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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Agbadá

 Agbada é o nome iorubano para um tipo de roupão com mangas largas e esvoaçantes, geralmente decorado com bordados, e usado em grande parte da Nigéria, em cerimônias como casamentos e funerais, por chefes, reis e homens de destaque. O nome hauçá para designar essas vestes é Riga. Os tecidos são geralmente feitos em teares manuais, porém os belos bordados meticulosamente feitos à mão e que já foram muito usados no passado, raramente são vistos. Essas vestes tornaram-se patrimônios familiares herdadas de pai para filho e apesar do desgaste, são exibidas com orgulho nas grandes celebrações. Devido ao grande prestigio que os agbadás tiveram no passado, foram negociadas em locais distantes de sua origem e por isso esse vestuário encontra-se por toda parte da África Ocidental.

Um pouco de história

No final do século XIX e começo do XX grande parte da atual Nigéria sofreu com o impacto de uma jihad islâmica insuflada pelo líder muçulmano fulani Uthman dan Fodio.
Os chefes iorubas foram postos de lado e substituídos por emires muçulmanos em todas as cidades estado hauçás do norte, até as populações Nupe (às margens do Rio Níger) e na distante Ilorin ao sul.
Oyo, a principal potência iorubana também foi derrotada e sua capital foi abandonada na década de 1830.
Os novos governantes Fulani trouxeram com um estilo de vestir masculino que consistia de vestes esvoaçantes com calças bem folgadas ideais para montar a cavalo. Eles também adotaram a tradição islâmica de "trajes de honra", na qual as roupas eram bordadas e os turbantes desgastados pelo uso tornaram-se emblemas do oficio para os governantes e juízes.
Os emires e outros chefes compravam as melhores roupas para si e distribuíam muitas outras para seus cortesãos.
Com isto, desenvolveu uma rede comercial elaborada tendo ao seu dispor um bom numero de tecelões e bordadores nupes e iorubas, além de alfaiates, tintureiros para servir aos principais emirados.
Os chefes de governo de outras cortes, como reis iorubas que estavam fora do alcance Fulani também adotaram o mesmo estilo de se vestir, e no século XX esses trajes tornaram-se o protocolo aceito por homens importantes abrangendo uma grande área da Nigéria e países vizinhos.
Os melhores roupões eram confeccionados com tecidos prestigiados, compreendendo o simples algodão branco manufaturado, fari, a seda selvagem bege, tsamiya (cujo nome vem do ioruba sanyan), o alharini de seda importado magenta (conhecido pelos iorubas por alaari) de colorido vermelho escuro, e o tecido índigo (Saki) manufaturado conhecido por Ioruba como etu.
As variações nos bordados baseavam-se em dois modelos clássicos, conhecidos como "duas facas" e "oito facas".
Acredita-se que o bordado tenha tido um papel de proteção para reforçar as partes mais desgastáveis das roupas como o bolso e o colarinho.
A introdução de máquinas de bordado, as mudanças na moda e a propagação de luxuosos tecidos importados, levou a um declínio na demanda pelas vestes artesanais de alta qualidade e com isto as antigas técnicas de tecelagem de algodão fino fiadas de mão e do bordado manual estão quase perdidas.