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sábado, 17 de março de 2012

Búlúù, a cor azul para os iorubas


Àwọn àwọ - A paleta de cores Ioruba

Búlúù, nome dado à palavra azul pelos iorubas.
É derivada de blue em inglês, tendo sido africanizada devido à falta de uma palavra específica para nomear essa cor.
É o que se chama de pidgin, língua de contato.
Nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de comunicação entre os falantes de idiomas diferentes.
O conceito é originário da Europa entre os comerciantes e negociantes do Mediterrâneo na Idade Média, que usavam a Língua franca ou Sabir. Um pidgin bem conhecido é o de Beach-la-Mar dos Mares do Sul, baseado em inglês, mas incorporou palavras malaias, chinesas e portuguesas. Outro exemplo nos dias de hoje, é o "Pequeno Português" de Angola, que é a forma de comunicação entre etnias que falam línguas diferentes.
A criação de um pidgin requer normalmente:
Contato regular e prolongado com comunidades linguísticas diferentes;
A necessidade de comunicação;
A ausência de uma língua franca espalhada e/ou acessível.
A palavra é derivada da pronúncia chinesa para a palavra inglesa Business (negócio). Pidgin English, ou "inglês pidgin", era o nome dado ao pidgin feito da mistura entre o chinês, o inglês e o português utilizada para o comércio em Cantão durante os séculos XVIII e XIX. Alguns académicos questionam esta derivação da palavra pidgin, e sugerem etimologias alternativas; porém nenhuma obteve até agora apoio entre outros académicos.
Mas voltando ao azul, Ilu é o nome ioruba para o corante conhecido como índigo ou anil.
O índigo é um arbusto de dois metros de altura.
Seu florescimento pode ser anual, bienal ou perene, dependendo do clima da região onde for cultivado.
Suas folhas são verdes claras e suas flores rosa e violeta.
O nome botânico é Indigofera tinctoria e o popular de anil ou índigo.
Essa planta é considerada Asiática ou Africana, mas o seu verdadeiro habitat é desconhecido.
A história do seu cultivo se perde na origem do tempo. além de corante, essa planta é utilizada para varias finalidades, medicinal, fertilizante, etc.
O corante é obtido pelo processamento das suas folhas.
Elas são mergulhadas na água e fermentadas para liberar os seus princípios ativos.
A solução precipitada pela folha fermentada é misturada em uma base de lixívia ou barrela, e moldada em bolas para secar.
Depois de seca é moída até virar um pó.
Esse pigmento é misturado em seguida com varias outras substâncias para produzir diferentes tons de azul e violeta.
O uso da cor azul profunda denota status elevado, honra de dignidade na sociedade ioruba.
O Aso Waji, roupa azul usada em contextos rituais, é obtido pela imersão do tecido em água com pigmento extraído do índigo.
Sobre o pigmento azul conhecido como Waji, não encontrei nada além daquilo que se sabe por ai.

Historia

A produção de pigmentos artificiais de azul tem sido um desafio constante na história da humanidade: pela dificuldade de encontrá-lo, o azul foi em momentos diversos e considerado uma cor destinada a temas nobres. Vermelho, preto e branco dominaram quase todas as representações artísticas até o início da Idade Média devido à facilidade com que as tintas podiam ser fabricadas, em comparação com a dificuldade de obter pigmento azul. É certo, no entanto, que os egípcios conheciam um pigmento dessa cor há mais de cinco mil anos, mas ele era misturado ao pigmento de uma pedra semipreciosa, o lápis-lazúli. Foi a dificuldade para chegar ao tom que fez com que os romanos durante a Antiguidade o associassem aos bárbaros - até ter os olhos azuis era sinônimo de barbárie.
No começo da Idade Média, o vermelho era a cor da nobreza, enquanto o azul era dos servos. Os tecidos eram tingidos de azul com o pigmento extraído de uma planta chamada Ísatis, ou pastel-de-tintureiro. Para conseguir a tinta, era necessário deixar a planta fermentando em urina humana. Com o tempo, perceberam que o álcool acelerava o processo - por isso, tintureiros ingeriam bebidas alcoólicas com a desculpa de que a urina já sairia rica em álcool. A expressão em alemão blau werden, literalmente traduzida como "ficar azul", significa na Alemanha "ficar bêbado".
No século VI, a técnica para obtenção do pigmento chamado azul-ultramar, feita com o lápis-lazúli, ganhou a Europa - a pedra, no entanto, chegou a custar mais que o ouro. A descoberta do caminho marítimo para as Índias, no fim do século XV, levou para a Europa o pigmento conhecido como índigo indiano, obtido com uma planta oriental. A utilização foi proibida - uma tentativa de preservar o tom produzido na região com a ísatis - e dava até pena de morte.
O pigmento azul-da-prússia foi descoberto na Alemanha, numa experiência sobre oxidação do ferro em 1704. Custava um décimo do preço da tinta feita a partir do lápis-lazúli e fez sucesso entre os pintores da época. De lá para cá, a indústria química evoluiu e possibilitou a obtenção de centenas de pigmentos mais baratos. Isso foi um fator crucial para o surgimento no século XIX, do impressionismo de artistas como Monet, que davam grande valor à cor. Mas, como muitos pigmentos desse período não possuíam uma boa resistência, vários quadros da época sofreram uma prematura descoloração.