Alfredo da Rocha Vianna Jr. (1897 - 1973), o Pixinguinha, é
o pai da música brasileira.
Como compositor, arranjador e instrumentista, sua atuação
foi decisiva nos rumos que a música brasileira tomou.
Pixinguinha foi um menino prodígio, tocava cavaquinho com 12
anos. Aos 13 passava ao bombardino e a flauta. Até hoje é reconhecido como o
melhor flautista da história da música brasileira.
O apelido "Pizindim" vem da infância, era como a
avó africana o chamava, querendo dizer "menino bom".
O pai era flautista amador, e foi pela flauta que
Pixinguinha começou sua ligação mais séria com a música, depois de ter
aprendido um pouco de cavaquinho.
Logo começou a tocar em orquestras, choperias, peças
musicais e a participar de gravações ao lado dos irmãos Henrique e Otávio
(China), que tocavam violão.
Rapidamente criou fama como flautista graças aos improvisos
e floreados que tirava do instrumento, que causavam grande impressão no público
quando aliados à sua pouca idade.
Começou a compor os primeiro choros, polcas e valsas ainda
na década de 10, formando seu próprio conjunto, o Grupo do Pixinguinha, que
mais tarde se tornou o prestigiado Os Oito Batutas.
Em 1922 têm uma experiência que transforma
significativamente sua música.
Um milionário patrocinou a viagem de Pixinguinha e de seu
grupo Os oito Batutas para uma turnê europeia.
A temporada em Paris que deveria ser de um mês durou seis,
tendo que ser interrompida devido a compromissos já assumidos no Brasil.
Na Europa Pixinguinha travou contato com a moderna música europeia
e com o jazz americano, então moda em Paris.
Os conjuntos liderados por Pixinguinha tiveram grande
importância na história da indústria fonográfica brasileira.
A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que organizou em 1928
junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a
Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande
novidade.
Liderou também os Diabos do Céu, a Guarda Velha e a
Orquestra Columbia de Pixinguinha.
Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em
dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base
do repertório de choro, para solista e acompanhamento.
Algumas delas são:
Segura Ele,
Ainda Me Recordo,
1 x 0,
Proezas de Sólon,
Naquele Tempo,
Abraçando Jacaré,
Os Oito Batutas,
As Proezas do Nolasco,
Sofres Porque Queres,
gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos.
Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela
seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o
maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos.
Como arranjador, atividade que começou a exercer na
orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um
meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se
fazer orquestração e arranjo.
Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946,
o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque Pixinguinha teria perdido a
embocadura para a flauta devido a problemas com bebida.
Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o
primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer 20 dias no hospital.
Daí surgiram músicas com títulos de ocasião,
como:
Fala Baixinho
Mais Quinze Dias,
No Elevador,
Mais Três Dias,
Vou pra Casa.
Depois de sua morte, em 1973, uma série de homenagens em
discos e shows foi produzida.
A Prefeitura do Rio de Janeiro produziu também grandes
eventos em 1988 e 1998, quando completaria 90 e 100 anos.
Algumas músicas de Pixinguinha ganharam letra antes ou
depois de sua morte, sendo a mais famosa "Carinhoso", composta em
1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra
João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva.
Outras que ganharam letras foram:
Rosa (Otávio de Souza),
Lamento (Vinicius de Moraes) e
Isso É Que É Viver (Hermínio Bello de Carvalho).
Normalmente reconhecido "apenas" por ser um
flautista virtuoso e um compositor genial, costuma-se desprezar seu lado de
maestro e arranjador.
Pixinguinha criou o que hoje são as bases da música
brasileira. Misturou a então incipiente música de Ernesto Nazareth, Chiquinha
Gonzaga e dos primeiros chorões com ritmos africanos, estilos europeus e a
música negra americana, fazendo surgir um estilo genuinamente brasileiro.
Arranjou os principais sucessos da então chamada época de
ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a
choros.
Foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma
gravadora no Brasil.
Era um músico profissional quando boa parte dos mais
importantes músicos eram amadores (os principais chorões eram funcionários
públicos e faziam música nos horários de lazer).
Pixinguinha foi antes de tudo um pesquisador de música,
sempre inovando e inserindo novos elementos na música brasileira. Foi muitas
vezes incompreendido, e apenas anos mais tarde passavam a dar o devido valor a
suas invenções.