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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Origem do povo Peul - Fulas

África Negra Pré Colonial

Se olhássemos de relance, poderíamos acreditar que o ramo Peul veio originalmente daquela parte da África Ocidental aonde os mouros semíticos e os negros estabeleceram contato. Apesar da hipótese de mistura racial ser aceita como um fato, o local aonde isso se deu deve ser procurado alhures, apesar das aparências. Tal como as demais populações da África Ocidental, os Peul vieram provavelmente do leste, em momentos posteriores. Essa teoria pode sustentar-se provavelmente pelo dado de maior importância: a identidade entre dois nomes próprios totêmicos dos Peul, com duas noções igualmente típicas das crenças metafísicas dos egípcios, os Ka e os Ba. De acordo com Moret, Ka é o ser essencial, a parte ontológica do indivíduo que existe no céu. Assim sendo, nos textos do Velho Império, há uma expressão que diz “Ir para o seu próprio Ka" significando morrer. O Ka unido ao Zet, formas de Ba, é o ser completo que atinge a perfeição e mora no céu. Zet é a parte do ser que foi purificada na “Bacia do Chacal,” conforme a religião egípcia. Set (não há z em Wolof tornando-se automaticamente s ao utilizar-se uma palavra estrangeira) significa limpo, em Wolof. Obviamente não tem relação com o nome Sow, usado por alguns Peul. De outro lado, Ka e Ba, essas duas noções ontológicas egípcias, são nomes próprios usados pelos Peul, no inicio das palavras. Ka, ou Kao, em egípcio antigo, significa elevado, superior, grandioso, marido, padrão, altura- aonde o hieróglifo que descreve a palavra, está representado por duas mãos que se elevam para o céu. Possui o mesmo significado em Wolof, podendo-se estabelecer a relação com Kau-Kau mencionado antes. Ba, em egípcio, é representado por um pássaro com cabeça humana, que vive no céu; é também o nome de uma ave de pescoço comprido. Ba em Wolof significa avestruz. Portanto pode-se notar que esses elementos da metafísica egípcia sofreram diferentes transformações dependendo de quem as transmitia; enquanto no Wolof a significação egípcia é mantida, no Peul essas palavras tornaram-se nomes próprios. É fato conhecido que, até a sexta dinastia, no tempo da revolução Osiriana (2100 AC), o faraó por si só tinha direito à imortalidade, e consequentemente, desfrutava plenamente de seu Ka e seu Ba; também se sabe que vários faraós portavam esse nome, entre eles o rei Ka, da era proto-dinástica, cuja tumba foi descoberta em Abidos por Amélineau. O nome do ramo Peul dos Kara ou Karé teriam vindo de Ka+Ra ou Ka+Ré. Os demais nomes Peul, tais como Diallo, devem ter sido incorporados mais tarde, apesar das aparências. Com respeito à sua língua, há uma unidade natural com as outras línguas faladas na África Negra, especialmente o Wolof e o Serer, como será mostrado a seguir.

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