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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Contas Africanas

As contas africanas tem um longo histórico de comercio com o Oriente, e a circulação dessas mercadorias acabou por traçar rotas comerciais que ligavam a África a outros continentes como a Ásia.
O esplendor dos reinos e as invasões dos seus rivais trouxeram consigo as suas culturas e suas contas.
No século 15, com a chegada dos portugueses, os europeus começaram a comerciar diretamente com a África.
Ate então eram os intermediários árabes transportavam mercadorias preciosas provenientes da Ásia ou da África.
Os portugueses estabeleceram postos de comercio ao longo da Costa Africana.
Ao final do século 16, após terem destruído as frotas Árabes e Egípcias, assumiram o controle sobre o comercio das especiarias, do ouro, marfim, e do trafico de escravos.
Entre os séculos 16 e 20, foram comercializadas toneladas dessas contas de vidro sem valor por mercadorias e escravos.
As contas eram produzidas na Europa, em Veneza, nos Países Baixos, na Bohemia, Moravia, etc.
Entretanto eram os comerciantes venezianos, com seu vidro de murano, que dominavam o mercado mundial.
Estilos e padrões eram desenvolvidos de acordo com a demanda.
Técnicas antigas originarias da Ásia, tais como o Millefiori ou contas de mosaico, foram revividas.
Além de comercializarem as variedades africanas como Kiffa, Bodom, etc.

Contas Africanas

Nem todas as contas eram importadas dos países europeus.
O continente africano produzia suas próprias contas.
Na antiguidade, o Egito era um grande exportador de contas.
Em vários sítios arqueológicos da era paleolítica africana, foram encontradas contas de vários materiais, como sementes, ossos, dentes e búzios.
Na cultura Nok da Nigéria (primeiro milênio A.C), foram encontradas estatuetas de cerâmica com colares de contas.
As mais antigas que se tem conhecimento são as contas de vidro encontradas em Mapungubwe na África do Sul.
Para compreender a atração dos africanos pelas contas, é preciso saber que esses ornamentos serviam para distinguir uma pessoa em sua comunidade.
Elas indicavam a idade, classe social, status social e posição.
Além de conter todo tipo de significados e valores culturais.
As contas de vidro eram um dos materiais responsáveis para alcançar essa distinção.
Os colares de contas aparecem em várias nações africanas, não só de ouro, mas de contas de modo geral, e as de contas de ouro especialmente aparecem entre os akans.
Materiais nobres, como as bolas de filigranas de origem luso-muçulmanas, são patrimônio das mulheres africanas destinadas a seus descendentes e amigos queridos.
Podemos ver o uso de vidro, massas, búzios, metais, marfim, chifre, madeira, cerâmica, coral entre outros.
Bastante conhecidas são as contas de chifre ou casca de coco com que são feitos os laguidibás, sempre na cor preta.
Outras contas compreendiam sementes, conchas marinhas (cauris), osso, marfim, dentes, pedras como (granito, ágata, amazonita), além de âmbar, coral, bronze, prata e ouro.
A recente popularidade das contas no ocidente traça sua origem na duradoura e forte tradição que o povo africano carrega em seus rituais e em seus adornos.
Durante as últimas décadas, a África começou a fornecer contas ao Ocidente, seu número abundante e diversificado de tipos e cores, materiais e formatos impressionam e deleitam aqueles que têm contato com elas.
Até o século XX nenhuma outra área geográfica recebeu tão vasta quantidade de contas de origem estrangeira que rendeu tantos tipos diferentes de si mesma.
Não há determinação exata de quando as contas africanas foram inicialmente importadas pelos Estados Unidos e outros países ocidentais, o final dos anos 60 e inicio dos 70 são geralmente aceitos como épocas que trouxeram um fértil período de movimentos politico, racial, sexual e econômico.
Uma vez que estas mercadorias ganharam um mercado mais amplo, os comerciantes africanos introduziram uma quantidade maior aos Estados Unidos e outros países ocidentais o que continuam a fazer.
Assim, houve esse imenso intercâmbio com a África, também do ponto de vista da estética da opulência, do exagero, que permaneceu até os nossos dias.
Na atual Nigéria a produção de contas de pedras esta se desenvolvendo. Coroas e trajes inteiros feitos contas de coral são confeccionados para as cerimonias oficiais.
Os Axantes produzem uma joalheria esplêndida, em ouro fundido usando a técnica da cera perdida.
A técnica centenária da filigrana veio do norte da África do norte, com o êxodo dos ourives judeus que escaparam da inquisição.
Atualmente são os berberes que continuam essa tradição.
Os materiais mais valorizados são os naturais, considerados “verdadeiros”, no entanto a situação econômica obriga o uso de materiais alternativos e sintéticos.
Eles são permitidos nos cultos, pois sua principal função aí, a de simbolizar o divino, está devidamente adequado visto que as cores são rigorosamente obedecidas.
Conchas de escambo - Trade beads
As contas de escambo foram aquelas produzidas na Europa com o fim específico de serem usadas na compra de escravos.
Aquelas conhecidas como Chevron, eram usadas para esse fim.
Contas feitas de massa de vidro produzidas para facilitar o acesso dos exploradores europeus e comerciantes, através do continente africano.
Eram produzidas por toda a Europa, mas eram os venezianos quem dominavam a fabricação e o comercio.
As contas de escambo eram usadas em toneladas como lastro nos navios negreiros que partiam da África.
E eram negociadas juntamente como o marfim, ouro e outras mercadorias, por carga humana.
A partir dessa experiência de usar contas como valor de troca, os africanos começaram a emprega-las como moeda e poupança, bem como símbolos de status.
Isso acabou por gerar uma alta demanda pelas contas de escambo, na África.
As contas venezianas de murano conhecidas por Millefiore (mil flores) eram umas das mais comuns usadas nessa troca.
Eram confeccionadas com formando desenhos de flores e listas num bastão de pasta de vidro, e então cortadas e moldadas sobre um miolo de uma única cor.
Como essas firmas africanas que se encontram atualmente à venda nas casas de Umbanda, veja na ilustração acima.
Supõe-se que as contas produzidas na Mauritânia, conhecidas por kiffa, foram desenvolvidas para imitar a aparência das Millefiori venezianas.
Atualmente essas contas são muito apreciadas pelos colecionadores, e ainda muito empregadas na África de hoje, como símbolos de prestígio e para uso cerimonial, e ocasionalmente enterradas com os mortos.