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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O reino Axante - Gana

Um grande pedaço da atual Republica de Gana formou parte do império Axante, entre os séculos XVII e XIX.
Era um dos reinos mais poderosos daquela região úmida do sul do Pais, construído pelo povo Akan. 
O ouro foi um dos principais aglutinadores dessa nação.
Nos séculos XV e XVI muitos comerciantes chegaram ao pais Akan, procedentes do grande império Songhay (na atual República de Mali) e das cidades Hauçá ao norte de Nigéria além dos europeus.
Esta riqueza em ouro foi a razão pela qual desde a instalação dos portugueses, em 1482, a atual Gana ficou conhecida na Europa como a Costa do Ouro.
Empresários Akan usaram o ouro para comprar escravos dos comerciantes africanos e europeus. 
O trabalho destes escravos lhes permitiu aumentar a produção de ouro e da limpeza das densas florestas, aumentando as zonas de cultivos ao sul de Gana. 
O historiador que mais se dedicou a historia Axante, Ivor Wilks, sugere que durante milênios a produção Akan nas zonas florestais foi sempre escassa.
E só aumentou com a importação de escravos nos séculos XV e XVI, transformando a economia baseada na caça, em uma sociedade eminentemente agrícola.
Esta importação de escravos fez com que os Akan entrassem-no florescente mercado internacional de escravos, e tornando-os parte importante deste.
Apesar de preocuparem-se inicialmente apenas em suas necessidades internas, logo se converteriam num dos principais provedores de escravos da principal potencia comercial, os comerciantes portugueses. 
Nesta transição econômica aumentaram não apenas sua produção de produtos locais (banana, inhame e arroz) como também se tornaram pioneiros na introdução dos novos produtos agrícolas procedentes de América (milho e sisal). 
Este aumento da produção agrícola permitiu o rápido crescimento da população. 
Com este aumento populacional, pequenos grupos emigraram ate as regiões florestais em busca de novas terras. 
Wilks acredita que, aos poucos, estes pequenos grupos foram dirigidos por empresários acostumados ao emprego de escravos nos trabalhos de derrubada da floresta. 
Para em seguida convidar colonos livres a juntar-se a mão de obra escrava, criando assim novas comunidades à beira da floresta.
Este desenvolvimento criou as bases para a formação dos estados dos séculos XVIII e XIX. 
Os produtores e comerciantes de ouro ambicionavam estender seu poder e autoridade também às novas comunidades de cultivo na região da floresta.
Por conseguinte, os povos anteriormente independentes foram se agrupando em novas estruturas políticas. 
Ao final do século XVI havia, pelo menos, 38 pequenos estados, em meados do XVII restava somente um pequeno grupo deles, e no decorrer do XVIII todos estados formaram um único reino Axante. 
A fundação do reino Axante iniciou-se com o levante de Denkyira, um estado que empreendeu guerras para poder comerciar o ouro do pais Akan, entre 1650 e 1670. 
Estas guerras levaram muitos a refugiar-se nas regiões florestais desabitadas. 
Entre os refugiados se encontrava o clã de Oyoko que se estabeleceu em Kumasi, que mais tarde se converteria na capital Axante. 
Inicialmente o pequeno povoado de Kumasi não tinha outra opção a não ser submeter-se ao poderoso estado de Denkyira, uma situação que não apenas obrigava o pagamento de tributos, como ao envio de um refém que viveria na corte do chefe de Denkyira como seu subserviente. 
O chefe de Kumasi escolheu a um sobrinho, Osei Tutu, para ser o refém. 
Segundo a tradição Akan, depois de tornar-se um general distinguido no exército de Denkyira, Osei Tutu rebelou-se contra o rei de Denkyira negando-se a entregar o tamborete de ouro que ele havia capturado na guerra. 
Então Osei Tutu fugiu para Kumasi e com a morte do seu chefe, provavelmente no ano1680, os habitantes de Kumasi elegeram a Osei Tutu como seu sucessor. 
Osei Tutu logo estendeu sua autoridade, submetendo incialmente a seu mando todas as comunidades num raio de 80 quilômetros de Kumasi, e posteriormente desafiando ao próprio Denkyira. 
Nas guerras de 1699 a 1701, derrotou ao rei de Denkyira e numerosos chefes, obrigando-os a prestar sua obediência a Kumasi.
Nos anos 1717 data de sua morte, Osei Tutu consolidou o poder do seu estado. 
Osei Tutu aumentou o comercio de ouro Axante e tentou reduzir a dependência das importações europeias criando destilarias e indústrias de tecido. 
Nos anos que se seguiram, seu reino se consolidou e estendeu-se para o interior e a savana ao norte de Gana. 
O reino controlava uma área de aproximadamente 160.000 quilômetros quadrados com uma população de aproximadamente três milhões de pessoas. 
Com seu crescimento, o reino Axante desenvolveu uma estrutura administrativa seguindo as formas de seu predecessor Denkyira. 
Os historiadores referem-se às vezes de um reino Axante "metropolitano", formado pelas populações circundantes, num raio de 80 quilômetros ao redor de Kumasi, e de um reino Axante "provincial”. 
Os chefes dos povoados metropolitanos eram na sua maioria pertencentes ao clã de Oyoko, tal como os membros do Conselho Assessor da coroa, e como pagamento por sua colaboração na consolidação do reino, dispunham de grande autonomia. 
Em compensação, as regiões periféricas ficavam mais subordinadas e devedoras dos governantes Axante. 
Os distritos mais distantes do estado, povoados por etnias diferentes, eram obrigadas a enviar anualmente milhares de escravos a Kumasi. 
O rei, (asantehene) controlava todo o comercio, dirigido por agencias estatais, e criou uma burocracia complexa para governar e arrecadar impostos. 
Criaram um exército regular e uma guarda palaciana cujos comandantes eram escolhidos diretamente pelo asantehene. 
O reino Axante, obteve um alto grau de eficácia administrativa (suas estradas bem mantidas eram famosas) e a habilidade de levar a cabo políticas fiscais sofisticadas. 
Não obstante, o ashantehene e seu estado sempre tinham muitos antagonistas. 
Os comerciantes Opoku se opunham à centralização comercial e no o ano de 1748 organizaram um levante tendo que ser submetidos à intervenção militar do ashantehene; 
Assim mesmo, os povos ao redor de Kumasi resistiram à interferência da burocracia do ashantehene. 
O século XVIII trouxe novos adversários: os comerciantes britânicos e os oficiais coloniais que desejavam acabar com o reinado Axante para poder controlar os povoados da costa e as rotas comerciais.
Entre 1801 e 1824, o Ashantehene Osei Bonsu resistiu à invasão britânica, comandou a defesa de Kumasi quando os ingleses atacaram em 1824. 
O reino Axante, tal como as demais sociedades africanas, foi incapaz de prevenir e evitar a colonização europeia. 
Sua independência acabou em 1874, quando uma força britânica , vingando-se de um ataque dos Axante a Mina, dois anos antes, ocuparam Kumasi, saqueando e confiscando grande parte de suas riquezas, incluindo seus tesouros artísticos.

A espada Axante

Os ferreiros Axante forjavam ferramentas agrícolas e militares.
As ferramentas agrícolas compreendiam a enxada, a alfanje, o machado e utensílios para cavar.
Os equipamentos militares compreendiam a lança e a espada (akofena).
A Akofena incorporava vários símbolos relativos à liderança.
Algumas delas revestidas de ouro e decoradas com vários símbolos (abosodee).
Os Akan são famosos por sua habilidade com a ourivesaria, usada na parlamentação dos trajes reais e dos seus súditos.
Um desses artefatos é o famoso cocar do portador (Mpomponsuhene), da espada real ( Mponponsu), com seu penacho sobre chifres de ouro.
Sua função é comparável a de um secretario real, sendo aquele que informa ao cerimonial (Mamponhene) que o soberano esta pronto para assumir o trono.