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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Quilombos

No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), uma das formas de resistência muito temida e combatida durante todo o período da escravidão foi a fuga para a formação de quilombos.
Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África.
Foi incontestavelmente, a unidade básica de resistência do escravo.
Pequeno ou grande, estável ou de vida precária, em qualquer região em que existisse a escravidão lá se encontrava ele como elemento de desgaste do regime servil.
O fenômeno não era atomizado, circunscrito à determinada área geográfica, como a dizer que somente em determinados locais, por circunstâncias mesológicas favoráveis, ele poderia afirmar-se.
Não.
O quilombo aparecia onde quer que a escravidão surgisse.
Não era simples manifestação tópica.
Muitas vezes surpreende pela capacidade de organização, pela resistência que oferece; destruído parcialmente dezenas de vezes e novamente aparecendo, em outros locais, plantando a sua roça, construindo suas casas, reorganizando sua vida e estabelecendo novos sistemas de defesa.
O quilombo não foi, portanto, apenas um fenômeno esporádico.
Constituía-se em fato normal dentro da sociedade escravista.
Era a reação organizada de combate a uma forma de trabalho contra a qual se voltava o próprio sujeito que a sustentava".
Os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos e fortificados no meio das matas.
Estes locais eram conhecidos como quilombos.
Nestas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo em comunidade.
Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas.
À época das Invasões holandesas do Brasil (1624-1625 e 1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de açúcar, registrou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a formar diversos núcleos de povoamento (mocambos).
Os principais foram:
Macaco - o maior, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações.
Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações.
Zumbi
Tabocas
Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar suas terras.
Este fato beneficiou a fuga de um grande número de escravos.
Estes, após fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, nos atuais estados de Alagoas e Pernambuco.
Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares.
Não se sabe ao certo quando Palmares foi criado, mas alguns pesquisadores acreditam que tenha sido no início do século XVII, resistindo bravamente até novembro de 1694.
Nenhum outro quilombo brasileiro durou tanto tempo.
No ano de 1670, este já abrigava em torno de 50 mil escravos.
Embora não se possa precisar o número de habitantes nos Palmares, de vez que a população flutuava ao sabor das conjunturas.
Historiadores estimam que, em 1670, alcançou cerca de 20 mil pessoas.
Tinha gente de todo tipo, espalhada em várias aldeias chamadas mocambos.
Viviam ali negros, índios e brancos (escravos fugidos, ex-escravos que tinham conseguido sua liberdade, pobres ou fugitivos da polícia).
Palmares era, na verdade, o abrigo de todo tipo de fugitivo da sociedade escravista.
Essa população sobrevivia graças à caça, à pesca, à coleta de frutas (manga, jaca, abacate e outras) e à agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar).
Complementarmente, praticava o artesanato: (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia).
Os excedentes eram comerciados com as populações vizinhas, de tal forma que colonos chegavam a alugar terras para plantio e a trocar alimentos por munição com os quilombolas.
Pouco se sabe, também, acerca da organização política do quilombo.
Alguns supõem que se organizou ali um verdadeiro Estado, nos moldes africanos, sendo os diversos mocambos governados por oligarcas sob a chefia suprema de um líder.
Os mais famosos foram Ganga Zumba e seu sobrinho, Zumbi.
Sabe-se, no entanto, que a escravatura também era praticada dentro do quilombo onde diversos nativos eram utilizados como escravos nas plantações.
Estes, também conhecidos como quilombolas, costumavam pegar alimentos às escondidas das plantações e dos engenhos existentes em regiões próximas; situação que incomodava os habitantes.
Esta situação fez com que os quilombolas fossem combatidos tanto pelos holandeses (primeiros a combatê-los) quanto pelo governo de Pernambuco, sendo que este último contou com os serviços do bandeirante Domingos Jorge Velho.
Depois de várias tentativas de destruir essa grande “cidade”, os dirigentes da sociedade escravista acabaram selando um tratado de paz com o chefe dos palmarinos, Ganga Zumba.
Mas alguns palmarinos, liderados por Zumbi, sobrinho do chefe, não gostaram do acordo.
Ganga Zumba foi assassinado e o conflito recomeçou intensamente.
A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco anos; contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos negros chefiados por Zumbi, eles, por fim, foram derrotados.
Cerca de três anos depois, Palmares não resistiu aos ataques das tropas comandadas pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho.
Apesar de sua destruição, Palmares continuou a ser lembrado pelas autoridades coloniais, que o consideravam um exemplo a ser evitado a qualquer custo, e pelos escravos como um exemplo a ser seguido. 
Com o fim oficial da escravidão em 1888, outros motivos passaram a alimentar a lembrança de Palmares.
Hoje, ele é um elemento histórico fundamental para os negros, é o símbolo da luta contra o racismo, a discriminação e a pobreza.