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sábado, 29 de outubro de 2011

Moça em traje Ewe - Atitekpoe-Tagadzi, Gana

Trokosi, as escravas dos deuses


Os deuses amaldiçoam a quem comete crimes. 
Um homem desta família violou sua cunhada. Deve pagar. A única maneira de abrandar os deuses é entregando a filha virgem dessa mulher violada. Devem trazê-la já. Os deuses precisam de sua pureza. 
Mais do que tradição, é uma forma de escravidão. As meninas passam a ser propriedade do sacerdote. 


As "trokosi" fazem as tarefas do lar, trabalham nas granjas para manterem o sacerdote. Este as usa sexualmente. A partir da terceira menstruação, pode iniciar relações com a garota. 
Algumas meninas "trokosi" permanecem com o sacerdote durante dois ou três anos. Mas ao saírem, não podem se casar. São repudiadas por sua comunidade. 
Se uma garota morre ou se o sacerdote se cansa dela, a família deve acolhê-la. De geração em geração, as garotas são entregues como uma expiação perpétua. 
Em 1998, o Parlamento de Gana aprovou uma lei que proíbe todas as formas de trabalho ritual forçado, protegendo explicitamente os direitos de mulheres e crianças. 
Desde então, a International Needs Gana, uma ONG africana, conseguiu libertar cerca de 2.800 escravas. 
Mas ainda existem muitas mais escondidas na tradição religiosa. Presas a um juramento, em uma prática infame de exploração e abuso sexual. 


Ghana


A República de Gana é um país da África ocidental, limitado a norte pelo Burkina Faso, a leste pelo Togo, a sul pelo Golfo da Guiné e a oeste pela Costa do Marfim. Capital: Acra
A história de Gana antes do último quartel do século XV deriva basicamente de tradições orais, referindo-se às migrações dos reinos antigos de Sahel — atualmente a Mauritânia e Mali.
O primeiro contato de Gana com os europeus data do ano de 1470, quando um grupo de portugueses desembarcou e começou a negociar com o Rei de "Elmina". 
Em 1482, os portugueses construíram o Castelo de São Jorge da Mina e tornou-a uma importante feitoria permanente. 
De 1557 a 1578, os portugueses dominaram até Acra.
Durante os três séculos seguintes, ingleses, portugueses, suecos, dinamarqueses, holandeses e alemães controlaram várias partes da costa de Gana, naquele tempo chamada de Costa do Ouro.
Os portugueses perderam grande parte da sua área de controle (incorporada na Costa do Ouro Portuguesa) em 1642 e foi cedida aos holandeses.
O forte estado ashanti do norte tentou, a partir do século XVIII, submeter a seu controle os diferentes grupos étnicos (especialmente os, Guam, Ga, e Ewe), porém nunca chegando a fundir-se culturalmente. 
Os ingleses foram os que mais lograram submeter essas etnias. No início do séc. XIX, eles conseguiram dominar toda a Costa do Ouro, tornando-a uma colônia, afastando todos os concorrentes europeus e derrotando os reinos nativos (localizados no interior do país).
Em 1957 essas etnias se uniram para converter-se no primeiro estado africano independente daquilo que logo se chamaria Gana.
O país foi renomeado de Gana após sua independência devido ao fato que os atuais habitantes descendem de emigrantes que se movimentaram para Sul do Império Gana. 
Ewe ou jêjes, povo africano de Gana, Togo e Daomé (Benin), milhões de ewes foram escravizados no Brasil. Eles são parte do nosso povo e da nossa cultura afro-brasileira.
Uma das partes interessantes da história de Gana é o retorno de libertos afro-brasileiros, formando uma comunidade chamada Tabom (está bom), que inicialmente estabeleceu-se na capital Acra, no bairro de Jamestown.
O distrito de Tongu é uma das maiores unidades politicas em Gana e na região do Volta, tanto em termos geográficos como demográficos.
O lago Volta o maior lago artificial do mundo, estende-se desde a barragem de Akosombo, no sueste do Gana, até à cidade de Yapei, 520 quilómetros para norte. 
O lago gera eletricidade, fornece uma via de transporte no interior e é um recurso potencialmente valioso para a irrigação e para a aquacultura.


Cultura


Talvez a mais visível contribuição cultural de Gana atualmente seja o tecido conhecido como kente, que é amplamente reconhecido por suas cores e simbolismo. 
O kente é feito por habilidosos tecelões ganenses, e os principais centros de tecelagem situam-se em volta da cidade de Kumasi (Bonwire é conhecida como a terra do kente, apesar de algumas áreas da região do rio Volta também reclamarem o título).
Ali se encontram vários tecelões produzindo longas peças de kente. Estas peças podem ser costuradas juntas para formarem os grandes turbantes que são usados por alguns ganenses (especialmente chefes) e são comprados por turistas em Accra e Kumasi.
Após a independência, a música de Gana floresceu particularmente um estilo dançante chamado high life, que é muito tocado nos bares e clubes do país. Muitos ganenses são adeptos da percussão, e não é incomum escutarem-se tambores sendo tocados em eventos sociais.


Origem da palavra jeje 


A palavra JEJE vem do ioruba adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. 
O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. 
Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. 
O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã.
Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). 
O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje. 


Vodu


Vodou – Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo - etc. 
A palavra vodu é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados.
No século XVIII o rei Agajá consolidou crenças de vários clãs e aldeias num único sistema espiritual de vodus. 
Isso gerou uma enorme variação do termo, devido à quantidade de dialetos usados por esses clãs e aldeias, somados a influência francesa.
Essa diversificação fonética deu-se também por conta dos idiomas de pesquisadores que foram ate África, em busca de conhecimento sobre o vodu. No Brasil, por exemplo, usamos a palavra vodu.
A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodu. 
O Hoodoo é uma sociedade haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Gana (Sociedade Jou-Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do mineral.
Ao estabelecer-se o grande reino de Daomé não existia o culto de Vodus. 
Nessa época, quando o rei precisava de algum aconselhamento buscava uma assistência espiritual, chamando um bokono (adivinho) e pedia que esse consultasse os oráculos. 
O conselho dos oráculos buscou os voduns de varias regiões e construiu seus templos. 
Com isso Daome passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Vodus. 
No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos vodus. 
Os vodus cultuados no Brasil são originário da África, sua práticas e tradições se mantiveram intacta como era no Daomé (atual Benin) desde o começo dos tempos. 
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido à falta de informações. Com sua morte os mais antigos levaram junto seu conhecimento.
Os Vodus são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens. 
A sociedade daomeana é patrilinear, isto é, dá-se por linha paterna: o homem casa-se com diversas mulheres. 
A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias. 
O Brasil herdou um grande panteão de divindades que ficaram isolados em determinadas regiões como no Maranhão, de maneira que somente alguns vodus se destacaram em territorio nacional.


Foto de Erik Kristensen