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sexta-feira, 16 de março de 2012

Ndop, tecido produzido pelo povo Bamilekê, Camarões


Arte Têxtil Africana

Os panos Ndop são tecidos resistentes tintos à índigo com desenhos bordados em rafia.
São componentes indispensáveis a uma série de cerimonias, associadas com o poder dos chefes e ocasiões fúnebres.
No passado a posse desses panos era controlada pelo líder Fon, que os presenteava aos seus correligionários ou para negocia-lo com os chefes rivais.
Com o declínio do poder dos lideres locais após a independência dos Camarões, esses panos tornaram-se acessíveis a todos.
Atualmente continuam sendo usados nos funerais pelas carpideiras.
Após a década de sessenta os desenhos foram sendo simplificados em um ou dois padrões repetidamente.
A produção do ndop envolve uma rede complexa de artesãos desde tecelões, bordadores, e tintureiros assim como mercadores e compradores.
O pano é tecido em finas faixas brancas com algodão cardado por tecelões masculinos que vivem perto da fronteira com a Nigéria, ao norte dos camarões.
São negociados em rolos de tecido cru ou costurados sobre panos brancos, por mercadores nas feiras em torno de Garoua.
Os compradores transportam esses tecidos por centenas de quilômetros ao sul da região Bamileke, aonde desenhistas recobrem os panos com desenhos em vermelhos.
Sobre essas linhas são feitos bordados em rafia por costureiras.
Em seguida o pano é transportado Garoua, para serem tintos a índigo pelos tintureiros Fulbe / Haussa.
O tecido volta novamente para a região de origem, onde é acabado pelos Bamilekes e pronto para ser vendido.

Bamilekês

A região da savana ocidental de Camarões está habitada pelo povo Bamilekê, um grupo muito empreendedor e comerciante.
Esses povos instalaram-se progressivamente após as invasões pelos Tikar, Bamun e Fulba nas terras altas e nos vales montanhosos do Ocidente dos Camarões.
Bamilekê é o nome dado ao conjunto de populações do Alto Mbamda etnia semi-bantu (ou Savanas banto) concentrado na parte ocidental da província dos Camarões.
As sociedades Bamilekê organizam-se tradicionalmente em redor da pessoa de um chefe, elemento central da comunidade.
Sua arte se caracteriza pelo sentido positivo da vida e o prazer desta mesma se mostra na assimetria de suas composições e o grande colorido.
Trabalham a madeira e o barro cozido em pipas, o instrumento típico deste povo.
Dividem-se em mais de 100 diferentes grupos, ligados historicamente, culturalmente, e linguisticamente.
Nas cerimonias de entronização dos lideres, nas festas sazonais ou de funerais, exibem incríveis penteados e vestuários.
Na dança do «tso», que expressa o poder do chefe, os membros da sociedade guerreira usam trajes ricamente ornamentados com pérolas.
São roupas que evocam o elefante, com suas grandes orelhas, ou cobrem-se com um imenso chapéu de plumas de papagaio vermelho.
Falam uma série de línguas relacionadas a partir do ramo Banto da família linguística Níger-Congo.
Estas línguas estão intimamente relacionadas, no entanto, e algumas classificações identifica um dialeto continuum Bamilekê com dezessete ou mais dialetos.