Seguidores

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O tecido Kente dos Axantis de Gana

Kente é o tecido mais apreciado entre todos os tecidos africanos, adotado mundialmente em toda a diáspora desde os anos sessenta, como símbolo de pan-africanismo e identidade afrocentrica.
Além disso, continua a ter a mesma importância na vida cultural dos Axanti, seus criadores.
A história do Kente esta mesclada com a do Império Axanti e sua corte real baseada em Kumase, dentro da zona florestal de Gana.
Um dos primeiros relatos da seda real dos Axanti data de 1730 quando um homem foi enviado para a corte do rei Opukuware por um comerciante Dinamarquês notando que o rei usava tafetá de seda e tecidos de varias cores. O artista distinguiu lã, fios de seda, e algodão.
A seda chegava da Europa ate os Axanti, pelos comerciantes das caravanas trans- Saarianas.
Muitos panos Kente usavam seda numa gama de técnicas decorativas sobre um urdume de algodão listado, porém as roupas mais finas usadas por chefes e reis eram tecidas em seda pura.
Mesmo com a substituição da seda pelo rayon a partir dos anos 20, a artesania Axanti continuou a produzir belos tecidos.
Os tecidos fabricados para a corte do Ashantene, rei dos Ashantis, no século XIX, foram provavelmente a maior conquista na arte da tecelagem em tiras estreitas por todo o oeste Africano.
O material cru veio da Europa na forma de tecidos de seda cuidadosamente desfiados para serem novamente tecidos nesses teares estreitos que nesses casos utilizavam de duas a três tramas para enriquecer a complexidade dos padrões.
Os tecelões do rei estão agrupados num vilarejo chamado Bonwire perto da capital Kumase, fazendo parte de um complexo de cidades que abrigam outros artesãos como ourives, fabricantes de guarda-sóis reais, entalhadores de banquetas, tintureiros de Adinkra, e ferreiros.
Uma dos relatos sobre origem desses tecelões, fala do primeiro tear trazido por Otah Kraban apos uma viagem a Bondokou, região da Costa do Marfim.
Uma lenda alternativa, conta que o primeiro tecelão, durante o reinado de Osei Tutu, aprendeu essa arte observando uma aranha fazendo sua teia.
A aranha, Anansi, é um personagem importante no folclore Axanti, por simbolizar a truculência e sabedoria.
A tecelagem de algodão abastecia a maior parte do povo Axanti com seus tecidos listados, na maior parte tintos a índigo, ate serem amplamente substituídos pelas estampas de cera, e outros tecidos importados, a partir do século passado.
Em muitos panos Kente o padrão decorativo é obtido pela alternância das tiras de cores vibrantes, dispostas regularmente, com o urdume de tiras em cores apagadas.
É interessante notar que aos nomes dados a esses panos vem dos padrões de cores apagadas do urdume que formam o fundo do tecido.
Como era de se esperar em uma cultura tão rica em provérbios e jogos de palavras, ha um rico vocabulário para designar esses padrões, bem vivo na memória dos tecelões mais velhos.
Alguns desses nomes como Atta Birago e Afua Kobi, referem-se a indivíduos, nesses casos às duas rainhas mães, para quem esses padrões foram tecidos.
Outros se referem a incidentes históricos, utensílios domésticos, ou para a circunstancia em que os tecidos serão usados.
A padronagem do desenho da maioria dos tecidos Kente, possui um barrado feito por uma trama decorativa chamada Bankuo.
Um dos exemplos mais elaborados desses tecidos chama-se Adwinasa.
Este completamente coberto por essa trama decorativa, utilizando a mesma técnica de tecelagem, porém explorando toda a gama de tramados. A palavra Adwinasa, quer dizer repleto de ornamentos.



fonte:
http://adireafricantextiles.blogspot.com/