O vestuário africano permanece entre
povos engajados em movimentos negros como forma de identidade.
Dentre os militantes e em regiões de
maioria negra como a Bahia, especialmente em Salvador observamos que a cultura
negra se impõe, e se externa principalmente pelo modo de vestir e pela atitude.
Ciclicamente os designers de moda
voltam-se para a África para inspirar seus modelos. Geralmente são motivados
por filmes, eventos marcantes, "tendências étnicas".
Um fato interessante a ser notado é
que, nas poucas reportagens sobre moda onde negros são enfocados, as cores empregadas
são os terras (ocre- terracota).
A presença africana é sentida nos panos
amarrados, nas roupas soltas no corpo, no colorido exuberante, na estamparia
extravagante, no colo nu para as mulheres.
A maioria dos estilistas usa materiais
locais, junto com alguns importados.
"Bazin", que é um tecido de
algodão com desenhos da mesma cor sempre esteve por toda parte, extensamente
usado em África Ocidental.
Alguns países (como Senegal e Mali)
produzem ' bazin' localmente, mas também é importado da Europa. Lenin, seda, e
rayon também são usados.
Foi Chris Seydou, o primeiro estilista
a introduzir o uso na moda de Bogolan: o tradicional ' cloth' de lama que
usavam em Mali.
Muitos seguiram usando outros materiais
tradicionais, como ' ráfia', ' pagne', índigo, etc. Agora, muitos desenhistas
inovam somando outros materiais locais que, normalmente, não são usados em
roupas, como: palha, corda, juta, conchas do mar etc.
Tudo isso dá para as roupas um aspecto
colorido e típico.
Desenhos são inspirados principalmente
por tendências locais tradicionais.
Porém, há estilistas cujo trabalho
poderia ser considerado universal, às vezes com um toque africano sutil.
O mercado para moda africana ainda é
incerto e frágil.
Muitos africanos não são, contudo,
atentos às tendências de moda dos seus respectivos países, apesar do número
crescente de espetáculos de moda e cobertura de imprensa. Devido à situação
econômica e financeira de países africanos ocidentais, a maioria das pessoas
não pode usufruir dessa moda, graças aos preços relativamente altos de roupas
de designer.
Estilistas precisam dar mais
publicidade ao trabalho deles, e baixar os preços para encorajar que mais
pessoas comprem seus produtos.
Poucos puderam ser reconhecidos
internacionalmente.
Só agora é que um número crescente de
estilistas está sendo convidado a participar em espetáculos na moda na Europa,
Ásia, Estados Unidos e Canadá.
Poucos estilistas da moda africana são
conhecidos na América Latina.
Nos tempos em que mudanças de padrões
seguem critérios internacionais, a moda africana segue sua própria evolução.
Existe uma crescente tendência para o
intercâmbio de técnicas e design tradicionais na moda contemporânea.
Em Paris, onde a África inspira
regularmente ateliês de alta costura, como Yves Saint Laurent, alguns criadores
de moda africanos tornaram-se verdadeiras estrelas, a exemplo do senegalês-malinês
Xuly Bët.
No continente, os estilistas também
tecem sua fama, como o gabonense Lazare Chouchou (queridinho), de trinta e um
anos, que faz jus ao nome.
Presidente da Associação dos Estilistas
e Criadores Gabonenses, ele criou um festival da moda em Libreville, o Fashionshowchou.
Já entre os antigos, Pathé O. (Burkina
Fasso) é um dos mais célebres: trabalha desde 1969 e veste notadamente Nelson
Mandela.
O nigeriano Alphadi, por sua vez, soube
conquistar seu espaço na África e no exterior.
Os artistas africanos começam a se
organizar e sua moda toma impulso com a Federação Africana dos Criadores.
Alphadi, presidente da Federação
Africana de Criadores de Moda (FAC), criou o Festival Internacional da Moda
Africana (FIMA) no Niger.
Além desse festival, foi criada a
Semana de Moda Internacional (SIMOD) em 1997, por estilistas famosos que tinham
clientela nacional e internacional, como o Chris Seydou, falecido recentemente,
Alphadi do Níger e Oumou Sy, do Senegal e outros costureiros cuja moda reinterpreta
o traje tradicional organizada por Oumou Sy em Dakar, Senegal.
Eventos como esse e ajudaram a incluir
ao continente africano no universo da moda internacional, garantindo que os
estilistas africanos sejam mais conhecidos.
E geram um interesse crescente nas
mídias chamando atenção à indústria de moda da África Ocidental.