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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Efun, Ierosun ou Osun e Waji - Pigmentos Naturais

O homem utiliza as cores há mais de 20 mil anos.
O primeiro corante a ser conhecido pela humanidade foi o Negro-de-Fumo (Carbon Black).
Por volta de 3.000 a.C., foram produzidos alguns corantes inorgânicos sintéticos, como o Azul Egípcio.
Sabe-se que os caçadores do Período Glacial pintavam, com fuligem e ocre, as paredes das cavernas reservadas ao culto, criando obras que resistem há milênios.
Com o tempo, muitos corantes naturais foram sendo descobertos.
O vermelho das capas dos centuriões romanos era obtido de um molusco chamado Murex, um caramujo marinho.
Outro corante também muito utilizado era o índigo natural, conhecido desde os egípcios até os bretões, extraído da planta Isatis tinctoria.
Os antigos fenícios extraiam os pigmentos naturais de diversas espécies de plantas e de moluscos.
Eram necessários supostamente 60,000 murex para produzir meio quilo de pigmento.
Essa tinta era muito valiosa naqueles tempos. Conhecida algumas vezes como azul real era proibitivamente cara e consumida apenas pela alta aristocracia.
Uma tinta similar conhecida como púrpura de Tiro, cuja cor é vermelha, era obtida de espécies da mesma família desses caramujos, Murex brandaris.
Essa cor chamada de purpura imperial, de valor proibitivo.
O Hexaplex trunculus (também conhecido como Murex trunculus) é um caramujo cujas glândulas hipobranquias secretam um muco que se usava para obter-se uma tintuta indigo, ou azul ultra marinho.
Ate hoje não se sabe como é que se fazia para fixar a cor anil do índigo, pois com o tempo o purpura ia desvanecendo e sobrava apenas o azul.
O uso dessas espécies foi constatado pela arqueologia fenícia, ode se acharam grandes quantidades desse caramujo armazenados dentro de silos.
O primeiro corante orgânico sintetizado com técnica mais apurada foi o Mauve, obtido em 1856, por William H. Perkin.
O cientista trabalhava em seu laboratório caseiro, estudando a oxidação da fenilamina, também conhecida como anilina, e obteve o corante, ao qual chamou de Púrpura de Tiro e que, posteriormente, passou a ser denominado pelos franceses de Mauve.

Waji – Indigo

O índigo é um corante natural extraído das folhas das plantas indigóferas.
A maioria do índigo natural que fornece o famoso pigmento azul anil é obtida através das flores da espécie Indigofera, que é nativa dos trópicos.
Indigofera é um gênero botânico pertencente à família Fabaceae com uma larga variedade de plantas, aproximadamente 700 qualidades.
Estas espécies grassam através de toda a faixa tropical e subtropical do planeta, e algumas espécies como (Isatis tinctoria) conseguem se adaptar nas regiões temperadas do extremo oriente.
Não é um pigmento que resiste bem às lavagens, por isso a sua cor vai desaparecendo com o uso, por isso é usado para tingir o algodão usado para a fabricação dos Jeans.
O índigo proveniente de Fouta Djallon, um planalto na região central da Guine, é um pouco mais resistente.
A maioria das espécies são arbustos, algumas são herbáceas, havendo também umas poucas árvores de 5 a 6 metros de altura.
Nos candomblés, é usado como pintura corporal, e de cabeça, nos iniciados.
Pontos e linhas são desenhados por um sacerdote, evocando símbolos da mitologia iorubana. E as linhas desenhadas no rosto representam as escarificações praticadas na África.
No território iorubano da Costa Africana, o waji também é utilizado para esfregar sobre as imagens esculpidas, como elemento de consagração.

Irosun ou Osun

O corante mais antigo extraído de uma árvore vem da África Ocidental.
Sua madeira é muito usada para a obtenção de um corante vermelho.
É extraído de uma árvore conhecida como Camwood, (Baphia nitida (Lodd)), cuja madeira é bastante dura.
É uma árvore tropical, nativa da África central que ocorre também em Sierra Leone, Libéria, Costa do Marfim, Togo, Benin, sul da Nigéria, Republica dos Camarões, Guine Gabão, Gana e Zaire.
Na Nigéria, possui pequeno porte, sendo a mais disseminada entre todas de sua espécie.
Nas planícies de Accra (Gana) cresce por volta de 3 metros. Já nas florestas é capaz de atingir uma altura de 10m.
Suas flores são perfumadas e brancas, com um miolo amarelo, e crescem em conjunto de ate quatro flores por ramo.
É conhecida internacionalmente por vários nomes:
Tacula, Mbel, Kisese, Palo Rojo, Osun, Mongola, Mulombwa, Mukula, N'gula, Padauk, Corail, Camwood, Paduk, Padoek, African Padauk, Barwood, African Sandalwood.
O Irosun é o pó obtido na trituração da cortiça e da madeira, e usado como tinta vermelha, ao ser misturado com óleo de castor.
Esse nome ioruba refere-se também ao sangue menstrual.
É largamente utilizado na região da Bacia do Congo tanto como cosmético, como corante.
O pó é muito utilizado para ser esfregado no corpo das imagens votivas esculpidas.

Efun – cal

Os Calcisols são solos com acumulação significativa de carbonato de cálcio secundário.
Do latim calxcalx, fornece a base etimológica para vários termos, tais como cálcio, calcita e calcinação.
Quimicamente é o óxido de cálcio.
É obtido pela queima do calcário, que de forma sucinta, separa o carbono o carbonato de cálcio ou calcita.
A cal é a base para todos os cimentos e concretos.
Derivado dos depósitos naturais de calcário na África que se formou através dos milênios de resíduos de conchas e corais.
É conhecido também por giz.
É conhecido entre os iorubas, por Efun, ou Fun, significando branco.
Ha muitas conexões entre a cor branca e os ancestrais na religião do Ifá Orixá.
Por exemplo, o giz de calcário usado cerimonialmente, é usado por ser branco, e durante as iniciações os adeptos são marcados com Efun, como forma de purificação, proteção e de comunicação com os ancestrais.
Por vezes todo o rosto é pintado de branco, e nesse período diz-se que essa pessoa juntou-se aos ancestrais, antes de renascer simbolicamente através da iniciação.
Nos candomblés brasileiros a figura da Iya Efun é conhecida como a especialista ritual encarregada das pinturas corporais durante o período de iniciação.
Embora esse título honorífico signifique literalmente "mãe-do-efun", o ofício litúrgico não se limita às pinturas com o pigmento branco (efun).
São também empregados: wájí e osùn, respectivamente as cores azul e vermelho.

Ibejis

Para os iorubas, cortar é um ato de civilização. Seja cortando o mato ou a floresta para construir uma cidade, como nas escarificações feitas no rosto de um jovem para formar um adulto iorubano.
Eles costumam dizer que as incisões são essenciais para esculpir uma obra de arte, através de linhas firmes e bem delineadas.
Nas imagens das estatuetas de Ibejis, os gêmeos, podemos ver essas linhas delicadamente marcadas tanto no corpo quanto na face.
Na arte iorubana, o tato é tão importante quanto à visão.
Por isso, essas incisões não adicionam apenas um elemento gráfico, mas emprestam uma qualidade tátil que convida ao toque.
Essas figuras são tão adoradas e tocadas pelas mães de gêmeos, que no período de uma geração acabam perdendo os detalhes devido a constante manipulação.
São constantemente untadas com óleo por elas, acabando por escurecer a madeira, adquirindo com tempo tonalidades negro avermelhadas quase do tom de sua própria pele.
Costumam ser mantidas num altar familiar, no quarto de dormir da genitora, ou às vezes guardadas em alguma caixa.
A cada cinco dias, são lavadas, vestidas e alimentadas.
Nos corpo das estatuetas a mãe esfrega o pó conhecido por Osun, e nos penteados esculpidos usam o índigo.
Em algumas regiões iorubanas usa-se o efun, para os Ibejis.