As mulheres Bashada enrolam suas mechas de cabelo com gordura animal e pigmento ocre, no formato de cordões.
Assim como para os Hamer e os Banna, o penteado é uma forma ritual muito importante.
Esse adorno representa um atrativo para o sexo oposto.
São vizinhos dos povos Hamar, Daasanetch, Banna e Arbore, na zona meridional do vale do Rio Omo, perto da fronteira Queniana.
Falam a mesma língua que seus vizinhos, o hamer-banna, também conhecida como bashada, uma língua afro-asiática.
De acordo com sua tradição oral são provenientes de um desmembramento do povo Aari. Apesar de falarem a mesma língua que outros povos vizinhos, possuírem os mesmos costumes, ritos e crenças que os Hamar e viver na mesma zona que eles, são considerados um grupo étnico distinto e independente.
O nomre Bashada, "pobres", foi dado em outros tempos, quando eram considerados os mais pobres da região.
Se anteriormente foram assim, já é algo distante de sua realidade atua, em que gozam de uma reputação social muito alta entre seus vizinhos, devido a sua especialidade na fabricação da cerâmica mais resistente e duradoura de toda a região do Omo.
Essa atividade, junto com a pecuária são as duas principais economias do povo Bashada.
Sua cerâmica é vendida além dos mercados e exportada para os mercados vizinhos do Quênia e Sudão.
É normal os homens andarem nus e as mulheres usarem uma espécie de avental feito de couro que lhes serve de cobertor durante a noite.
Quando utilizam mais roupa, seu estilo não se diferencia dos vizinhos Hamar salvo na menor utilização de cosméticos e joias.
Em qualquer ritual ou circunstancia excepcional utilizam os "karamb´a", amuletos com grãos de café, que possuem "barjo”, propriedades benfazejas.
Os homens adultos e os filhos mais velhos usam esses amuletos "karamb´a" do lado esquerdo.
Os adultos com mais autoridade utilizam o "barjo" dos "karamb´a" situações anômalas, para as mulheres que não conseguem engravidar, para que as noivas tenham um futuro com muitos filhos, ou quando ha problemas com o gado.
O amuleto mais importante para seus rituais é conhecido como "Ari".
Usado somente em circunstancias muito importantes, como nas cerimonias para dar nome a um filho ou filha ou durante os funerais.
O "koli" é um apetrecho importante usado nos casamentos, é um bastão largo que se carrega nas negociações previas entre as famílias.
O noivo envia o "koli" para a família da noiva, através de um portador, geralmente o pai do noivo.
Quando o noivo não tiver pai nem irmão vivo, procura-se um adulto, que desde o momento em que entregar o "koli" para a família da noiva passará a ocupar o lugar de pai.
Se o noivo tiver alguma briga com alguém da família da noiva também se usará o "koli" para reestabelecer as relações antes da boda.
Apos o casamento, quando a noiva for viver com seu marido, os familiares e amigos lhe acompanham e passam toda a noite cantando junto à casa do casal.
Ao amanhecer, a noiva sai ao umbral da casa e todos os homens mais velhos formam um arco com seus "koli" para que ela passe debaixo sendo que o primeiro é o intermediário matrimonial, depois a mãe da noiva e finalmente esta, enquanto recebem as bênçãos dos homens que formam o arco.
Assim como os Hamer, o povo Bashada conta com dois tipos de autoridades espirituais que também possuem certa autoridade política, os "parko" e os poderosos "bitta".
Costumam ter um caráter hereditário e normalmente, será o filho mais velho que irá herdar esse titulo.
Para ascender a "bitta", o aspirante, com a vara de madeira ou de metal que carrega um anel de ouro na extremidade, símbolos de sua futura autoridade e possuidores do "barjo", rodeia o perímetro sobre o qual exercerá sua autoridade, sem entrar nos territórios Hamar ou Banna.
Quando volta para casa, já consagrado como o novo "bitta", toda a comunidade celebra com uma grande festa na qual se matará um boi, ovelhas, e se os alimentos presenteados por toda a comunidade, leite, mel, etc..
A partir de sua "iniciação", a comunidade espera que o novo "bitta" propicie que as abelhas continuem vindo e fornecendo muito mel, e que as mulheres tenham muitos filhos e que seus rebanhos aumentem.
Os Bashada conhecem as estrelas e sabem quando elas se alinham, influindo no tempo. Quando fará calor ou se irá chover e se irão passar por uma grande seca.
Quando os superiores dentro da comunidade percebem essa situação, recorrem ao "parko" e, mediante certos rituais realizados durante a noite, esperam que ele consiga devolver as estrelas a sua posición correta, onde as chuvas serão mais abundantes.