O Pagne - pronuncia-se pánie - significa literalmente corte
de pano.
É uma expressão genérica empregada em vários países da
África do Oeste para denominar tecidos vendidos em cortes especiais, próprios
para a indumentária tradicional da região.
Com padrões geométricos, florais, e representações de
animais.
Originalmente resultado de um processo artesanal de
tecelagem com fios de algodão, o Pagne é feito em teares com capacidade de
produzir faixas de 20 a 30 cm de largura, cujos motivos geométricos são obtidos
durante o processo de tecelagem propriamente dito ou com tingimento posterior.
Nos séculos XV e XVI viajantes já relatavam que os povos
Mandingas e Diulas do Sudão, foram responsáveis pela instalação, nas cidades de
Bonduku e Kong, de centros de tecelagem e de tingimento na Costa do Marfim.
Eles ensinaram e influenciaram os marfinianos mais hábeis:
Senufos, Baulês e Yaurês que tão sabidamente manuseiam até hoje as fibras de
algodão.
Nas regiões Baulê (Tiebissu, Beumi, Satiani) e Senufo (Waranienê),
há vilarejos onde a principal atividade e especialidade é a tecelagem. Os
tecelões Baulês alternam fios tingidos com índigo e fios brancos nas tecelagens
tradicionais, compondo harmoniosos desenhos inspirados em cenas do cotidiano.
Os mais belos Pagnes Baulês são tecidos faixa por faixa, com franjas nas
extremidades.
Na parte norte do país, entre Odienê e Kong, os tecelões
Diulas e Malineses fabricam Pagnes listrados ou com quadrados brancos, índigos
e pretos, seguindo modelos sudaneses. Alguns tecelões desenham motivos animais
nas faixas tecidas. As faixas de algodão, de textura espessa e irregular, são
posteriormente costuradas.
O Pagne também pode ser de fabricação industrial, como o Fancy
cuja impressão é feita através de rotativas cilíndricas em apenas um lado do
tecido. Com motivos de inspiração diversificada, o Fancy mistura cores, formas
e desenhos em uma espécie de patchwork impresso, numa criação sem fronteiras,
aliando tradições e cenas do cotidiano e unindo a combinação das cores com a
diversidade dos desenhos. Muitas vezes copiam as estampa de tecidos wax (batik)
que tiveram sucesso de venda junto à população.
O Pagne wax é o mais valorizado. Fabricado sobretudo na
Holanda e na Inglaterra (por razões históricas) e em alguns países da África, o
wax tem sua produção externa exclusivamente voltada para o mercado africano. A técnica
de impressão do wax utiliza o princípio do método de tingimento dos batiks
artesanais da Indonésia e a técnica de impressão europeia. É aplicada nos dois
lados do tecido uma matéria colante feita à base de cera onde o líquido para o
tingimento não penetra. O wax não tem avesso e portanto sua utilização é muito
prática.