cerca de 12 dias evoluem para vômitos, náuseas e, no fim, infecção generalizada da pele, onde causa bolhas ou pústulas, que deixam grandes cicatrizes chamadas bexigas. Daí o nome, varius em latim significa manchado. Mata de 20 a 60% dos infectados e, na maioria dos casos, deixa os sobreviventes marcados para o resto da vida.
Ela é causada por um vírus transmissível pelo ar. O vírus da varíola é um vírus de DNA, um dos maiores vírus conhecidos. O fato de seu material genético ser de DNA dupla fita foi determinante no sucesso da vacinação, uma vez que o vírus não muda muito e é bem suscetível à vacina. Surgiu na África, mais ou menos em 10 mil a.C., de um vírus que provavelmente veio do camelo (!). Até as múmias egípcias têm marcas na pele que sugerem varíola.
  
Variolação, a primeira vacina

Foi a doença precursora das vacinas, tanto antigas quanto modernas, uma vez que as pessoas perceberam que só contraíam varíola uma vez na vida. Na África e na Ásia, por volta do ano 1000, deixavam as cascas de feridas secando no Sol, uma ótima maneira de matar o vírus com radiação ultravioleta - embora não soubessem na época. A casca seca era pulverizada e inalada pelas pessoas, processo chamado de variolação. Os persas engoliam as cascas. Já na Europa, as pessoas esfregavam o pus das feridas na pele e dentro do nariz.
Claro que nem sempre a variolação funcionava. Em muitos casos, a pessoa desenvolvia a doença normal, com a letalidade e cicatrizes típicas. Nesse sentido, a técnica usada pelos Asiáticos (de secar e inalar) era mais segura e eficiente.

Vaccinia, a vacina

Por volta de 1780, um médico chamado Edward Jenner tomou conhecimento de que ordenhadeiras não tinham o rosto marcado pela varíola. Ele viu que as vacas tinham uma forma de varíola, a varíola bovina, que as ordenhadeiras contraiam, mas desenvolviam sintomas mais leves, com pequenas feridas nas mãos, e nunca tinham a varíola normal. Em 1796, aproveitando que uma ordenhadeira tinha pego varíola bovina, ele raspou as feridas das mãos dela e inoculou em um menino de oito anos - comitê de ética não era uma coisa tão popular na época. Depois de algumas semanas ele tentou variolar o garoto, expor ele à varíola normal, e o menino não desenvolveu nenhum sintoma. De vaca veio a palavra vaccinia, que virou vacina. Jenner tinha descoberto o uso do vírus atenuado, que não causa sintomas e protege da doença mais grave. Essa forma de vacinação, com um vírus atenuado, é usada até hoje para doenças como a pólio.
Fazendo uso do vírus atenuado, a varíola foi a primeira doença humana erradicada com a vacina.