Seguidores

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Abdias do Nascimento



Escritor, escultor, pintor e poeta, Abdias do Nascimento é um dos maiores defensores da defesa da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil.
Intelectual negro de grande importância Abdias do Nascimento é, sem dúvida, um militante fundamental no combate à discriminação racial na sociedade brasileira.
Abdias do Nascimento, filho de José Ferreira do Nascimento e Georgina Ferreira do Nascimento, nasceu em 14 de março de 1914, em Franca, São Paulo. Formou-se em Contabilidade em 1929.
Alistando-se ao Exército, participou nas revoluções de 30 e 32 e ainda das lutas do grande movimento negro da época, a Frente Negra Brasileira. Em 38 formou-se em Economia pela Universidade do Rio de Janeiro.
Durante sua carreira estudantil foi condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional por ter-se insurgido contra a ditadura do Estado Novo.
Organizou em 38, o Congresso Afro-Campineiro, em Campinas – SP.
Membro da Santa Hermandad Orquidea, grupo de poetas argentinos e brasileiros com escritores como Gerardo Mello de Mourão e Efraim Tomás Bó entre outros. Abdias viajou a diversos países da América Latina.
De volta ao Brasil, em 44, fundou o Teatro Experimental do Negro, (TEN), incluindo o negro no espaço do teatro e da literatura, organizando eventos como a Convenção Nacional do Negro (SP, em 45 e RJ, em 46), a Conferência Nacional do Negro, Rio e SP, em 49 e o Primeiro Congresso do Negro Brasileiro (Rio, em 50).
O Comitê Democrático Afro-Brasileiro, fundado em 1945, foi o braço político do TEN.
Abdias forma-se na primeira turma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, pós-graduando-se em Sociologia, em 1958.
Em 1968, funda o Museu de Arte Negra inaugurando-o com sua exposição, no museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.
No auge da repressão do regime ditatorial de 64, torna-se alvo de vários Inquéritos Policial-Militares, vendo-se obrigado a deixar o país.
Foi convidado pelo Fairfield Foundation para uma série de conferências em Nova York. Estendeu sua estada nos EUA a convite da academia de Artes Dramáticas da Yale University (New Haven) e do Centro para as Humanidades da Wesleyan University.
É quando se encontra com diversos líderes do movimento negro Norte-americano.
Contratado pela Universidade do Estado de Nova Yorque, em Búfalo, como professore catedrático, funda a Cadeira de Culturas Africanas no Novo Mundo.
Nesse período, Abdias expande sua criação artística através da Pintura. Expõe em Museus e Galerias das Universidades de Yale, Harvard, o Studio Museum in Harlem, Inner City Cultural Center (Los Angeles), entre muitos outros.
Em 1976, é convidado a ser professor visitante do Departamento de Línguas e Literaturas Africanas da Universidade do Ife. Participa, em 1977, durante sua estada na Nigéria, do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Africanas. Nessa ocasião, dá, inclusive, continuidade às denuncias de racismo no Brasil.
Durante o Segundo Congresso de Cultura Negra das Américas, no Panamá, em 1980, é eleito pelo plenário Coordenador Geral do Terceiro Congresso de Cultura das Américas.
Após a abertura política do Brasil, Abdias volta para fundar o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) e figurar como Vice-Presidente Nacional do Partido Democrático dos Trabalhadores (PDT), criando a Secretaria do Movimento Negro do PDT.
Em 1982, realiza o Terceiro Congresso de Cultura Negra das Américas, para o qual foi eleito Coordenador, na PUC de São Paulo.
Em 1983, Abdias toma posse como Deputado Federal e mantém uma intensa atuação no Parlamento em prol e interesses da comunidade negra. Cria ainda a Fundação Afro-Brasileira de Arte, Educação e Cultura (FUNAFRO). Torna-se Senador da República, em 1997.
Abdias tem quatro filhos, Henrique Cristóvão, Abdias Filho, Yemanjá e Osíris, e é casado com a americana/brasileiríssima, escritora de muita sensibilidade, Elisa Larkin Nascimento, que tive a satisfação de receber, quando aqui esteve, em Campos dos Goytacazes, representando seu marido, em data de homenagem a esta figura que o Brasil muito deve pela garra com que luta por causa tão nobre: desconstrução do mito “da democracia racial” e construção da nossa verdadeira identidade nacional fundamentada no respeito às diferenças.
fonte:
Homenagem a um baluarte brasileiro: Abdias do Nascimento
Jornal'Ecos da Literatura Lusófona
10 de Abril de 2006 - Edição N°38
Colunas de Armonia Gimenes de Salvo Domingues
Ano 2   
http://www.jornalecos.net/gimenes14.htm