A galinha-d'angola, galinha-do-mato ou
pintada (Numida meleagris) é uma ave da ordem dos galliformes, originária da
África e introduzida no Brasil pelos colonizadores
portugueses, que a trouxeram da África
Ocidental.
No Brasil, a ave é conhecida por vários
nomes, dependendo da região, sendo chamada de cocá, tô fraco ou angolista, ou
ainda, erroneamente, de galinhola.
Trazida da África na época da
escravidão, a ave preserva ainda alguns de seus hábitos selvagens, como o de
andar em bandos e ser muito barulhenta, com um grito "tô-fraco"
inconfundível.
Esse fator leva o animal a ser
utilizado como guarda, pois, ao perceber a presença de estranhos ou qualquer
anormalidade, põe-se a gritar.
Características
Em relação às características físicas,
encontram-se três tipos. A mais comum é a pedrês - cinza com bolinhas brancas.
Existem ainda as inteiramente brancas e também a pampa, resultado do cruzamento
das primeiras. Também são conhecidas pelo nome de capote devido à plumagem.
Com cerca de três meses, o macho já
apresenta uma crista pronunciada para frente, como um chifre; na fêmea, essa
crista é mais arredondada.
Algumas apresentam ornamentos de penas
alongadas no peito. A espora está presente nos machos adultos. Possuem bicos
curtos e fortes, próprios para ciscar.
Comportamento
As aves ficam nervosas facilmente,
sendo extremamente agitadas, muitas vezes chegam ao estresse. São aves de
bando: vivem em bandos, locomovem-se em bandos e precisam do bando para se
reproduzir, pois só assim sentem estímulo para o acasalamento. E, como grupo,
são organizadas. Cada grupo tem seu líder, o que é fácil de constatar no
momento em que se alimentam: o líder
vigia enquanto seus companheiros comem, e só depois de verificar que está tudo
em ordem é que começa a comer.
São aves rústicas e fáceis de criar,
exceto num ponto: deixadas soltas, escondem os ninhos com o requinte de botar
os ovos em camadas e ainda cobertos por palha ou outro material disponível.
As galinhas-d'angola não são boas mães,
raramente entram no choco, fazem posturas conjuntas, ninhadas de até 40 ovos,
dispostos em camadas, desta forma somente os ovos de cima recebem o calor da
ave e descascam. São inquietas, arrastam os pintos para a umidade, podendo
comprometer a sobrevivência dos pintos. Em criações em cativeiro é recomendável
recolher os ovos e colocá-los em incubadoras ou serem chocados por uma galinha.
Reprodução
Na hora do acasalamento a iniciativa é
da fêmea. O período de abril a agosto (intervalo de postura) é aquele em que as
aves estão mais sociais, vivendo em grandes grupos, e no qual trocam as penas.
No final dessa fase, vão escolhendo seus pares (duas fêmeas para um macho),
depois ocorrem os acasalamentos. O período principal de postura vai de setembro
a março, com uma média de setenta a oitenta ovos cada fêmea.
Cultura ioruba
A importância simbólica da ave está
associada a uma lenda em que a Morte se instaura numa cidade, e a população
pediu ajuda a Oxalá, divindade da mitologia ioruba responsável pela criação e
administração do mundo.
No mito, Oxalá ordenou que as pessoas
fizessem oferendas de uma galinha preta com pó de giz branco nas pontas de suas
penas.
Ao ver aquele animal, estranho, a Morte
teria se assustado e abandonado a cidade. Por isso, as sacerdotisas dos orixás
são pintadas como a galinha d’angola, indicando a sabedoria de Oxalá, que
livrou a cidade da implacável morte.
Ligada aos mitos da criação, Etu teria
ciscado e esparramado areia em todas as direções, formando assim a superfície
da Terra.
Eis a lenda:
Conta a lenda que no princípio dos
tempos existiam dois mundos: o Orum, espaço sagrado dos orixás, e o Aiyê,
espaço dos seres vivos.
No Aiyê primitivo só existia água.
Um dia Olodumaré resolveu recriar o
espaço para a humanidade que também criaria. Incumbiu, então, seu filho
primogênito, Orixanilá da execução dessa tarefa.
Entregou-lhe uma cabaça contendo
ingredientes especiais:
A terra escura inicial, a galinha de
cinco dedos, uma pomba e um camaleão.
A terra escura deveria ser lançada
sobre a imensidão das águas.
A galinha de cinco dedos deveria ir
ciscando a terra para alargá-la o mais que pudesse.
A pomba, ao voar, orientaria a extensão
da terra expandida e criaria o ar. E o camaleão, atento a tudo, observaria a
execução da tarefa.