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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Exposições Coloniais

A Partilha da África
Propaganda Colonial e Jingoismo


Ao final da primeira guerra mundial, os impérios coloniais haviam se tornado populares em quase todos os lugares da Europa: a opinião pública tinha sido convencida da necessidade de um império colonial, apesar de que a maioria dos cidadãos metropolitanos nunca terem visto uma amostra disso.
As exposições coloniais implementaram essa mudança na mentalidade através da propaganda amparada pelo lobby colonial e por vários cientistas.
Em consequência disso, na conquista dos territórios seguia-se inevitavelmente uma exibição dos nativos com propósitos “científicos” e de recreação.
Karl Hagenbeck, um mercador alemão de animais selvagens e fornecedor da maioria dos zoológicos europeus, decidiu exibir em 1874, Samis, os nativos de Samoa, como populações “puramente naturais”. Em 1876, ele enviou um de seus colaboradores para o recém-conquistado Sudão Egípcio, para trazer bestas selvagens e Núbios.
Exibidos em Paris, Londres e Berlim, esses Núbios obtiveram grande sucesso. Esses “zoológicos humanos” podiam ser encontrados em Hamburgo, Antuérpia, Barcelona, Londres, Milão, Nova York, Varsóvia, etc., com 200.00 a 300.00 visitantes para cada exibição.
Tuaregues também foram exibidos após a conquista francesa de Timbuktu (descobertos por René Caillé, disfarçado de muçulmano, em 1828, ganhando o prêmio oferecido pela Société de Géographie francesa).
Malgaches também, após a ocupação de Madagascar, e amazonas do Abomé após a derrota mediática sofrida por Behanzin para os franceses em 1894...
Não estando acostumados às condições climáticas, alguns dos nativos em exibição, tais como os Galibis em Paris, acabavam morrendo.
O diretor do Jardin d´Acclimatation, Geoffroy de Saint-Hilaire, decidiu organizar em 1877, dois “espetáculos etnológicos” apresentando Núbios e Esquimós (Inuit).
O público desse lugar dobrou, tendo um milhão de ingressos vendidos nesse ano, um sucesso estrondoso para aqueles tempos. Entre 1877 e 1912, foram apresentadas aproximadamente trinta “exposições etnológicas” no Jardin Zoologique d'Acclimatation.
Vilarejos Negros também foram apresentados na Feira Mundial de Paris 1878 e 1879. A Feira Mundial de 1900 exibiu o famoso diorama “vivos” em Madagascar, e as Exposições Coloniais de Marselha (1906 e 1922) e Paris (1907 e 1931) também exibiram seres humanos em jaulas, frequentemente nus ou seminus. Os vilarejos nômades do Senegal também foram recriados, exibindo também o poder do império colonial para toda a população.
Nos Estados Unidos, o chefe do New York Zoological Society, Madison Grant, exibiu o pigmeu Ota Benga, no Zoológico do Bronx junto com macacos e outros animais em 1906. Veja na figura acima. E sob o comando de Grant, o proeminente diretor do zoológico, Hornaday, um cientista racista e eugencista, expôs Ota Benga numa jaula junto com um orangotango rotulando-o de “Elo Perdido” numa tentativa de ilustrar o Darwinismo, e mostrar que africanos como Ota Benga estavam mais próximos dos macacos do que os europeus.
As Exposições coloniais, compreendendo a British Empire Exhibition de 1924 e a bem sucedida Paris Exposition coloniale de 1931, foram sem dúvida os elementos chave para legitimar o processo de colonização e a impiedosa disputa pela África. Da mesma maneira a popular revista em quadrinhos As Aventuras de Tintin, cheia de clichês, carregavam consigo uma ideologia racista e etnocêntrica, que era o consenso da massa ao fenômeno imperialista. O trabalho de Hergé atingiu o seu ápice com as revistas Tintin no Congo (1930-1931) e A Orelha Quebrada (1935).
Enquanto as historias em quadrinhos desempenharam o mesmo papel que os filmes de faroeste para legitimar as guerras contra os índios nos Estados Unidos, as exposições coloniais que eram tanto populares quanto “científicas”, tornaram-se uma interligação entre o povo e as “sérias pesquisas científicas”. Deste modo, antropólogos como Madison Grant e Alexis Carrel construíram seu racismo pseudocientífico inspirando-se no Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas de Gobineau.
Os zoológicos humanos proporcionaram um laboratório na escala humana para essas hipóteses raciais e uma demonstração de seu valor ao rotularem um ser humano como Ota Benga como o elo perdido entre macacos e europeus, tal como aconteceu no Zoológico do Bronx.
O Darwinismo social e a pseudo-hierarquia das raças, embasaram a biologisação da noção de “raça”, na qual o leigo podia observar “a verdade cientificamente provada”.

Fonte consultada: Wikipédia
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