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sexta-feira, 23 de março de 2012

Etu - Cabrito selvagem


As metáforas animais iorubas

Os animais selvagens encontrados livres na natureza são abatidos para consumo imediato ou vendidos.
Essa classe inclui leões, leopardos, cobras, elefantes, etc.
Porém para os iorubas , assim como para os demais africanos, o valor desses animais transcende a alimentação e os ganhos com sua venda.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a determinados comportamentos.
Por exemplo, a agilidade do Òbo, macaco colobus, no topo das árvores.
Alguns animais, especialmente os domesticados, e até mesmo os selvagens, são fonte de encantamento e alegria para os iorubas.
Além do cão e gato, usados como animais de estimação, os cães também servem para a caça e a segurança, o cavalo para representar marca de realeza, e o macaco babuíno para entretenimento e diversão.
A ocupação tradicional do povo ioruba é a caça e a agropecuária, onde o contato com os animais é constante.
As características comportamentais desses bichos é bem conhecida e daí as metáforas que se formam referindo-se aos predicados homem/animal, referindo-se a hábitos e atitudes similares.
Por exemplo, o gato, ológbò, é apreciado pela amizade e curiosidade.
O carneiro, agutan, pela docilidade e por vezes pela estupidez.
O cavalo pela sua energia, e o cão aja, por ser um companheiro e seguidor sem crítica.
O etu por suas pernas delgadas e por sua velocidade espantosa.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a determinados comportamentos.
Os caçadores que voltam de suas caçadas costumam narrar as suas experiências observadas no contato com os animais selvagens. Algumas vezes ficam fascinados por suas aparências, beleza e porte de um determinado bicho.
Um exemplo disso é o amor do macaco colobus pelas árvores de grande altura. Os atributos físicos, assim como seus gritos característicos formam as bases para suas alusões metafóricas.
Alguns desses animais como os roedores (okete) e os macacos colobus (edun) tem sua origem atribuída aos mitos iorubas. Veja Abimbola (1976: 180)

Nesse oriki (poema), o etu, é louvado por seus predicados.

Etu òtòn pòrò lé gàn
Lájinbú aláyà gbedu
Ako bi baále ògbómòsó

tradução:

Oh etu, o animal mais estimado da floresta
Lájinbú, cuja pele do peito faz o melhor tambor,
o gbe du, tambor real
É o primogênito da linhagem (baale de Ogbomoso)

Aqui, o etu é louvado pela sua ligeireza de suas pernas delgadas e a pele do seu peito usada para fabricar o Gbedu, tambores reais.
E também pela marca negra sobre a testa que assemelha-se às escarificações reais encontradas também sobre as faces do povo de Ògbómo
Tudo isso aponta para o alto prestígio que o etu (duiker) experimenta entre os caçadores.
Sem falar na sua carne que é altamente apreciada por seu sabor apetitoso, frequentemente presenteada entre parentes.

Trecho do trabalho:
The Yorùbá Animal Metaphors: Analysis and Interpretation
Adésolá Olátéjú
University of Ibadan, Nigeria

Etu - Duiker - Cabrito Selvagem

O Duiqueiro-de-Grimm ou duiker-comum (Sylvicapra grimmia) é um pequeno antílope distribuído pela África Subsaariana.
Assemelha-se ao nosso veado campeiro.
É um dos cabritos, mais comuns nos territórios de Moçambique e Angola.
Habita especialmente as florestas abertas de zonas secas, pois este animal raramente bebe água.
Se não encontra, pode passar muitos dias sem beber qualquer líquido, porque o que necessita para viver retira da das plantas que come.
Estes cabritos ou duikers gostam de descansar nos terrenos por onde houveram incêndios.
Muitas vezes deitam-se no meio da cinza que sobra depois de uma queimada.
De cor cinza parda, camuflagem perfeita para passar despercebido, nas áreas onde vive.
Em Moçambique, Angola e Zimbabwe está espalhado por todos os territórios.
As áreas onde mais se veem cabritos como estes são: Barué, Catulene e Tambara perto do Rio Zambeze.
Em Angola eram muito abundantes nas terras do fim do mundo ou Mucusso.