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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Guerreiro Tutsi - República de Burundi

Burundi - História

A história do Burundi se remonta a tempos muito antigos; Ptolomeu, geógrafo grego, já fez referência a ele. Também encontraram em escavações realizadas junto ao Lago Tanganica utensílios do Período Mesolítico.
Os pigmeus Batwa foram os primeiros povoadores do país, mas atualmente só representam 1% do total da população. Foram afastados para a selva e as zonas montanhosas em torno do ano 1000 pelos bahutus ou hutus, tribo da família banto que se assenta em lugares próximos da água.
Durante os séculos XVI e XVII produz-se outra invasão, mas desta vez por parte dos tutsis, uma tribo guerreira e criadora de gado de origem etíope.
Progressivamente foram tomando posições na Ruanda e Burundi e estabeleceram uma hierarquia: os tutsi se ocupam da guerra e o gado, os bahutus da agricultura e os bawta do artesanato e da caça; por cima de todos encontra-se a monarquia cujos membros são tutsi.
O primeiro rei tutsi foi Ntare Ruhatsi, quem demarcou as fronteiras atuais e uniu aos povos que habitavam nas colinas do centro. Aos poucos se unificaram as três etnias em língua e cultura. Teve uma dinastia de 17 reis.
Em Ujiji vivia o povo suaíli que tentou instalar-se em Burundi, mas foram repelidos.

Colonização

Durante o século XIX, na Conferência de Berlim, as potências europeias repartiram a África; Burundi e Ruanda ficaram com a Alemanha. Em 1888 Alemanha conquista Burundi, e em 1899 Tanganica, Burundi e Ruanda formam a África do Leste alemã. Em 1903 o rei Mwegi Gisabo aceita o protetorado alemão.
Como as fronteiras do Congo Belga não estavam claras, em 1910 celebra-se a Conferência Anglo germana ficando alguns povoados tutsi e hutu dentro das fronteiras do Congo Belga. Os belgas ocupam Burundi e Ruanda cedo, e em 1924 passa a ser Protetorado de Bélgica com o nome de Ruanda-Urundi.
Em 1958 o príncipe Louis Rwagasore cria um partido progressista que em 1961 ganha as eleições; 15 dias depois é assassinado.

Independência

André Muhirva sucede a Rwagasore e o 1 de julho de 1962 obtém a independência. Com a morte de Rwagasore as diferenças étnicas se acentuaram e assim segue até os nossos dias, com numerosas revoltas e cruéis enfrentamentos entre eles.
Até meados da década dos 60 os sucessivos governos estiveram representados quase por igual por ambas as etnias.
Porém, em 1965 o primeiro ministro hutu é assassinado e o rei dissolve o parlamento e convoca novas eleições.
Os hutus ganham, porém o rei nomea como primeiro ministro a um tutsi, provocando a revolta dos hutus.
No ano seguinte o rei é deposto pelo filho, que apenas consegue ficar dois meses no poder antes de ser deposto pelo primeiro ministro, um militar tutsi.
Assim vai seguindo no poder familiares deste ministro; um deles, Buyoya, derrota em 1987 o presidente Bagaza e assiste aos confrontos de 1988, quando no norte do país os hutus assassinam os vizinhos tutsis.
Buyoya entrega a metade dos ministros aos hutus e nomea um primeiro ministro hutu. Promulga-se a Carta da Unidade Nacional garantindo igualdades de direitos para hutus, tutsis e twas.

História Recente da República De Burundi

A área foi governada pelo reinado Tutsi, do século XVI até a ocupação germânica em 1890, incluída na África Germânica do Leste (antigo distrito da África Oriental Alemã).
Em 1885, na Conferência de Berlim, as potências europeias dividem entre si a maior parte do continente africano...
O território que corresponde ao atual Burundi é colocado na área de influência da Alemanha.
Quando os primeiros colonos alemães chegam ao país, as tribos hutus e tutsis viviam em paz e de forma organizada, sem restrição ao casamento intertribal.
À época, a Monarquia tutsi tinha o apoio hutu.
De 1893 a 1916, como colônia, a região utilizou selos da Alemanha, sobretaxados "Deutsche-Ostafrika-Pesa" ou selos próprios com a inscrição "Deutsche-Ostafrika".

África Oriental Alemã

Os alemães, no entanto, dão aos tutsis, de etnia minoritária, o status de elite privilegiada, com acesso exclusivo à educação, às Forças Armadas e a postos na administração estatal.
Com a derrota alemã na I Guerra Mundial, tropas belgas ocupam o território em 1916.
Burundi é unificado com o vizinho território de Ruanda ficando sob tutela da Bélgica, que mantém os privilégios dos tutsis.
Incorporado a Ruanda, tornou-se o território de Ruanda-Urundi.
De 1916 a 1961, seja como ocupação Belga, mandato da Bélgica ou mandato das Nações Unidas, a região utilizou selos do Congo-Belga sobretaxados ou com a inscrição "Ruanda-Urundi".
Em 1946, a tutela passa para a ONU.
Finalmente, em 1962, Burundi torna-se independente, entretanto com a saída da força militar belga, a luta pelo poder torna-se um conflito étnico e alcança toda a sociedade...
A colônia belga de Ruanda-Urundi tornou-se independente em 1962, como dois novos países:
Ruanda e Burundi - que utilizou o nome Royaume de Burundi até 1966, quando se tornou República, depois da queda da monarquia tutsi.

Ruanda

Chamado de "o país das mil colinas" Ruanda é um país muito pequeno que faz fronteira com a República Democrática do Congo, Burundi, Uganda e Tanzânia.
O país é um dos mais populosos do continente e a capital se chama Kigali.
Há pouco mais de 10 anos atrás notícias daqui rodaram o mundo.
Em 1994 o mundo simplesmente assistiu sem fazer nada enquanto por 100 dias 1 milhão de pessoas foram assassinadas.
Foram 100 dias de inferno, e 10 anos depois, o país e seus habitantes ainda estão se recuperando dos resultados.
Este período de 100 dias foi chamado de Genocídio, pois foi planejado e executado por extremistas hutus em uma tentativa de 'limpar' o país dos Tutsis.
Ruanda tem pessoas de três grupos diferentes: os hutus (a grande maioria), os tutsis (mais ou menos 20%) e os twas (menos de 1%).
Não se pode dizer que são etnias diferentes (apesar das aparências serem diferentes em cada grupo) porque até os anos 40 eles viviam em paz uns com os outros.
Falavam a mesma língua, tinham a mesma religião, contavam as mesmas histórias e viviam juntos em sua maioria.
Os tutsis cuidavam do gado, os hutus eram agricultores e os twas eram caçadores-nômades.
Em 1916, os belgas invadiram o país para colonizá-lo e instituíram que seus cidadãos sejam identificados pelo grupo ao qual pertenciam.
No começo eles favoreceram aos tutsis, que já ocupavam posições de poder antes dos brancos chegarem.
No entanto, com o passar do tempo o padres católicos belgas passaram a favorecer a maioria da população, os hutu e ajudaram - talvez sem total consciência - a fomentar amargura dos hutus contra os tutsis por anos de dominação.
Em 1957, os hutus publicaram um Manifesto demandando emancipação e poder político.
Em 1962 o país se tornou independente.
Entre 1959 e 1973 vários massacres de tutsis acontecem intermitentemente enquanto os hutus tomaram o poder e expulsaram todos os tutsis de qualquer posição influente.
Uma grande parte da população foi forçada a fugir do país e não foram permitidos entrar novamente porque 'o país não era grande o suficiente' segundo o governo da época.
Em 1990, os refugiados formaram um exército para forçar a entrada no país e os problemas explodiram novamente.
De 1990 até 1994 mais massacres aconteceram, incluindo assassinatos de hutus moderados que não concordavam com os extremistas.
Dia 6 de abril de 1994, o avião do presidente - que voltava de uma conferência de tratado de paz na Tanzânia - explodiu antes de pousar no aeroporto.
Este foi o estopim do genocídio.
De abril á julho de 1994 1 milhão de pessoas morreu nas mãos das milícias extremistas no país inteiro.
A ONU e o resto do mundo estavam a par de tudo o que estava acontecendo, mas simplesmente assistiram de braços cruzados á um evento que foi e continua sendo comparado ao extermínio dos judeus na segunda guerra.
Vizinhos se viraram contra vizinhos, família contra família, amigo contra amigo.
O país ficou em frangalhos.
Os corpos eram tantos que não havia lugar para enterrá-los.
Cachorros, ratos e aves predadoras comiam os corpos expostos.
A estatística é que a maioria das crianças foi testemunhas de atos de extrema brutalidade e 90% das mesmas pensou pelo menos uma vez que ia morrer.
Finalmente dia 18 de julho o exército organizado pelos refugiados e liderado pelo homem que atualmente é o presidente de Ruanda venceu a guerra (eles conquistaram o território desde a fronteira com Uganda até a fronteira sul com Burundi) e a matança diminuiu.
O que aconteceu depois foi que o exército executou sumariamente cerca de 8.000 hutus somente por serem hutus por terem sido apontados por alguém como um assassino.
Ninguém ficou de lado nesta matança.
Crianças mataram outras crianças, mães com bebês nas costas mataram outras mães com bebês, pais de família mataram pais de família.
Isto tudo apesar de Rwanda se orgulhar de ter uma população 80% 'cristã'.
A facilidade e a rapidez dos assassinatos foi estupenda.
As grandes armas foram a doutrinação de racismo de um grupo contra o outro e uma estação de rádio pertencente aos extremistas que cuspia as mentiras racistas dia e noite, chamando a população hutu a 'trabalhar' e 'limpar o país destas baratas'.
Aqueles que sobreviveram foram resultados de milagres e intervenção de Deus bem como da misericórdia de hutus que não se envolveram na matança.
Hoje, apesar de 10 anos terem se passado, o assunto ainda é controverso.
Não há liberdade de imprensa porque o governo teme que alguém use esta liberdade para ferir outros.
A paz ainda é algo frágil.
Muitos dos homens que assassinaram outros durante o genocídio ainda estão livres e moram na fronteira do Congo com Rwanda.
Ocasionalmente batalhas acontecem naquela área. Também não se comenta jamais a qual grupo de pessoas alguém pertence.
Muitas mulheres foram estupradas por homens que sabiam ser HIV positivo e o resultado é que temos uma população enorme com HIV e AIDS.
Todos os anos abril é considerado o mês de luto, e parece que uma nuvem negra toma conta do ar.
Famílias foram devastadas e o resultado é: milhares de órfãos e famílias lideradas por adolescentes sem renda nenhuma.
Como JOCUM ha vários ministérios agindo dentro de algumas destas áreas.
Desde 1994, logo após o final do genocídio e da guerra Methode e Mary Kamanzi, jocumeiros ruandeses trabalhando no Quenia sentiram o chamado de Deus e se mudaram para cá quando o país e as pessoas estavam em frangalhos.
Tudo o que eles podiam oferecer era um ombro amigo, ouvidos, oração e aconselhamento para quem os procurasse.
Hoje, JOCUM tem uma propriedade com várias casas e a construção continua.
Ha ministérios com crianças de rua, jovens e adolescentes sem renda, vítimas de AIDS e HIV positivos, educação de órfãos, uma pré-escola e uma escola primária, e os programas de treinamento de JOCUM.
Ha também uma escola que ensina carpintaria, construção e costura, e alguns negócios que estão sendo estabelecidos para prover emprego e uma renda fixa para quem precisa.
É um desafio, mas o país tem se recuperado incrivelmente rápido nestes últimos 10 anos.
Mesmo assim, as velhas feridas ainda estão longe de sarar.