O simbolismo dos trajes representa a saída do mundo material para a entrada no mundo espiritual.
Os trajes cerimoniais se fazem presentes em todas as religiões: a batina do padre, a paramentação dos orixás, os mantos dos magos e sacerdotes, o branco, as peles de animais, as fardas e etc.
Quem nunca teve oportunidade de ir a muitas festas de candomblé certamente sentirá alguma dificuldade para imaginar o que ela pode representar em termos da estruturação simbólica e social desta religião.
Nem pode imaginar, também, a rede de significados e alianças que ela implica e, tampouco, o prazer estético que vai se desvendando desde o momento em que se ouve, ainda do lado de fora do terreiro, o som dos atabaques tocando para os deuses.
Nos terreiros, palco sagrado dos deuses nos momentos de festa, as entidades são cultuadas em clima de descontração e prazer, onde a alegria parece ser o principal ingrediente da fé.
O aspecto lúdico revela, portanto, uma verdadeira equação da fé com a alegria, numa efervescência marcada pela exacerbação dos gestos, dos cantos e das danças.
Deste modo, as expressões e manifestações da fé nas religiões Afro-Brasileiras significam cantos e danças realizados com entusiasmo, palmas, saudações aos deuses e aos irmãos, transes dos fiéis, ricas vestimentas, bebidas, comidas, ostentação, luxo, etc..
Uma religiosidade capaz de atrair, de seduzir pela festa.
É claro que a simples descrição não pode dar conta da emoção que envolve os acontecimentos, nem do profundo sentimento religioso com que os participantes encaram a festa.
Nos dias de festa as filhas-de-santo vem surgindo, aos poucos, impecáveis em suas "baianas" (roupa de festa, com muitos saiotes, pano da costa, camisu etc.) alvíssimas ou multicoloridas.
As roupas coloridas sempre fazem alusão ao orixá da pessoa ou a seus caboclos.
As rendas também, através de seus desenhos (muito observados pelo povo-de-santo), homenageiam os orixás de cabeça da filha-de-santo.
Assim, rendas brancas com pequenas folhas prateadas eram usadas por uma filha de Ossanha.
Rendas com estrelas e flores para as filhas de Oxum. Leques para as filhas de Iansã, luas para as de Iemanjá e muito richelieu (bordado vazado) para todas e também para os filhos-de-santo, em abadás e batas, ou em barras de calçolões.
Os ojá-ori (panos que cobrem a cabeça) são cuidadosamente amarrados, terminando em "abas". As roupas têm muito brilho, os tecidos são cuidadosamente escolhidos.
Muitas pulseiras nos braços das mulheres e dos homens. Muitas contas, muitos anéis de prata, de ouro, de búzios (o povo-de-santo preza muito este tipo de adorno e usa, também fora do terreiro, muitas pulseiras, muitos anéis, muitos colares).
Tudo repleto de significado até o último detalhe:
A cor, a forma, a quantidade, os números.
As mulheres parecem flores, tantos são os saiotes engomados sob as delicadas saias em tecido de renda branca ou coloridos, musselina, seda, brocado, lamê, cetim ou algodões estampados em cores vivas.
Nos pés, infalivelmente, chinelinhos sem salto (que as iaôs deixam do lado de fora do barracão) brancos. As ebomis (e alguns ebomis homens também) usam um pouco mais de salto.
Curiosamente, esses chinelos ou "tamanquinhos" parecem ser sempre um número menor que o pé, pois os calcanhares geralmente "sobram" cerca de um centímetro para fora deles. Alguns dizem que isso proporciona certa graça à dança. Uma impressão de leveza, de delicadeza.
As ekedes providenciam os últimos detalhes, carregando sobre os ombros cuidadosa e majestosamente suas "toalhas" (símbolo do status e do poder da ekede de "desvirar o santo", mandá-lo embora, o que ela faz colocando essa toalha sobre a cabeça do filho-de-santo em transe e dizendo palavras rituais).
A comunidade desenvolve uma intensa atividade artística e artesanal.
As roupas e vestimentas sejam as usadas nas tarefas cotidianas, sejam as mais sofisticadas para vestir os iniciados em festivais e cerimoniais ou as que paramentam os orixás incorporados nas sacerdotisas, revelam um requintado trabalho de combinação de panos e estruturas, blusas e camisas, ricamente bordados, roupas e emblemas cobertos com ornamentos rituais, búzios e contas, couros e ráfias, carregando emblemas, combinando cores e formas específicas a cada circunstância e contexto ritual.
As palhas também são de fundamental importância nas cerimônias.
Segundo Raul Lody, o chamado mariô - folhas do dendezeiro desfiadas - está presente na arquitetura dos candomblés, nas roupas e utensílios de fundo religioso.
“Iansã, por exemplo, ao carregar na cabeça a gamela de madeira com acarajés, poderá guarnecer o objeto com mariô, ou mesmo substituir o eruexim (uma das principais ferramentas, confeccionada com a cauda de burro ou boi e possuindo o cabo de madeira ou metal) pelas folhas do dendezeiro", pontua o antropólogo.
O azé ou filá (traje cerimonial) de Omolu - que é feito tradicionalmente com palha-da-costa - também pode ser confeccionado com as folhas secas do dendezeiro.
Os trajes cerimoniais se fazem presentes em todas as religiões: a batina do padre, a paramentação dos orixás, os mantos dos magos e sacerdotes, o branco, as peles de animais, as fardas e etc.
Quem nunca teve oportunidade de ir a muitas festas de candomblé certamente sentirá alguma dificuldade para imaginar o que ela pode representar em termos da estruturação simbólica e social desta religião.
Nem pode imaginar, também, a rede de significados e alianças que ela implica e, tampouco, o prazer estético que vai se desvendando desde o momento em que se ouve, ainda do lado de fora do terreiro, o som dos atabaques tocando para os deuses.
Nos terreiros, palco sagrado dos deuses nos momentos de festa, as entidades são cultuadas em clima de descontração e prazer, onde a alegria parece ser o principal ingrediente da fé.
O aspecto lúdico revela, portanto, uma verdadeira equação da fé com a alegria, numa efervescência marcada pela exacerbação dos gestos, dos cantos e das danças.
Deste modo, as expressões e manifestações da fé nas religiões Afro-Brasileiras significam cantos e danças realizados com entusiasmo, palmas, saudações aos deuses e aos irmãos, transes dos fiéis, ricas vestimentas, bebidas, comidas, ostentação, luxo, etc..
Uma religiosidade capaz de atrair, de seduzir pela festa.
É claro que a simples descrição não pode dar conta da emoção que envolve os acontecimentos, nem do profundo sentimento religioso com que os participantes encaram a festa.
Nos dias de festa as filhas-de-santo vem surgindo, aos poucos, impecáveis em suas "baianas" (roupa de festa, com muitos saiotes, pano da costa, camisu etc.) alvíssimas ou multicoloridas.
As roupas coloridas sempre fazem alusão ao orixá da pessoa ou a seus caboclos.
As rendas também, através de seus desenhos (muito observados pelo povo-de-santo), homenageiam os orixás de cabeça da filha-de-santo.
Assim, rendas brancas com pequenas folhas prateadas eram usadas por uma filha de Ossanha.
Rendas com estrelas e flores para as filhas de Oxum. Leques para as filhas de Iansã, luas para as de Iemanjá e muito richelieu (bordado vazado) para todas e também para os filhos-de-santo, em abadás e batas, ou em barras de calçolões.
Os ojá-ori (panos que cobrem a cabeça) são cuidadosamente amarrados, terminando em "abas". As roupas têm muito brilho, os tecidos são cuidadosamente escolhidos.
Muitas pulseiras nos braços das mulheres e dos homens. Muitas contas, muitos anéis de prata, de ouro, de búzios (o povo-de-santo preza muito este tipo de adorno e usa, também fora do terreiro, muitas pulseiras, muitos anéis, muitos colares).
Tudo repleto de significado até o último detalhe:
A cor, a forma, a quantidade, os números.
As mulheres parecem flores, tantos são os saiotes engomados sob as delicadas saias em tecido de renda branca ou coloridos, musselina, seda, brocado, lamê, cetim ou algodões estampados em cores vivas.
Nos pés, infalivelmente, chinelinhos sem salto (que as iaôs deixam do lado de fora do barracão) brancos. As ebomis (e alguns ebomis homens também) usam um pouco mais de salto.
Curiosamente, esses chinelos ou "tamanquinhos" parecem ser sempre um número menor que o pé, pois os calcanhares geralmente "sobram" cerca de um centímetro para fora deles. Alguns dizem que isso proporciona certa graça à dança. Uma impressão de leveza, de delicadeza.
As ekedes providenciam os últimos detalhes, carregando sobre os ombros cuidadosa e majestosamente suas "toalhas" (símbolo do status e do poder da ekede de "desvirar o santo", mandá-lo embora, o que ela faz colocando essa toalha sobre a cabeça do filho-de-santo em transe e dizendo palavras rituais).
A comunidade desenvolve uma intensa atividade artística e artesanal.
As roupas e vestimentas sejam as usadas nas tarefas cotidianas, sejam as mais sofisticadas para vestir os iniciados em festivais e cerimoniais ou as que paramentam os orixás incorporados nas sacerdotisas, revelam um requintado trabalho de combinação de panos e estruturas, blusas e camisas, ricamente bordados, roupas e emblemas cobertos com ornamentos rituais, búzios e contas, couros e ráfias, carregando emblemas, combinando cores e formas específicas a cada circunstância e contexto ritual.
As palhas também são de fundamental importância nas cerimônias.
Segundo Raul Lody, o chamado mariô - folhas do dendezeiro desfiadas - está presente na arquitetura dos candomblés, nas roupas e utensílios de fundo religioso.
“Iansã, por exemplo, ao carregar na cabeça a gamela de madeira com acarajés, poderá guarnecer o objeto com mariô, ou mesmo substituir o eruexim (uma das principais ferramentas, confeccionada com a cauda de burro ou boi e possuindo o cabo de madeira ou metal) pelas folhas do dendezeiro", pontua o antropólogo.
O azé ou filá (traje cerimonial) de Omolu - que é feito tradicionalmente com palha-da-costa - também pode ser confeccionado com as folhas secas do dendezeiro.
Akóro Ko l'axo
Akóro não tem roupas
Màrìwò l'axo Ogún o!
Màrìwò veste Ogún
Màrìwò - Màrìwò