Altares para a cabeça - Povo Edo
A cabeça e a mão simbolizam as ligações com os aspectos místicos
da personalidade humana.
A primeira simboliza a vida e o comportamento, a capacidade
de organizar as próprias ações de modo a sobreviver e prosperar.
Portanto representa não apenas a escolha como a realização
do destino escolhido.
Os altares para a Cabeça, Uhunmwun Elao, costumam ser
encontrados nos ambientes mais íntimos das casas dos chefes.
Nesses altares ficam expostos esses entalhes de cabeças tais
como as que se encontram nos altares ancestrais de chefes.
Essas cabeças chamadas de Uhunmwun Elao são consideradas
pelos Edo como elementos primordialmente decorativos em detrimento de sua carga
espiritual.
Elas homenageiam e honram as glorias vividas pelo chefe que
teve uma vida exemplar e bem sucedida e que agora vive no mundo espiritual.
Uma banqueta redonda especial chamada erhe, postada na
frente do altar serve para o uso do chefe nas ocasiões em que ele assume a
função de sacerdote da família.
Essa banqueta difere da retangular utilizada pelos chefes
como símbolo de status, porém assemelha-se às de barro caiado que levam o mesmo
nome, utilizadas pelos sacerdotes de Olokun.
A aparência dessa banqueta, intimamente ligada ao deus das
águas, evoca a imagem da alma que viaja através dos mares em direção ao mundo
espiritual.
Bem atrás do altar fica um painel entalhado bem comprido,
chamado de Uruá, encontrado apenas nos altares de chefes de alta estirpe, no qual
estão esculpidas imagens que evocam os poderes que eles têm em vida e na morte.
As cabeças que compõe o altar de um chefe estão relacionadas
a esses poderes reais da cabeça e tem a função de zelar por uma vida bem
sucedida.
Nos altares reais essas cabeças são de latão ao invés de
madeira entalhada, de uso exclusivo da realeza.
Esse material possui um significado simbólico complexo no
Benin.
Devido a sua resistência e pelas propriedades de não
enferrujar nem corroer, está associado à continuidade de parentesco.
Sua superfície apreciada pela beleza era constantemente
polida para manter o brilho.
E a cor levemente avermelhada era considerada ameaçadora
pelos Edo, mantinha afastadas as forças do mal.
Sobre essas cabeças era afixada uma presa de elefante.
Um desses marfins costumava ser entregue ao rei a cada
elefante morto no reino.
Durante o longo período de comercio com os europeus essas
presas foram vendidas para o ocidente.
Algumas também eram presenteadas aos grandes chefes aliados.
E as de propriedade real eram colocadas nos altares reais.
Os entalhes desses marfins representavam os reis, seus
chefes, seus guerreiros, servos, e animais que simbolizavam os ancestrais.
Uma figura de bronze no centro desses altares representava o
rei com seu traje cerimonial rodeado pelo seu séquito.
O traje real ali representado era usado apenas duas vezes na
vida de um soberano.
Isso é nas cerimonias Igue e Ugie Erha oba, ligadas à
sucessão.
A espada cerimonial, Eben, complementa a vestimenta assim
como o certo da proclamação, Isevbere- Igho, na forma de um gongo, Egogo (agogô).
E os pequenos leopardos rodeando o Oba, evocando os cortejos
em que estes animais domesticados, acompanhavam o rei nas suas paradas pela
cidade.