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terça-feira, 10 de abril de 2012

Lôko, o Vodun dentro da árvore


Tradição religiosa do povo Fon

Loko é um vodun essencialmente daomeano cujas origens são atribuídas a dois lugares.
Loko Atisou veio de Hula.
Atidan Loko veio de Uemê (Oueme) onde é conhecido por Adan Loko.
Seu culto migrou para o território ioruba, aonde ele é reverenciado como divindade secundária.
Conhecido como Atinmé-vodun (o vodun dentro da árvore), Lôko simboliza o primeiro ser sagrado do mundo
Por isso é considerado o primogênito de Mawu e Lissá, muito embora Sakpatá seja frequentemente reconhecido por esta atribuição.
Lôko é cultuado por toda parte nos países da África que adoram esse Vodu,
E está presente em todas as famílias de voduns: Ji-vodun, Ayi-vodun, Tô-vodun e Henu-vodun.
Os vodunsis de Loko que são chamados de Lokosi e usam frequentemente a metade esquerda do crâneo raspada e ostentam seus símbolos nas costas.

A árvore

Loko´tin é a árvore do Iroko.
Atin vodun são arvores consagradas a Loko.
Atin- significa árvore em fon.
essas árvores são sagradas tanto para os Fons quanto para os Iorubás, por estarem consagradas aos ancestrais.
Os Atinmé-vodun são os espíritos que habitam a Amoreira Africana conhecida como Irôco por toda a África (Milicia excelsa).
No Brasil consagram-se outras espécies de árvores a esse Vodun, como a Gameleira (lokotin, Ficus doliaria), a Sumaúma de Várzea (huntin, Ceiba petandra) O Dendezeiro (detin, Elaeis guineensis), o Mamoeiro (kpentin, Carica papaya), etc.
Na floresta do rei Kpasse, o fundador de Uidá, existe uma dessas árvores, que segundo a lenda, é o esconderijo desse rei, que se transformou nela para escapar da perseguição de seus inimigos.
Iroko é uma designação comum em várias línguas do oeste africano.
Algumas vezes a pronuncia se modifica de acordo com a região.
Para os fons do Benin é conhecida como Loko.
Mas a sua origem da palavra é a mesma para todos esses povos.
Vem da mesma língua ancestral comum aos povos Idoma, Igala, Yoruba, Igbo, Edo etc.
É frequente encontrar essas árvores consagradas em fazendas, bosques sagrados, espaços públicos e cemitérios.
Para reconhecê-las é só observar os objetos simbólicos que são depositados em sua base e amarrados no seu tronco.
Encontram-se frequentemente jarros, objetos de ferro, cabaças, velas, pedaços de tecido, dinheiro, pedras, garrafas quebradas e animais sacrificados.
Mas ha uma diferença entre os objetos usados para a sua sacralização de acordo com a região.
A madeira dessa árvore, conhecida como Teka Africana é muito forte e por isso é bastante procurada pela indústria de mobiliário.

Porque devemos manter uma promessa para o Vodun?
Conto Fon

É uma história que aconteceu com um homem chamado Kapko em Tendji.
Nas suas origens Loko era uma árvore comum.
Esse homem era um pobre fabricante de enxadas que usava essa madeira para fazer os cabos.
Ele costumava ir ao mato para cortar as árvores para obter boa madeira.
Uma vez ele encontrou uma bela árvore para cortar. Era um pé de Loko.
Ao começar a golpeá-la Loco falou:
Não me corte, nenhum homem deve cortar-me.
Havia três voduns que viviam dentro dessa árvore.
Dan, Dangbe e Tohwiyo, este último pertencente ao clã Ayato.
Loko tinha sete pequenas cabaças duplas e disse ao homem:
Vire-se de costas para mim.
Se eu lhe fizer um homem rico você promete não cortar a minha madeira?
O pobre homem disse que sim.
Então Loko lhe entregou as cabaças e ensinou:
Encontre um bom lugar e quebre a primeira delas no chão.
Loko disse: Se eu torná-lo um homem rico você me daria um touro em sacrifício?
O lugar aonde ele quebrou a primeira cabaça tornou-se um local sagrado.
Então ele quebrou a segunda. Apareceram muitas casas.
Quando ele quebrou a terceira as casas foram cercadas por muros.
Ao quebrar a quarta surgiram redes e banquetas para serem usadas por reis.
Ele quebrou a quinta, e viu muitas pessoas dentro das casas.
Ao quebrar a sextas apareceram cavalos.
Ele montou em um.
Ao quebrar a sétima encontro com Fa e Legba.
Então se tornou rei.
Eles eram apenas humanos e por isso ainda não eram cultuados.
Mas Kapko não ofereceu um touro a Loko, conforme havia prometido.
Então Loko transformou-se num homem que usava uma roupa de rafia e pediu ao empregado desse rei que lhe desse um copo d´água.
O empregado falou:
Saia daqui! Que tipo de homem é você que se veste com essa roupa de rafia?
Pois bem, Loko foi embora.
Mas ele voltou novamente.
O empregado deu-lhe uma surra de chicote e ele foi se embora.
Mas voltou uma terceira vez.
Os camponeses estavam ocupados cultivando arando as terras do rei.
Eles bateram novamente em Loko que começou a entoar uma cantiga.
Larguem suas enxadas e venham dançar para mim, aqueles entre vocês que dancem bem.
Enquanto Loko cantava os camponeses começaram a desaparecer.
O rei ficou pobre novamente.
Loko deixou-lhe apenas a roupa de ráfia.
Então Fa saiu e voltou para o reino de Fe.
O pobre homem foi procurar Loko e ao encontrá-lo curvou-se diante dele e jogou poeira na testa em sinal de submissão.
Pediu-lhe perdão pelos seus atos e prometeu dar-lhe o touro que havia prometido.
Loko recusou.
A pobreza instalou-se no reino e o povo desta terra tornou-se miserável.