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terça-feira, 8 de maio de 2012

Unidade Administrativa

África Negra Pré Colonial


Governo e Administração
Conforme aponta o etnógrafo Delafosse:
Em muitas partes do Sudão, esses termos ainda encontram-se em uso: Fari, Farima, Farhama, Fama (Mande), Faran (Songhai), Fara (Hauçá), Far-Ba (Wolof), todos derivados da raiz Far, significando topo, ápice, chefe, príncipe, do qual também deriva o título de faraó.
Existe, de fato entre os Wolof, além do termo farba a palavra fari, que é um epíteto imperial: bur significando rei e bur-fari o rei supremo, ou imperador, aquele cujo poder e grandeza não podem ser ultrapassados. A etimologia do termo egípcio não é aquilo que Delafosse sugere. É formado pelo plural de per: significando a parede da casa, e por extensão, a casa do Faraó. O significado de per na língua moderna Wolof, é idêntica ao per dos antigos egípcios. Palavras que iniciam por p tem o seu plural com f. Exemplo: Peul bi - O Peul é Feul yi no plural. Per mi - a parede é fer yi no plural donde vem o termo fari. Observemos que se Faraó deriva do plural da palavra egípcia per, é porque o rei era costumeiramente identificado com o nome de sua casa (origem), uma casa dupla (duas origens). Poderíamos então sugerir que os criadores dos primeiros estados africanos assimilaram uma organização política vinda anteriormente pela Nubia, remontando ao Egito? A onipresença desse termo em todas as línguas africanas, as explicações etimológicas que se oferecem, deixa pouco espaço para dúvidas. Se tal for o caso, uma nova luz pode ser projetada sobre esse período inicial da história africana, e não será mais uma questão absoluta para a origem, mas antes, uma continuidade da emigração seguida. Não será surpresa o fato de essas monarquias terem sido constitucionais desde o inicio: seus precursores, ao invés de terem sido os criadores ex nihilo teriam se favorecido de uma experiência política anterior. Por conseguinte seria igualmente compreensível que as formas de organização sócio-políticas dos estados africanos estivessem relacionadas apenas com as do Egito faraônico, sendo compreendidas apenas naqueles termos.
Objeções a esse fato seriam descartadas pois seria materialmente impossível governar um império do tamanho da Europa, ou administrá-lo, sem que houvesse um mínimo de burocracia. É difícil de compreender que, por mil e quinhentos anos, os Tunkas, Mansas, e Askias, tenham emitido ordens verbais e tenham recebido prestações de conta verbalmente. As atividades alfandegárias nas fronteiras necessitariam uma contabilidade precisa, baseada no que foi exposto, pressupondo algum tipo de prestação de contas preciso, bem como o pagamento de taxas e outras entradas, que implicariam na emissão de algum tipo de recibo, especialmente nos mercadores ambulantes nos mercados de Timbuktu, Djenné, etc. O mesmo tipo de verdade aplica-se às relações entre a autoridade central e suas diversas províncias, para autorizar a coordenação administrativa. A existência de arquivos africanos será confirmada por dados posteriores ao discutir-se a educação e a criação de filhos.


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