Orunmila (Òrúnmìlà), a quem se atribui o jogo dos búzios, é
frequentemente mencionado nos versos divinatórios. É conhecido também como um
escriba ou clérigo por ter "escrito" para as demais divindades e ter
ensinado aos adivinhos a "escrever" ou marcar as configurações na
bandeja de Ifá com a serragem da madeira.
Também é descrito como um homem estudado ou estudioso pela
sabedoria contida nos versos de Ifá.
Aqui ele é chamado de "Sabedoria" e aquele que é
mais forte do que a medicação.”:
Grande sabedoria
É a chave para obter grande sabedoria
Se não possuímos grande sabedoria
Não podemos apreender a medicação forte.
Se não aprendemos a medicação forte,
Não podemos curar as doenças serias.
Se não podemos curar as doenças sérias,
Não podemos fazer grandes riquezas.
Se não podemos ganhar grandes riquezas,
Não podemos obter grandes realizações.
Também aprendemos nos versos que:
“É na pobreza que um jovem
aprende Ifá; para tornar-se próspero mais tarde".
Vimos que Orunmila tem
uma conformação física fraca, e que se tornou um adivinho e herbalista por não
ter encontrado facilidade em nenhum outro trabalho. Entretanto há um verso que
diz que a luta era sua profissão e que fez tombar vários reis no jogo de braço
antes de Exu aconselha-lo a perder. Ele também é chamado de "Aquele que
tem uma coroa" e de Oluwara Okun.
Os versos contam porque a cabra é o principal animal a ser
sacrificado para Orunmila. Referem-se ao chicote de cauda de vaca, e mencionam
seu agogô e seus dois tambores, aran e ogidan. Contam a origem do recipiente divinatório
(opón igede) aonde se guardam as dezesseis nozes de kola, e de seu cajado de
ferro (osù, osùn) postado diante de seu santuário e que não pode pender.
Explicam a origem da corrente divinatória e provavelmente da maneira como é
manipulada. Descrevem a maneira como as configurações são marcadas sobre a
bandeja divinatória, e como Orunmila colheu nozes de kola com quatro olhos
cada, e as ervas com as quais lavá-las e prepara-las para o uso na adivinhação.
Em um verso Orunmila planta apenas ervas para o uso de seus medicamentos, mas
enche os silos com o milho, sorgo, feijão, e inhame cultivados pelas outras
divindades. Seu conhecimento das propriedades das ervas só é ultrapassado pelo
de Osanyin, o Deus da Medicina, a quem ele derrota numa competição de magia
recebendo como premio o seu agogô.
Orunmila casa-se com a filha do chefe de Iwo, e com Poye,
Odu, Ere, Ajesuna ou "Moeda", Emere uma abiku, Oxum, Aina e Ore
filhas de Olorum. Ele também estupra Oxum e Poye sendo acusado de adultério; e
quebra o tabu de Oxum derramando cerveja de sorgo sobre ela. Ele aparece como
personagem principal em vários outros versos.
William Russell Bascom
1912-1981
William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de
Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o
mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em
Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to
the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação ioruba da África para o Novo
Mundo (1980).
Ifa Divination, Traduzido - Bascom, William
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William
Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New
World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas