Àwọn àwọ - A paleta de cores Ioruba
A cor branca, ou simplesmente o branco, é a junção de todas
as cores do espectro de cores. É definida como "a cor da luz", em
cores-luz, ou como "a ausência de cor", em cores-pigmento. É a cor
que reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e por isso
aparecendo como clareza máxima.
A cor branca está associada à paz, calma, ordem, limpeza e
outras conotações positivas, na cultura ocidental. O mesmo não acontece em
algumas culturas orientais, nas quais o branco é a cor do luto.
O prefixo grego para branco é Leuko-. Usado por exemplo em
leucócito.
Os iorubas adotam uma gama de cores e formas nos objetos
sacros e rituais, bem como nos seus colares de contas e na vida cotidiana.
Nessa cultura as cores estão agrupadas por grupos de acordo
com os temperamentos humanos.
A visão das cores evoca uma reação cognitiva assim como de
sensações.
A cor para os iorubas faz com que a ação aconteça.
Pintar para os deuses significa explorar o simbolismo da cor
conforme o temperamento e as características dos orixás.
As qualidades das cores com as quais se decoram as paredes
dos oratórios e templos representam um meio afetivo de veneração e culto para
os deuses ancestrais.
As cores empregadas tanto nos murais quanto nas figuras
entalhadas, constituem uma forma de analisar e de interpretar outros objetos da
arte africana.
Os iorubas classificam as cores em três grupos chamados de
funfun, pupa e dudu.
Cada qual representa um temperamento e uma temperatura.
Funfun abrange a paleta dos brancos, pratas, cinzas claros e
cromados.
Evoca frio e calma.
Essas cores estão associadas com a maturidade e a sabedoria.
Asé ou Axé (força vital para os iorubás), conforme a
classificação encontrada no livro Os Nagôs e a Morte.
Em 1976 foi publicada, pela Editora Vozes, a primeira edição
do livro Os Nagôs e a Morte; pàdé, asèsè e o culto ègun no Brasil, de Juana
Elbein dos Santos.
Fruto de longos anos de trabalho de campo, na África e no
Brasil, o livro continha a tese de doutoramento em Etnologia apresentada pela
autora à Sorbonne, quatro anos antes.
E, nele, a doutora Juana Elbein propunha-se a "examinar
e desenvolver algumas interpretações sobre a questão da morte, suas
instituições e seus mecanismos rituais, tais quais são expressos e elaborados
simbolicamente pelos descendentes de populações da África Ocidental no Brasil.
Neste livro Juana faz uma curiosa menção à paleta de cores
ioruba.
Na sua classificação, o Axé (força vital) é dividido por
reinos e cores.
Asé Funfun - força vital ligada à cor branca
reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino),
plasma (em especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas)
reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, álcool,
bebidas brancas extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do
iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos,
raízes...
reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras),
areia, barro, terra...
Aso ala - axó alá
O uso do aso ala, a roupa branca usada pelos iniciados de
Obatala, significa a necessidade de estar puro nas intenções e atitudes.
Manter limpa a roupa branca no clima tropical e empoeirado da
África é uma provação comum para os desajustes sociais entre os africanos.
Obatala representa as ideias de pureza ética e ritual, e por
isso a demanda de sanções de sua moralidade.
A brancura imaculada está frequentemente associada com ele.
Isso simboliza pureza e santidade.
Seus devotos estão sempre vestidos de branco, assim como
todos os objetos usados no seu templo, incluindo a comida.
O inhame pilado, eko (o mingau congelado), nrí (manteiga de
karitê, e o igbín (caracol).
Obàtálá , o grande Òrìsà (orixá) ou rei do pano branco para
os iorubas, é o criador do mundo, dos homens, animais e plantas.
Foi o primeiro Orixá criado por Olodumare e é considerado o
maior de todos os Orixás.
É o mais velho dos Orixás, o rei de vestes brancas, raiz de
todos os outros Òòsààlà.
Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo
do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos
mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.
É o responsável pelos defeitos físicos, ele é corcunda
porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Èsù castigou-o
pregando a cabaça nas costas, razão pela qual não come sal, comer sal para êle
constitui-se num ato de alto canibalismo.
Êle trouxe a palavra ao homem e durante suas festas não se
fala, durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dêle.
Por esses motivos é louvado como:
Brtr-banta nínú rlr
Ósun nínú rlr
Ó jí nínú rlr
Ó ti inú rlr dede
Imenso em roupas brancas
Ele dorme vestido de branco
E acorda com roupas brancas.
Ele levanta vestido de branco
Em outro Oriki ha uma passagem que diz:
Obrtálá kn f epo
Obrtálá kn f osun
Obatala abomina o dendê
Obatala abomina o osun
Esses orikis atestam a preferência de Obatalá pela cor
branca.