Seguidores

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Línguas Africanas

Com base na classificação de Greenberg (1963), pode-se dividir as aproximadamente 1900 línguas africanas em quatro troncos lingüísticos:


Congo-cordofaniano, nilo-saariano, afro-asiático e coissã.

 O tronco congo-cordofaniano se divide em duas grandes famílias: niger-congo e cordofaniano.

A primeira, que reúne mais de mil línguas com cerca de 260 milhões de falantes, interessará mais diretamente à história lingüística do Brasil, pois a maioria dos escravos trazida pelo tráfico negreiro para cá pertencia a dois de seus ramos: os das famílias lingüísticas banto e kwa, todas de línguas tonais; sendo que a última exibe uma heterogeneidade lingüística muito maior do que a primeira.
Do domínio banto, que recobre toda a extensão do continente africano abaixo da língua do Equador, têm maior relevância, para a compreensão das implicações lingüísticas do processo de escravidão no Brasil,

Tres línguas litorâneas - umbundo, quimbundo (Angola) e quicongo (Angola e Congo-Bazaville)

Conseqüência da precedência temporal dos seus falantes, densidade demográfica e amplitude demográfica da sua distribuição humana em território brasileiro durante quatro séculos consecutivos (cf. Pessoa de Castro 2001)".
"Quanto aos oeste-africanos, tradicionalmente chamados de sudaneses, destacaram-se no Brasil, pela preponderância numérica entre outros procedentes da mesma região, os de língua iorubá e do grupo ewe-fon, pertencentes à família lingüística kwa, termo que significa 'homem' em muitas dessas línguas".
Os escravos desse grupo teriam entrado predominantemente pelo porto da Cidade da Bahia, e predominado nesta Província, em virtude do comércio que esta estabeleceu com os entrepostos da Costa da Mina, através do qual os escravos eram adquiridos em troca de aguardente e do fumo do Recôncavo Baiano.
Da Bahia também seriam recambiados para as Minas Gerais durante o ciclo do ouro, o que explicaria a sua forte presença em Vila Rica nas primeiras décadas do século XVIII.
Entretanto, os escravos do grupo banto, que entravam no Brasil principalmente pelo porto do Rio de Janeiro e daí eram comercializados com todas as demais Províncias, acabaram por ser hegemônicos na maior parte do território brasileiro.


DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada
Resenhado por: Dante Lucchesi UFBA - CNPq (fragmento)
CASTRO, Yeda Pessoa de 2002

A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do século XVIII. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro/Secretária da Cultura do Estado de Minas Gerais. 240p.