A crise que antecedeu a II Guerra Mundial provocou uma onda
migratória da zona rural para o Recife.
Os Maracatus Rurais, também conhecidos como Maracatus de
Orquestra ou de Trombone, surgiram nessa época, através da fusão de vários
folguedos do interior de Pernambuco, especialmente da zona canavieira.
Portanto, nada têm a ver com a instituição mestra do Rei do Congo.
São muito mais recentes e, como trazem Caboclos de Lança e
de Pena, podem, às vezes, ser confundidos com os Caboclinhos.
Seu acompanhamento musical reúne gonguê com duas campânulas
(metalofone percutido com vara de metal), ganzá, tarol, cuíca, surdo, zabumba,
saxofone, corneta e trombone, com coro exclusivamente feminino.
Além do Rei e da Rainha, trazem como personagens a
Porta-Bandeira ou Baliza, a Dama do Paço, as Porta-Buquês, as Baianas, os
Caboclos, os Caboclos de Lança (com chapéu em forma de funil), caboclos de Pena
e a Boneca Aurora.
A lança dos Caboclos é de madeira torneada e tem a ponta
aguda, de cerca de 30cm.
Eles a seguram com as duas mãos e brincam para cima, para
baixo, para os lados, afastando a multidão, enquanto correm, saltam e dançam.
Têm o rosto tingido e entre seus passos característicos
acontece um duelo fictício (caso contrário, feriria os brincantes com as
lanças).
Rápido e violento, esse duelo lembra, pelas batidas das
lanças, as danças de espada ou de bastão.
Os Caboclos de Pena ou Tuxáus usam um capacete grande,
bordado, com penas tingidas de cauda de pavão, e fitas largas.
O conjunto do Maracatu Rural avança rapidamente em formação
circular.
Os Caboclos de Lança correm por fora do círculo e as Baianas
e Damas de Buquê dançam num outro círculo interior, no centro do qual ficam o
estandarte, a Boneca Aurora e os Caboclos de Pena.