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domingo, 21 de novembro de 2010

Lá sou amigo do rei


A amizade entre Guezo e Francisco Félix levou o rei ao poder e colocou o mercador em uma posição comercial privilegiada.
Guezo derrubou Adandozan não somente com armas de fogo, mas também com tecidos finos, tabaco, cachaça e outros bens distribuídos para conquistar apoio todos fornecidos pelo mercador. Francisco Félix se tornou aliado de Guezo por conta de uma desavença comercial.
Durante um período, o rei Adandozan deixou de enviar escravos, pagos adiantados, ao mercador, que foi cobrar a dívida.
O rei, irritado, mandou prendê-lo e ordenou que ele fosse mergulhado periodicamente em um tonel de índigo, para lhe escurecer a pele, já que o mercador havia se valido da condição de branco para afrontá-lo.
Guezo libertou Francisco Félix, com a condição de que o branco o ajudasse a tomar o trono. Vitorioso, deu a ele o título de Chachá e fez dele o melhor amigo.
Também o nomeou seu agente comercial, ao qual cabia a preferência na venda de escravos no porto de Ajudá.
A cidade era a segunda mais importante do reino do Daomé e foi o maior posto de comércio transatlântico de escravos entre os séculos 17 e 19.
Um pacto de sangue, realizado na prisão, uniu os dois até a morte do mercador, em 8 de maio de 1849.
Mal soube da morte do amigo, Guezo mandou dois de seus filhos, Dako Dubo e Armuwanu, acompanhados de 80 amazonas, para os ritos funerários.
E sete pessoas para serem sacrificadas.
E 51 peças de tecidos do país , uma para cada um dos filhos vivos do Chachá , escreve Costa e Silva.
Francisco Félix dedicou-se a um comércio cruel, mas não foi um degenerado ou um sádico, diz Costa e Silva.
Era um comerciante de seu tempo, impiedoso, sem dúvida, mas comandado por seus interesses mercantis
Naquela época, Ajudá era um porto cosmopolita, considerado pelos reis uma cidade impura.
A recíproca era verdadeira.
Seus habitantes, fossem huedás ali nascidos ou minas, crus, hulas, iorubás, hauçás, guns, agudás, franceses, ingleses e espanhóis olhavam para os de Abomé com o pavor que se tem de um dominador bárbaro, useiro nos sacrifícios humanos e com a reputação de antropófagoâ, escreve Costa e Silva.
Francisco Félix serviu de intermediário entre o Daomé e o Brasil.O rei Guezo é um dos principais personagens do livro de Costa e Silva.