As metáforas animais iorubas
Os animais selvagens encontrados livres
na natureza são abatidos para consumo imediato ou vendidos.
Essa classe inclui leões, leopardos,
cobras, elefantes, etc.
Porém para os iorubas , assim como para
os demais africanos, o valor desses animais transcende a alimentação e os
ganhos com sua venda.
As atribuições físicas, e seus sons e
hábitos característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas
a determinados comportamentos.
Por exemplo, a agilidade do Òbo, macaco
colobus, no topo das árvores.
Alguns animais, especialmente os
domesticados, e até mesmo os selvagens, são fonte de encantamento e alegria
para os iorubas.
Além do cão e gato, usados como animais
de estimação, os cães também servem para a caça e a segurança, o cavalo para
representar marca de realeza, e o macaco babuíno para entretenimento e
diversão.
A ocupação tradicional do povo ioruba é
a caça e a agropecuária, onde o contato com os animais é constante.
As características comportamentais
desses bichos é bem conhecida e daí as metáforas que se formam referindo-se aos
predicados homem/animal, referindo-se a hábitos e atitudes similares.
Por exemplo, o gato, ológbò, é
apreciado pela amizade e curiosidade.
O carneiro, agutan, pela docilidade e
por vezes pela estupidez.
O cavalo pela sua energia, e o cão aja,
por ser um companheiro e seguidor sem crítica.
O etu por suas pernas delgadas e por
sua velocidade espantosa.
As atribuições físicas, e seus sons e hábitos
característicos, também são observados como formas metafóricas alusivas a
determinados comportamentos.
Os caçadores que voltam de suas caçadas
costumam narrar as suas experiências observadas no contato com os animais
selvagens. Algumas vezes ficam fascinados por suas aparências, beleza e porte
de um determinado bicho.
Um exemplo disso é o amor do macaco
colobus pelas árvores de grande altura. Os atributos físicos, assim como seus
gritos característicos formam as bases para suas alusões metafóricas.
Alguns desses animais como os roedores
(okete) e os macacos colobus (edun) tem sua origem atribuída aos mitos iorubas.
Veja Abimbola (1976: 180)
Nesse oriki (poema), o etu, é louvado
por seus predicados.
Etu òtòn pòrò lé gàn
Lájinbú aláyà gbedu
Ako bi baále ògbómòsó
tradução:
Oh etu, o animal mais estimado da
floresta
Lájinbú, cuja pele do peito faz o
melhor tambor,
o gbe du, tambor real
É o primogênito da linhagem (baale de
Ogbomoso)
Aqui, o etu é louvado pela sua
ligeireza de suas pernas delgadas e a pele do seu peito usada para fabricar o
Gbedu, tambores reais.
E também pela marca negra sobre a testa
que assemelha-se às escarificações reais encontradas também sobre as faces do
povo de Ògbómo
Tudo isso aponta para o alto prestígio
que o etu (duiker) experimenta entre os caçadores.
Sem falar na sua carne que é altamente
apreciada por seu sabor apetitoso, frequentemente presenteada entre parentes.
Trecho do trabalho:
The Yorùbá Animal Metaphors: Analysis
and Interpretation
Adésolá Olátéjú
University of Ibadan, Nigeria
Etu - Duiker - Cabrito Selvagem
O Duiqueiro-de-Grimm ou duiker-comum
(Sylvicapra grimmia) é um pequeno antílope distribuído pela África Subsaariana.
Assemelha-se ao nosso veado campeiro.
É um dos cabritos, mais comuns nos
territórios de Moçambique e Angola.
Habita especialmente as florestas
abertas de zonas secas, pois este animal raramente bebe água.
Se não encontra, pode passar muitos
dias sem beber qualquer líquido, porque o que necessita para viver retira da
das plantas que come.
Estes cabritos ou duikers gostam de
descansar nos terrenos por onde houveram incêndios.
Muitas vezes deitam-se no meio da cinza
que sobra depois de uma queimada.
De cor cinza parda, camuflagem perfeita
para passar despercebido, nas áreas onde vive.
Em Moçambique, Angola e Zimbabwe está
espalhado por todos os territórios.
As áreas onde mais se veem cabritos
como estes são: Barué, Catulene e Tambara perto do Rio Zambeze.
Em Angola eram muito abundantes nas
terras do fim do mundo ou Mucusso.