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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dançarinos com mascaras Daguno no Festival Gelede

Os festivais de mascaras, poesia e percussão possuem uma grande importância para os povos Ioruba do sudoeste da Nigéria e Benin.
Usadas por homens treinados nesse ritual desde a idade dos cinco anos, as mascaras Geledés proporcionam um espetáculo de comedia e frequentemente de farsa, mas baseado num controle social e espiritual serio.
Essas mascaras e provérbios apesar de alegóricas servem para lembrar a assistência dos perigos de negligenciar as posições sociais, principalmente as anciãs, e a ordem natural do universo. 
Os dançarinos fantasiam-se de acordo com os personagens dos provérbios tradicionais (orikis). 
Os dançarinos de mascaras Oro Efe emergem do meio da floresta cantando liturgias sagradas que invocam as bênçãos divinas para o festival Gelede e falam da ordem hierárquica do mundo.
Essas grandes mascaras também retratam varias criaturas do mato.


Breve descrição do festival de Gelede em Ago-Egun, 1990 


Os tambores falantes permanecem fixos na praça. A música fala por si. Em torno dos tambores a dança Geledé incorpora apenas os homens.
O festival Inicia com a saída de Ogum, que dança carregando sobre a cabeça um recipiente de metal onde ardem altas chamas de fogo. 
Seguem-no quinze outros orixás. Finalmente saem as mascaras Geledés, incorporada nos homens ou meninos que por recomendação de Ifá estão sendo preparados para tornarem-se sacerdotes do culto. 
O auge do festival é marcado pela saída do chefe do grupo, representado pela figura de um gorila com aproximadamente dois metros e meio de altura, longos braços rigidamente estendidos na horizontal, ao lado do corpo. 
O líder sai apenas no terceiro e no sétimo (último) dias para participar dos festejos. 
A Geledé, incorporada nesse sacerdote, dança continuamente e seus longos braços ameaçando tocar as pessoas que também dançam alegres ao seu redor.
Todas as pessoas realizam movimentos esquivos para evitar qualquer contato físico com esses longos braços porque, segundo a crença, podem tornar-se irremediavelmente surdas. 
A vestimenta dos demais homens e meninos que incorporam as Geledés caracteriza-se por uma grande máscara evocativa de algum animal e suas vestes ostentam grandes tiras de pano colorido - os gele - usados diariamente como turbantes pelas mulheres. 
As máscaras usadas no Festival são consideradas assentamentos (imagens consagradas) das Geledés.
Durante todos os sete dias do Festival os participantes abandonam a praça e caminham pelas ruas, acompanhando as Geledés que, incorporadas em vários homens, durante todo o dia, recolhem-se apenas ao anoitecer. 
São entoadas muitas cantigas. Entre elas as chamadas cantigas de Efe que se referem em tom de brincadeira, ao comportamento inadequado dos homens, mulheres e crianças do grupo durante o ano transcorrido, trazendo para o conhecimento público.


Fonte:
Deus, Divindades e Poder Ancestral
Portal Capoeira


Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.