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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mulheres Gurunsi da tribo Kassena - Gana e Burkina Fasso

Nessa foto podemos observar uma mulher preparando manteiga vegetal para cozinhar extraída de frutos de karitê.


Ritos sazonais dos povos Kassena, Gana


Os povos Kassena, Lobi e Senufo são vizinhos e compartilham um meio ambiente comum, bem como uma série de padrões semelhantes da vida diária. Nas suas aldeias, a rotina diária está voltada para as tarefas rotineiras do sustento. Em algumas épocas do ano, tal como o início da temporada de plantio e colheita, os Kassenas e seus vizinhos procuram obter as bênçãos da terra de seus antepassados através de rituais. Eles também apelam para adivinhos, capazes de revelar as causas das perturbações que afetam a vida diária, além de procurar uma orientação sobre negócio, e para obter aconselhamentos nas decisões críticas da vida.
Para assegurar as bençãos da terra e dos ancestrais antes da colheita ou da caça, os povos Kassena do norte de Ghana e sul de Burkina Fasso, fazem varios rituais. 
O festival principal chama-se Fao, e acontece no mes de dezembro antes da colheita do painço.
Quando a plantação começa a florescer, o povo do vilarejo é advertido para não fazer muito barulho para não incomodar a esposa de deus que esta gravida.


O povo Kassena 


Os aglomerados de casas desse vilarejo tem um formato curioso que associa beleza a praticidade. Seus muros asseguram uma proteção por todo o perimetro em volta das casas.
Os tetos planos proporcionam uma superficie ideal para secar as sementes do painço, e os páteos internos para guardar a colheita e cozinhar.
As paredes recobertas de argila são repintadas no inicio da estação da seca, com desenhos que retratam a vida cotidiana, aspectos da natureza e da civilização, e a relação do homem com o meio numa harmonia decorativa que representa o ideal dos kassena.
O povo Kassena pertence a um grupo que habita o sul de Burkina Faso e norte de Ghana, conhecido como Gurunsi. 
Os Gurunsi tem uma historia comum, idiomas similares e as mesmas estruturas políticas. 
A maioria dos Gurunsi vivem atualmente em Burkina Faso, e a historia recente (Burkina como colonia francesa e Ghana sob a administração britanica) distanciou o povo Kassena dos vizinhos Nuna, Bwa o Winiama ao norte.
Segundo a tradição oral os Gurunsi são originarios do Sudão ocidental. 
Sua presença nesse territorio é conhecida desde o século XVI, graças as guerras que mantinham com diversos grupos Mossi que tentavam saquear constantemente os povos Gurunsi e faziam escravos para sua venda. 
Graças a uma resistencia feroz os antepassados Gurunsi escaparam a dominação do povo Mossi. 
Sua historia começa com as viajens de tres irmãos de uma aldeia chamada Zecco:
Butto (o mais velho), Zakato e Sule (o mais jovem). 
Os tres irmãos sairam de Zecco para caçar. 
Depois de viajarem durante uns dias eles encontraram um pequeno povoado chamado Telania (ao noroeste do atual Navrongo). 
Os tres irmãos ficaram em Telania (atual Burkina Faso), durante algum tempo, trocando seus conhecimentos com eles: 
Butto e seus irmãos aprenderam as técnicas de cultivo em Telania e seus anfitriões aprenderam novas formas de construção.
Um dia Butto saiu para caçar em uma nova região e encontrou uma terra plana e fertil. 
Ao retornar contou aos irmãos, "encontrei um lugar onde a terra é suave e em pé." Chamaram ao lugar Na-Voro [Naga (pe) + Voro (suave)]. 
Butto regressou a região e ergueu sua casa.
Ainda é possivel ver os restos dessa construção. Estava situada a uns 500 metros do lugar onde se encontra a atual escola secundaria.
Seus irmãos, Zakato e Sule, ainda ficaram um tempo em Telania.
Em outra caçada, Butto encontrou um bosque de árvores e pedras que lhe recordaram a urna hereditaria de Zecco(ver abaixo em religião). 
Butto pensou que a urna de seu pai havia lhe acompanhado a Na-voro decidindo mudar sua casa junto ao bosque. Este lugar é atualmente a moradia do chefe de Navrongo.
A terra foi generosa dando aos Kassena de Na-voro boas colheitas e boa caça. E os habitantes foram aumentando apesar dos constantes ataques que sofriam por parte dos caçadores de escravos. 
Um destes, particularmente temido, era Babatu Zato (1850) quem devastou a região. 
Os povos que queriam evitar as perseguições de Babatu tinham que pagar grandes tributos em buzios e gado. 
Em 1896 as tropas francesas dirigidas pelos tenentes Voulet e Chanoine intervieram a pedido de Hamaria, um lider Gurunsi, conseguindo que Babatu se mudasse para o sul, em direção a Wa.
Em 1901, uma expedição britanica acampou a 15 quilometros ao sul de Navrongo, perto de um pequeno povoado chamado Vanania. 
Os Kassen dos povos pensaram que se tratava novamente de Babatu e seus homens. 
O chefe de Navrongo, Kwara, com um pequeno grupo de homens atacou a expedição mas logo percebeu que suas armas não podiam contrapor-se a dos ingleses. 
A força expedicionaria britanica estabeleceu-se perto da casa de Kwara em Navrongo oferecendo-lhes proteção contra os escravagistas e ele aceitou.
Após a independencia de Ghana en 1957, Navrongo se converteu na capital do distrito Kassena/Nankani.


Religião


A existência de um criador supremo é central para as crenças Kassena. 
Uma urna dedicada a este deus ocupa o centro de cada povoado. 
Su é um elemento deste deus, o espirito encarnado na máscara mais antiga e sagrada da comunidade.
O espirito de Su pode beneficiar a comunidade e causar danos aos inimigos. 
Quando o espirito de Su é aplacado atinge-se a harmonia comum. 
Ele é o responsavel pela fertilidade humana representando um papel importante na continuidade da vida. 
Cada grupo familiar mantém sua propria capela para guardar os objetos mágicos que permitem a manter contato com as forças vitais da natureza. 
Esses objetos são de propriedade comum de cada linhagem e proporcionam proteção e coesão social entre todos os membros da familia.


Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.