Cultura calabari do povo Ekwe em Cuba
Andrés Petit fundou uma religião, a primeira expressão afro
tanto em Cuba quanto em toda a diáspora africana, que mescla o social e o
político com o religioso, à maneira das sociedades africanas.
Como exemplo, a sociedade secreta Ogboni dos iorubas.
Foi ele quem preservou as tradições africanas de seus
seguidores e integrou o homem branco nos cultos dos escravos, de modo que seu
trabalho foi de fundamental importância na moderna sociedade afro-cubana e na
espiritualidade neoafricana.
Os membros dessa sociedade secreta masculina conhecida como
Abakuá, são popularmente chamados de abakuá ou (ñáñigo).
Várias ortografias são usadas para o nome: Abakwa, Abakua,
Abakuá, Sociedade Secreta Abakuá.
Essa organização tem como base a lenda da violação de um
segredo por uma mulher, a princesa Sikan.
Ela encontrou um peixe sagrado, o Tanze.
Tanze deu condições para que o pai de Sikue se tornasse
poderoso, mas a troco de não revelar o segredo.
Sikue acabou contando tudo a seu marido.
Por isso foi castigada e condenada à morte.
Quando o peixe morreu, os membros de sua tribo tentaram em
vão reproduzir o som de seu bramido usando o tambor sagrado Ekue.
E acabaram usando sua pele como diafragma para o tambor.
Essa fraternidade que inicia homens afro-cubanos possui um caráter
religioso marcante, dedicando-se ao culto dos antepassados.
É um culto altamente disciplinado cujos ritos de iniciação
asseguram aos membros o renascerem nessa vida e obterem a imortalidade da alma,
após cumprirem adequadamente os ritos funerários quando a morte chega.
Abakwa é uma sociedade secreta que se originou no Cross
River região ao sudeste da Nigéria e sudoeste de Camarões.
Geralmente conhecido como Ekpe, Ngbe, ou Ugbe entre os
grupos multilíngues na região, esse grupo adotou o leopardo como um símbolo de
coragem masculina em guerra e autoridade política nas várias comunidades deles.
Durante tráfico de escravos que saia da Angra de Biafra, os
Ekpes e organizações relacionadas na região de Calabar supervisionavam os
embarcadouros, mas no final eram capturados e vendidos como escravos dentro de
Cuba, onde a sociedade reemergiu.
O termo Ñañigo também foi usado para os sócios da
organização.
A Sociedade Abakwa, desenvolveu-se em Cuba por volta de 1850
entre os negros calabaris vindos de Calabar e encontrou rapidamente adeptos
entre brancos, negros e mulatos de situação modesta nas regiões de Havana e
Matanzas.
Ela corresponde à sociedade Ekwe, dos homens leopardo,
presente nas colônias inglesas. A língua falada durante a cerimonia é a mesma,
o Efik ou Ekoi.
Entretanto os Abakwas não formam uma associação tão fechada
quanto na África, onde é exclusivamente masculina, e reservada apenas aos
iniciados.
Devido ao seu lado pitoresco, os cubanos os apelidaram de
Ñañigos, ou irmãozinhos.
Uma das oportunidades de ver os membros da sociedade é
durante o carnaval de Havana.
Os Diablitos ou Ireme são os iniciados Abakwa que dançam com
muitos guizos atados à cintura.
Os Iremes são os oficiantes do ritual, que saem em cortejo,
purificando o caminho com suas danças, mascaras e vestimentas que evocam a pele
do leopardo.
Cantos e danças Wemba são executados por um membro da
confraria que sai de peito nu acompanhado por tambores, Obi, Kuchi, Yeremá e
Biankome, além de um tambor solista, um sino e uma espécie de maraca.