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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mascaras Kifwebe da etnia Songye - Congo

A história do povo Songye é inseparável da Luba que preservou o parentesco através de ancestrais comuns.  De acordo com a tradição o fundador do primeiro Império Luba no século XVI, Kongolo, foi um Songye. Guerrearam uns contra os outros por muito tempo até estabelecerem uma aliança para lutar contra os árabes.  Em 1887, para evitar a aniquilação, um subgrupo dos Songye, os Nsapo, mudaram-se para a área de Luba e como resultado desta migração surgiu um estilo escultural próprio. A organização social baseava-se num chefe que participava de numerosas sociedades secretas.  Em outros tempos a iniciação dos meninos costumava ocorrer dentro da instituição Bukishi, desaparecida no início do século.
Os Songye utilizam uma quantidade significativa de fetiches e amuletos, chamados boanga que lhes assegura sucesso, fertilidade e riqueza, permitindo tomar precauções contra as forças hostis como o raio, epidemias e doenças como a varíola comum na região. 
O feiticeiro fabrica o boanga a partir de ingredientes mágicos que ele amassava obtendo uma pasta que conservava dentro de um chifre de antílope pendurado no telhado da casa. 
Quando o chefe da família se ausenta encarrega outro para produzir esse amuleto do qual nunca se separa. 
As causas das desgraças costumam ser descobertas através da adivinhação. 
O nganga, adivinho, faz perguntas ao consulente, batendo num instrumento que ele segura.
Além de Amuletos, nem sempre de forma humana, os Songye possuem grandes imagens pertencentes ao feiticeiro que manipula com a ajuda de varetas durante o ritual da lua cheia.  
As figuras apresentam uma atitude hierática, com as mãos na barriga pontiaguda, rosto alongado com testa arredondada, grandes olhos amendoados, pálpebras pesadas e inchadas, a boca em forma de vagem, o pescoço por vezes anelado e os ombros quadrados. 
Na parte superior da cabeça, um chifre ou algumas penas acentuam sua aparência perturbadora.
O rosto coberto de pregos evoca a varíola. Algumas tiras de cobre ou bronze reforçam o poder mágico de estátuas, vestidas com penas e peles e empunhando alguns sacos com feitiços. 
Os pés de tamanho monumental ficam incorporados na base, recurso que se encontra entre os Tshokwe.
Os feiticeiros usam essas estátuas montadas sobre uma base cuja carga mágica é presa por um prego na parte superior do crânio.  
No início do século XX, os Bwadi ka bifwebe, que faziam parte da sociedade Bukishi, responsáveis pela iniciação, transformaram essa sociedade secreta em algo dominante. 
Eles ensinaram os grandes mitos e símbolos associados à natureza dos Songye, exercendo o controle político e social que compartilhavam com seus tshite ou notáveis. 
A máscara Songye é chamada de kifwebe (plural de bifwebe), um termo dado para aquelas entalhadas com estrias e que representam um espírito.  
Os Luba também usam, embora a máscara Songye seja mais angulosa podendo assumir diferentes formatos. 
De acordo com as regiões, é escura com listras brancas, ou vice versa.
As máscaras de búfalo sem estrias, pátina escura são usadas nos rituais de caça.
De acordo com Mestach (1985), para identificar se um kifwebe é masculino basta ver se possui uma crista branca. 
Ele é colorido e sua dança é durante o dia.  
As mascarars femininas , ao contrário, são predominantemente brancas, possuindo apenas uma pequena crista e seus sulcos são estreitos e finos. Estes dois tipos de máscaras aparecem juntos ou em um grupo nas celebrações populares. 
De acordo com Plasmans, o simbolismo da estria na máscara é claro: o rosto é o símbolo do poder e da força alucinatória; o lado direito representa o sol e o esquerdo a Lua.  
As estrias são comparáveis com as listras do antílope bongo e não com a da Zebra, que não existe nesta região.
Os sulcos expressam o ambiente subterrâneo de onde saem os espíritos que criaram a associação.
De acordo com um dos mitos de origem Songye, Deus enviou um casal primordial para cultivar a terra: as estrias rememoram a caverna de onde vieram os primeiros homens e de sua viagem no ventre materno.  As estrias podem ter um duplo significado: a trilha ou estrada para mortos que aguardam o renascimento enquanto o nariz vertical representa a árvore da vida.  A boca o bico do pássaro ou o fogo do feiticeiro. A máscara tem uma função de imprecativa e de acordo com os próprios Songye os lábios carnudos falam com força. A barba exprime a sabedoria e a força.  Quem usa a máscara fica totalmente ocultado por uma saia longa de fibras trançadas formando uma rede trazendo um adereço que consiste num cilindro recheado por materiais mágicos e que termina num tufo de penas. A posição desta pluma tem um significado: o espírito masculino é alto e o feminino é baixo.
Kya ndoshi é uma máscara é muito poderosa e temida: maior que as outras, traz cor e listras pretas. O conjunto formado pela máscara e seu traje simboliza a árvore cósmica que liga a terra com o céu e o submundo com o ar.  O escultor Sogngye, era um especialista que gozava de um grau elevado dentro da sociedade Bwadi, fabricava inúmeros objetos além das máscaras: copos, bancos, tambores, pilões, bengalas e bastões de dança e escudos com máscaras pequenas dependurados na cabana.  Os reis de Kuba apreciavam muito as grandes estátuas dos songye por seu poder mágico; Assim, em uma fotografia tirada em 1910, é quatro estátuas Songye que faziam parte do tesouro real. O estilo se manteve estável até evoluir de um verdadeiro "Cubismo" para um expressionismo mais pronunciado.