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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sinhô - Raizes do samba


José Barbosa da Silva, Sinhô, compositor, violonista e pianista, nasceu no Rio de Janeiro em 8 de setembro de 1888 e morreu aos 42 anos incompletos de tuberculose na mesma cidade em 4 de agosto de 1930.
Ainda menino, estimulado pelo pai, estudou flauta, mas logo passou para o bandolim, violão e o piano. Inicialmente tocava tudo de ouvido. Mais tarde aprenderia a ler e escrever pautas.
Junto com outros artistas, em 1903, participou da serenata histórica organizada por Eduardo das Neves em homenagem ao regresso de Santos Dumont ao Brasil.
Alto e magro, aos 17 anos, casou-se coma lisboeta Henriqueta Ferreira e com ela teve três filhos. Aos 26 anos tornou-se viúvo.
Com dificuldades financeiras começou a tocar piano em sociedades dançantes e clubes carnavalescos, dentre eles o Kananga do Japão.
Trabalhou também como pianista (demonstrador) da Casa Beethoven onde conheceu Cecília, também pianista, e que se tornou sua companheira.
Em 1923, troca Cecília por Carmen e mais tarde por Nair, com quem ficou até a sua morte.
Flautista e bom no bandolim, no violão e no piano, integrou-se desde cedo às rodas de samba, aos bailes e aos blocos carnavalescos.
Seu piano, ritmado com um gingado de corpo peculiar, agradava tanto, nas sociedades dançantes das camadas populares, que resolveu viver do teclado, vale dizer, modestamente.
Tocava de ouvido, mas depois aprenderia a ler e escrever na pauta. Sua caligrafia cursiva é uma prova que não era o iletrado que se pensa.
Do piano para a composição foi um passo, imediatamente intitula-se Rei do Samba.
Vaidoso, sim, mas sem merecer castigo, pois era a pura verdade... em 1918, edita e grava sua primeira música, Quem São Eles? Samba, já sob o signo da polêmica, uma de suas paixões incontroláveis.
Alto e magro, dizia-se "caboclo" ou "preto", como no samba Professor de Violão. Foi ensinando violão que descobriu Mário Reis, como antes havia descoberto Francisco Alves para o disco.
Reinou absoluto nos anos 20. No samba, na canção, na marcha, em todos os gêneros punha seu toque de gênio. Era envolvente e original, de versos ingênuos, com uma denguice colonial só dele.
Um sentimental carente de bem-querer e elogios, respeitado e perdoado até por aqueles em quem arremessava suas farpas musicais.
Sua coroa de Rei do Samba - cujos sucessos no teatro, no disco, no carnaval e nas edições nunca lhe carrearam tesouros - não pertenceria a mais ninguém.
"Todos os sambas atuais, muito embora possuam melodia original, não deixam de trazer reminiscência das composições de Sinhô" (Ary Kerner, 1930).
"Fixador do Samba" no dizer de Almirante, Sinhô desde então se ergue, soberano, como um obelisco de nossa música popular.
Compôs trilhas sonoras para diversas revistas musicais.
Em 1927, na Noite Luso-Brasileira, realizada no Teatro República foi coroado como “Rei do samba”, título que, a partir daí, sempre o acompanhou.
Polêmico, foi acusado diversas vezes de apropriar-se de canções alheias (“Samba é como passarinho, é de quem pegar”).
Em 1928 foi professor de violão do cantor Mário Reis, que veio a ser o seu maior intérprete.
Publicou cerca de 150 músicas das quais mais de 100 foram gravadas.
Faleceu, em 4.8.1930, quando ia fazer 42 anos de idade, de tuberculose, ao atravessar, de barca, a Baía da Guanabara.

Jura, jura, jura
pelo Senhor
Jura pela imagem
da Santa Cruz do Redentor
pra ter valor a tua jura
jura, jura
de coração
para que um dia
eu possa dar-te o amor
sem mais pensar na ilusão
Daí então dar-te eu irei
o beijo puro da catedral do amor
Dos sonhos meus, bem junto aos teus
para fugirmos das aflições da dor


Composições

A favela vai abaixo
A medida do Senhor do Bonfim
Alegrias de caboclo
Alivia estes olhos
Amar a uma só mulher
Amor de poeta
Burro de carga / Carga de burro
Burucuntum
Canjiquinha quente
Cansei
Capinheiro
Chequerê
Como se gosta
Confissões de amor
Dá nele
Deus nos livre dos castigos das mulheres
Fala meu louro
Gosto que me enrosco
Já é demais
Jura
Macumba Gegê
Maitaca
Mal de amor
Maldito costume
Meus ciúmes
Minha branca
Não quero saber mais dela
Não sou baú
O bobalhão
O pé de anjo
Por que será?
Que vale a nota sem o carinho da mulher?
Sabiá
Se meu amor me vê
Sou da fandanga
Tesourinha