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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Noiva Himba - Mulheres de vermelho da Namíbia

A comunidade pastoral himba, na Namíbia, permanece em grande medida separada do resto da sociedade. É o único povo que consegue habitar esta região, uma das terras mais selvagens da África.
Os himbas vivem próximos ao Rio Kunene, que divide Namíbia e Angola, e circulam livremente entre os dois países.
Muitos nasceram em solo angolano e acabaram aprendendo o português. Mas não se limitam a fronteiras.
Vagam pelo deserto assim como os leões e os elefantes, e chegam a caminhar até 80 quilômetros em busca de água para o gado.
O gado bovino é o principal símbolo de status de uma família himba, e seu roubo é o único crime punido com a morte.
A carne é reservada apenas para eventos especiais, como casamentos e funerais. Quando um himba morre, mata-se uma parte de seu gado e as cabeças são empilhadas ao lado da sepultura, para proteger o espírito de quem morreu.
Em toda aldeia himba, há sempre um curral no meio, vigiado por um fogo sagrado chamado okuruwo. Os feiticeiros o usam para fazer contato com os ancestrais.
Os himbas são um dos últimos povos seminômades do continente. No século 15, vieram migrando da Etiópia com suas ovelhas e bois até parar na Namíbia.
Alguns deles foram para as cidades, assumiram o estilo de vida do colonizador e transformaram-se em ferreiros.
Aqueles que vivem atualmente ao norte do país são uma versão arcaica dos povos Herero, donos de tradições centenárias que se mantiveram quase intactas.
Uma delas é o hábito das mulheres de cobrirem o corpo com um óleo avermelhado, mistura de banha de boi com o pó de uma argila local. É assim que fazem o asseio diário e protegem-se do sol.
As himbas também comandam uma sociedade poligâmica, onde cada mulher pode ter relações sexuais com vários homens.
"Todo o mundo aqui rouba a mulher do outro", explica o sorridente Tjipo, feliz em poder falar com estrangeiros em sua língua natal: o português.
A cultura himba encoraja os homens ricos em gado a terem mais do que uma mulher. Muitos homens mais velhos casam várias meninas.
As mulheres são frequentemente casadas com primos ou outros familiares em uniões pré-combinadas. Muitas delas ficam grávidas ainda muito novas.
Embora o adultério não seja permitido - qualquer homem apanhado é multado em mais de 12 cabeças de gado - não é raro encontrar uma mulher himba casada entretendo até três amantes.
Uma mulher que não trai o marido está sujeita ao ridículo e é muitas vezes considerada inútil.
Alguns homens partilham abertamente as suas esposas, principalmente os tios com os seus sobrinhos favoritos.
Andam de tronco nu e cobrem o corpo de ocre, usando peles, búzios e joalheria de ferro.

Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher
da BBC Brasil

As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África.
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.