Uma região que foi ponto de passagem durante milhares de anos entre os árabes do norte da África e as culturas subsaarianas.
Sahel significa "a orla do deserto". Eles vagueiam conduzindo seus rebanhos de ovelhas e cabras de um lugar para outro pelo território quente e seco do deserto.
Durante a longa estação seca, costumam andar cinco horas por dia, em busca de pasto e água. Todos os seus pertences são carregados nas costas por camelos e jumentos.
Somos como um pássaro em um arbusto — explica um ancião da vila. Nunca nos estabelecemos e não deixamos rastros por onde passamos. Se os estranhos se aproximam, voamos para outra árvore.
Sua alimentação é simples. Eles comem mingau de aveia, mas o leite é a parte mais importante de sua dieta.
Os animais, por receberem tão pouca alimentação, costumam enfraquecer e não produzem muito leite.
Então as pessoas ficam débeis e doentes. Enquanto os homens cuidam dos rebanhos, as mulheres se ocupam em buscar lenha, tirar leite das vacas, bater o milhete e cozinhar o mingau.
Os tabus do povo Wodaabe
O povo wodaabe possui muitos costumes ou regras que podem nos parecer estranhos.
São chamados de tabus (coisas que eles não podem fazer). O nome wodaabe, na verdade, significa "as pessoas dos tabus".
Você é o filho mais velho em sua família? Como se sentiria, caso sua mãe nunca pudesse conversar com você ou chamá-lo pelo nome?
Não importa a ordem de sua chegada à família, você receberia um nome somente após os 12 anos de idade.
Os wodaabes são proibidos de olhar as pessoas nos olhos quando falam com elas. Um homem não pode ficar de mãos dadas com sua esposa, nem mesmo chamá-la pelo nome, quando houver outras pessoas por perto.
Estes são apenas alguns dos muitos tabus que controlam suas vidas.
Celebração
Eles se consideram o povo mais belo da terra. Para o homem wodaabe, a beleza é muito importante. Anualmente fazem celebrações especiais para demonstrar sua beleza em publico. Cada qual deseja ser o mais belo.
No dia do festival, os homens se preparam cuidadosamente. Em primeiro lugar, colocam um pó amarelo no rosto, para que a pele se torne mais brilhante.
Então, contornam seus olhos e lábios com uma substância preta chamada kohl. Raspam o cabelo da fronte, para que suas testas pareçam maiores, um sinal de beleza.
Para completar, desenham uma linha desde a testa até o queixo para alongar seus narizes.
Para estarem seguros de que fizeram todo o possível para realçar sua beleza, colocam pós mágicos em pequenos saquinhos que penduram em volta do pescoço.
Finalmente, vestem suas mantas bordadas à mão, seus fetiches e joias de bronze e metal, presas por contas e búzios (usados como moeda em algumas populações africanas e asiáticas).
Quando estão prontos, dançam juntos para uma plateia. Giram os olhos e mostram os dentes, fazendo caretas para chamar atenção sobre sua beleza.
Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher
da BBC Brasil
As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África.
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.
