Seguidores

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Congada


Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Aquarela do Brasil
Composição: Ary Barroso

As Congadas são manifestações folclórico-religiosas de origens mistas, destacando-se as influências afro-brasileiras, hoje incorporadas pela igreja católica.
Bailado popular comum em algumas regiões do Sudeste brasileiro, como nos estados do Paraná e Minas Gerais, nas regiões de Catalão e Goiandira, Goiás, como também no Nordeste, na Paraíba.
As festas de congo acontecem com maior frequência nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais.
Na celebração de festas aos santos, onde a aclamação é animada através de danças, com muito batuque de zabumba.
Esta manifestação cultural tem origem no catolicismo e nas sangrentas histórias de guerra do povo africano, como a do assassinato do rei de Angola, Gola Bândi.
Na congada dramatizam uma procissão de escravos feiticeiros, capatazes, damas de companhia e guerreiros que levam a rainha e o rei negro até a igreja, onde serão coroados.
Durante o cortejo, ao som de violas, atabaques e reco-recos, realizam danças com movimentos que simulam uma guerra.
Há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc.
São divididos em turmas de números variáveis, chamados ternos.
Os tipos de ternos variam de acordo com sua função ritual na festa e no cortejo: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões.

Historia

A sua origem data de 1482 com o Império do Congo, um dos maiores impérios negros mais importantes de todos os tempos.
Da guerra contra Portugal, sobrou apenas o titulo de Rei de Congo.
No Brasil essa tradição está presente desde os tempos da escravidão.
A congada é uma reminiscência de rituais africanos de coroação com influências europeias.
No Brasil esses personagens não eram apenas figuras ornamentais.
Sua função consistia em interceder junto aos outros dentro das irmandades para organizar os negros, e muitas vezes liderar rebeliões.

Embaixadas e Batalha:

Aparecem como elemento dentro da Congada em algumas Regiões do Brasil, em outras como um auto separado com um nome distinto: Congada.
Originárias de fatos históricos revividos durante a dança.
A primeira, a mais antiga, evoca as batalhas e a diplomacia entre os antigos reinos do Congo e Angola, no tempo da rainha Ginga e do rei Henrique Cariongo.
Retrata os conflitos existentes nos mitos africanos de morte e ressurreição.
A segunda, introduzida pelos missionários cristãos, relembra a lenda de Chanson de Roland, uma epopeia nacional francesa que descreve a batalha de Roncesvales, ocorrida há mais de mil e duzentos anos, entre a França e a Espanha.

Personagens e Vestimentas:

Podem variar conforme a região, mas na maioria o cortejo é composto da seguinte forma:

Espantão
O Rei e Rainha no centro, atrás deles o Mestre e o Contramestre
Ladeando vêm as Figuras lideradas pelos Embaixadores.
Os músicos e a banda cabaçal e o violeiro seguem ao lado do cortejo.

Rei
Veste roupa branca com detalhes dourados, espada na mão e coroa na cabeça.
Rainha
Veste roupas brancas ou rosadas e coroa na cabeça.
Espantão
Carrega na mão um tronco (muitas vezes benzido pelo padre) enfeitado de fitas. Considerado sagrado e, portanto nunca substituído.
Mestre
Responsável pela festa organiza o Congo, e conduz todos os brincantes.
Leva um apito na mão e uma espada.
Contramestre:
Veste-se como o Mestre, possuindo a função de substituto enquanto ele esta dançando.
Embaixadores
Sua função é a de levar mensagens aos Reis. Vestem-se como os Mestres tendo a função de liderar os brincantes, podendo substituir o Mestre ou o Contramestre no desenrolar da festa.
Figuras
Todos portam espadas e vestem-se como o Mestre.

Festa:

Os Congos são compostos na sua maioria por homens, com exceção da Rainha.
Para ingressar nesta brincadeira há duas maneiras, uma de livre escolha e a outra a mais comum é a forma de pagar uma promessa na maioria das vezes para Nossa Senhora do Rosário.
A influência Europeia em uma manifestação está evidenciada nas solenidades dentro das Igrejas, e principalmente nos trajes reais e cumprimentos.
Os ensaios são feitos anteriormente pelos brincantes que se reúnem na casa do Mestre, ou de outro participante, local onde as fantasias estão guardadas.
Os desfiles em cortejo e nas batalhas de espadas (também chamado de esquilânio) são sempre acompanhados por tocadores de pífanos, violão, zabumba, caixa, ou outro instrumento percussivo.
A dança consiste em quatro passos obrigatórios e únicos:
Dança de lado, de frente, Ginga e Corta tesoura.
As musicas podem sofrer mudanças.

Durante as marchas de cortejo cantam musicas como essa da Cidade do Cariri (povoado de Milagres).

Pretinho de Congo
Para onde vai
Vamos pro Rosário
Para festejar.
Festeja pretinho
Com muita alegria
Vamos pro Rosário
Festejar Maria.
Reis de Congo anda em peleja
para festejar seu dia.
Eu também ando em peleja
Para festejar Maria.
Ao chegarem à Igreja:
Viva que viva
O Rosário viva!
Ó que viva, ó que viva
O Rosário viva!
Depois cantam o Bendito

Mestre:

Meu Deus, que luz é aquela?(bis)
Botai-me naquela luz. (bis)

Coro: 

São os Congos do Rosário.
Vamos festejar Maria.
São os Congos do Rosário.
Vamos festejar Jesus.
Ao entrar na Igreja, cantam outro Bendito.
Entremos, entremos
nesse jardim tão cheiroso. (bis)
É do nascimento
nosso Redentor.(bis)
Entremos, entremos
no jardim para adorar.
pro meu Jesus
em seu trono assentar.
Ao pé do altar

Mestre:

Viva Maria, mãe singular (bis)
Rainha do Céu de Potugá.
O Rei da Glória, do Marajá (bis)
Viva Maria, mãe quelemente
(clemente)
Rainha do Céu tão paciente.
Espero da Senhora um bom perdão
e do Rei da Gulora (glória) a salvação.
canta outra música
Lá no Céu apareceu, ó Senhora
Um sinal do meio-dia.
Tudo é porque não se reza, ó Senhora
O Rosério de Maria. (bis)

E outras músicas

A igreja é casa santa
onde Deus faz a morada,
Onde mora o cálix bento
e a hóstia consagrada
Às estrelas do céu correm
eu também quero correr.
Elas correm atrás da Lua
eu atrás do bém-querer.

Após, é celebrada a missa, acompanhada pelos Congos, onde o Rei e a Rainha sentam-se em cadeiras arrumadas que equivalem a tronos.
Com o termino da missa, os Congos se dirigem para o adro da Igreja onde jogam espadas e dançam e cantam.