Seguidores

sábado, 24 de setembro de 2011

Emanoel Araujo

Emanoel Araujo
Filho de Vital Lopes de Araújo, cafuzo, e de Guilhermina Alves de Jesus, mestiça, nasce em 15 de novembro de 1940, Emanoel Alves de Araújo, em Santo Amaro da Purificação, tradicional cidade da Bahia.
Descende de três gerações de ourives, tendo sido, a princípio, aprendiz de marceneiro e trabalhador, ainda criança.
Aos 13 anos, passou a trabalhar na Imprensa Oficial do Estado da sua cidade, em linotipia e composição gráfica.
Esta experiência foi fundamental na sua formação, tanto no domínio da técnica quanto da expressão.
Após completar o curso secundário, mudou-se para Salvador com a intenção de cursar arquitetura, mas começou a frequentar exposições e a visitar museus e ateliês, que o fez mudar de ideia, ingressando então na Escola Federal da Bahia, onde tornou-se aluno de gravura do mestre Henrique Oswald, que o admirava e o queria como seu substituto no ensino universitário.
Emanoel Araujo começou a trabalhar na década de 1960 como entalhador, gravurista e cenógrafo.
Na década seguinte escolheu a escultura como forma de expressão e, em 1977, rendeu-se à influência da arte africana no seu trabalho.
Em 1981, assumiu a diretoria do Museu de Arte da Bahia, onde, em dezoito meses, comandou sua transferência para um novo local.
Em seguida, retomou suas esculturas e, em 1992, assumiu, em São Paulo, a Pinacoteca do Estado, permanecendo por oito anos.
Em novembro de 2004, inaugurou o museu Afro Brasil resultado do seu esforço de criador e diretor.
CURADORIA
A criação do Museu Afro Brasil é o resultado de um trabalho de mais de duas décadas de pesquisas, publicações e exposições realizadas por Emanoel Araujo, baiano de Santo Amaro da Purificação, artista plástico, curador e diretor de museus.
Dedicando-se a preservar, dar a conhecer ao público e fazer respeitar a herança cultural e artística do negro no Brasil, realizou uma série de eventos, iniciados em 1988 com a publicação de uma obra de referência, A Mão Afro-Brasileira.
No exterior, duas grandes mostras sobre o tema foram realizadas na Alemanha, A casa do baiano e Arte e religiosidade no Brasil – heranças africanas, depois reeditadas em São Paulo.
No Brasil, entre outras, exposições como N´ganguela/ Angola, Friendenreich, África-Brasil-África, Os Herdeiros da Noite – fragmentos do imaginário negro, Pierre Verger- 90 anos, Negras memórias, memórias de negros, organizadas na Pinacoteca do Estado e apresentadas em Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados, constituíram eventos memoráveis.
Todo este trabalho culminou enfim com uma mega exposição, Negro de Corpo e Alma, na Mostra do Redescobrimento da Fundação Bienal em 2000.
Parte desta mostra integrou a exposição Brazil body and soul, realizada no Museu Guggenheim de Nova Iorque em 2001.
O curador atuou ainda como consultor para o projeto de implantação de um Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira na Bahia, entre várias outras ações. Hoje Emanoel Araujo é curador-chefe do Museu Afro Brasil.
“Para Nunca Esquecer: Negras Memórias, Memórias de Negros”.
Emanoel Araújo, o curador, foi responsável por uma síntese entre o que é habitualmente mostrado na história oficial da nação, a negra memória da escravidão, com a exposição de objetos de castigo, contratos de compra e venda de escravos, e outros signos do sofrimento e humilhação do negro, e o que se procura mostrar nos novos movimentos e museus afro-brasileiros, a memória do negro, isto é, os quilombos, a resistência do negro à escravidão e as origens africanas da produção cultural do negro.
Poemas, pinturas, retratos foram selecionadas para mostrar a participação do negro na vida cultural, social e política brasileira.
É interessante observar que a construção da imagem do negro neste caso parte da memória nacional existente, a negra memória, que, como vimos anteriormente, reitera o sofrimento do escravo fragilizando a imagem do negro.
Mas, talvez, aceitar abertamente as mazelas do passado, para, rindo dele, partir para um melhor futuro, seja o melhor caminho a ser defendido na construção de uma nova identidade.
fonte:
Emanoel Araujo - O Filho de Ogum