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sexta-feira, 9 de março de 2012

Alta Costura Africana


O vestuário africano permanece entre povos engajados em movimentos negros como forma de identidade.
Dentre os militantes e em regiões de maioria negra como a Bahia, especialmente em Salvador observamos que a cultura negra se impõe, e se externa principalmente pelo modo de vestir e pela atitude.
Ciclicamente os designers de moda voltam-se para a África para inspirar seus modelos. Geralmente são motivados por filmes, eventos marcantes, "tendências étnicas".
Um fato interessante a ser notado é que, nas poucas reportagens sobre moda onde negros são enfocados, as cores empregadas são os terras (ocre- terracota).
A presença africana é sentida nos panos amarrados, nas roupas soltas no corpo, no colorido exuberante, na estamparia extravagante, no colo nu para as mulheres.
A maioria dos estilistas usa materiais locais, junto com alguns importados.
"Bazin", que é um tecido de algodão com desenhos da mesma cor sempre esteve por toda parte, extensamente usado em África Ocidental.
Alguns países (como Senegal e Mali) produzem ' bazin' localmente, mas também é importado da Europa. Lenin, seda, e rayon também são usados.
Foi Chris Seydou, o primeiro estilista a introduzir o uso na moda de Bogolan: o tradicional ' cloth' de lama que usavam em Mali.
Muitos seguiram usando outros materiais tradicionais, como ' ráfia', ' pagne', índigo, etc. Agora, muitos desenhistas inovam somando outros materiais locais que, normalmente, não são usados em roupas, como: palha, corda, juta, conchas do mar etc.
Tudo isso dá para as roupas um aspecto colorido e típico.
Desenhos são inspirados principalmente por tendências locais tradicionais.
Porém, há estilistas cujo trabalho poderia ser considerado universal, às vezes com um toque africano sutil.
O mercado para moda africana ainda é incerto e frágil.
Muitos africanos não são, contudo, atentos às tendências de moda dos seus respectivos países, apesar do número crescente de espetáculos de moda e cobertura de imprensa. Devido à situação econômica e financeira de países africanos ocidentais, a maioria das pessoas não pode usufruir dessa moda, graças aos preços relativamente altos de roupas de designer.
Estilistas precisam dar mais publicidade ao trabalho deles, e baixar os preços para encorajar que mais pessoas comprem seus produtos.
Poucos puderam ser reconhecidos internacionalmente.
Só agora é que um número crescente de estilistas está sendo convidado a participar em espetáculos na moda na Europa, Ásia, Estados Unidos e Canadá.
Poucos estilistas da moda africana são conhecidos na América Latina.
Nos tempos em que mudanças de padrões seguem critérios internacionais, a moda africana segue sua própria evolução.
Existe uma crescente tendência para o intercâmbio de técnicas e design tradicionais na moda contemporânea.
Em Paris, onde a África inspira regularmente ateliês de alta costura, como Yves Saint Laurent, alguns criadores de moda africanos tornaram-se verdadeiras estrelas, a exemplo do senegalês-malinês Xuly Bët.
No continente, os estilistas também tecem sua fama, como o gabonense Lazare Chouchou (queridinho), de trinta e um anos, que faz jus ao nome.
Presidente da Associação dos Estilistas e Criadores Gabonenses, ele criou um festival da moda em Libreville, o Fashionshowchou.
Já entre os antigos, Pathé O. (Burkina Fasso) é um dos mais célebres: trabalha desde 1969 e veste notadamente Nelson Mandela.
O nigeriano Alphadi, por sua vez, soube conquistar seu espaço na África e no exterior.
Os artistas africanos começam a se organizar e sua moda toma impulso com a Federação Africana dos Criadores.
Alphadi, presidente da Federação Africana de Criadores de Moda (FAC), criou o Festival Internacional da Moda Africana (FIMA) no Niger.
Além desse festival, foi criada a Semana de Moda Internacional (SIMOD) em 1997, por estilistas famosos que tinham clientela nacional e internacional, como o Chris Seydou, falecido recentemente, Alphadi do Níger e Oumou Sy, do Senegal e outros costureiros cuja moda reinterpreta o traje tradicional organizada por Oumou Sy em Dakar, Senegal.
Eventos como esse e ajudaram a incluir ao continente africano no universo da moda internacional, garantindo que os estilistas africanos sejam mais conhecidos.
E geram um interesse crescente nas mídias chamando atenção à indústria de moda da África Ocidental.