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domingo, 30 de outubro de 2011

Os noivos fulani mostram sua riqueza na forma de grandes brincos de ouro e contas de âmbar adornando os cabelos. 
Essas joias são dotes de família, dados na morte dos pais ou como presente de casamento.


Mali


Este país do noroeste da África, sem acesso ao mar, é um dos mais pobres do mundo, com o quarto pior índice de desenvolvimento humano (IDH), que mede riqueza e bem-estar das nações. Quase 70% da população, majoritariamente muçulmana, é analfabeta e 80% vive no campo. O norte de Mali fica no deserto do Saara e é habitado por tribos nômades tuaregues. O centro e o sul são constituídos de terras férteis banhadas pelos rios Níger e Senegal. Ali se concentra a maior parte da população. A economia baseia-se na pecuária e na lavoura de algodão. O país possui também reservas de ouro, tungstênio, diamante e petróleo, mas não há infra-estrutura para sua exploração. 
Os Fulani, Fula ou Phoulah, são um grupo étnico que compreende várias populações espalhadas pela África Ocidental, desde a Mauritânia a noroeste até aos Camarões a leste. São povos tradicionalmente nómadas que praticam a pastorícia.


Fonte:Wikipedia


Muitos fulani vivem vidas que mudaram pouco nos últimos mil anos. Nômades os fulani ou fulbe como preferem se chamar têm rebanhos de gado vivem com simplicidade e harmonia completa com o seu ambiente. Só duas vezes o mundo externo forçou os fulani a olhar além dos rebanhos e confrontar mudanças: cerca de 200 anos atrás veio o islamismo. Alguns fulani tornaram-se muçulmanos voluntariamente e os demais foram forçados a fio de espada. A segunda mudança veio uns cem anos mais tarde quando os franceses vieram ao noroeste africano trazendo outra cultura forma de governo e atitudes diferentes para com a natureza. Trouxeram o arado, veículos e dinheiro em moeda. Os fulani resistiram o mais que puderam, mas as mudanças foram inevitáveis. 


Nômades em busca de um território


Populações urbanas em crescimento, nações poderosas, e tribos rivais, ameaçam a liberdade do mais numeroso povo nômade do mundo. 
Nômades, orgulhosos, muçulmanos, pastores de gado, África Ocidental, são algumas palavras que definem um povo extremamente espalhado e complicado. 
Os fulanis são o maior grupo nômade do mundo, espalhados por dezenas de países da África centro-ocidental. Alguns são encontrados em países distantes como, por exemplo, Etiópia e Sudão. Um povo altivo, de pastores que se orgulha de manter o pulaaku. Pulaaku? Na sociedade asiática é o mesmo que perder a postura, aquilo que nós ocidentais chamamos de estoicismo. Um fulani perde o pulaaku quando demonstra sentir alegria, raiva, forte emoção ou mesmo dor.
Espalhados como estão, os fulanis precisam manter os vínculos tribais: O Fulfulde, uma família de línguas e dialetos similares, a atração pelo gado e uma identidade cultural comum.


Criadores, Fazendeiros e citadinos


A sociedade fulani se divide em três grandes grupos. Em primeiro lugar o fulani entende que os criadores nômades de gado são a classe mais nobre, preservando o tipo de vida tradicional. Durante séculos vagaram livremente pelas vastidões da África Ocidental.
Hoje em dia as limitações das fronteiras ameaça acabar com esta liberdade ampla que possuem os fulanis, de se deslocarem livremente, em busca de melhores pastagens. Seu gado é valioso, e propriedade tributável para os governos da região, de modo que agora os fulanis se sentem impedidos de cruzar fronteiras com o gado. Este fato, somado a uma crescente população urbana e à maior necessidade de uso da terra para a agricultura, restringe cada vez mais a disponibilidade de terras para o gado.
Em segundo lugar existem os fulanis que foram obrigados a se fixar, tentando sobreviver da agricultura. E em terceiro, os moradores das cidades. Somente nas cidades e nas grandes fazendas é que os fulanis são acessíveis aos missionários. 


Laços Islâmicos


As três classes sociais fulanis identificam-se com o Islã, religião que herdaram dos mercadores muçulmanos do século catorze, e que consideram mais preciosa até do que o seu gado. Os fulanis urbanos são mais fiéis. Os criadores de gado são menos ortodoxos, misturando o Islã com superstições, feitiçaria e animismo.
Os fulanis têm um forte orgulho cultural, e se consideram superiores aos demais povos com que mantêm contato. Frequentemente entram em conflito com outros africanos. Na Nigéria uma grande concentração de fulanis assimilou a língua e os costumes Hauçás locais, mas permanecem fervorosos militantes muçulmanos.
Às vezes são forçados a aceitarem as crenças dos povos entre os quais habitam. Embora desprezem os povos que os acolhem, também são desprezados por estes. Mas através da fé comum do Islã encontram meios de resolver este conflito. Podem aderir à guerra santa (jihad) ou às peregrinações (hijra). As muitas guerras santas do século dezenove estabeleceram reinos fulanis nos atual Guiné, Camarões e Nigéria. Atualmente poucos fulanis têm representação política. São tratados como estrangeiros. Estudiosos consideram que dentro de 20 anos os fulanis nômades serão coisa do passado. E então buscarão e conseguirão voz política mais ativa e permanente.
Praticamente todos os fulanis são muçulmanos, mas eles vivem perto da tribo dogon que começou a ser evangelizada pelos missionários na década de 1930 e hoje mais de 10.000 dos 500.000 dogons são cristãos professos. Os dogons que habitam em regiões montanhosas têm muitos contatos com os fulanis. Para se comunicarem eles precisam falar uma língua comercial que ambos os grupos conhecem. 
Os agricultores dogons permitem que os criadores de gado fulanis usem seus poços para dar de beber aos rebanhos. Em geral, porém os dogons e os fulanis não interagem no nível social e nunca se casam entre si. Equipes dogons da igreja dogon começaram uma obra evangelística em Bamaco a capital de Mali, mas é difícil prosseguir, pois não há endereços das casas e existem poucos. 


Festival de Sharo. - Shadi


A cultura do povo fulani apresenta um complexo sistema que envolve as iniciações de longa data. O mais importante é o Shadi (o encontro de flagelo), acreditando ter se originando entre os Jaful Fulani cujas hierarquias ainda são consideradas as melhores.
Durante o festival de Sharo, os competidores sem camisa, homens geralmente solteiro, entram no ringue ao centro, escoltados por moças bonitas. A multidão estoura em atroada alegria e tocando tambor. Depois de certo tempo, um desafiante, também sem camisa, sai brandindo um chicote e tentando assustar o seu adversário. O festival procede ao som de animados tambores e canção, alegria e auto louvação da parte de ambos, o competidor e o desafiante. Quando a diversão alcançar um estado critico, é a hora de flagelar. O desafiante levanta o seu chicote e bate no adversário. O adversário tem que aguentar sem mexer nem mostrar nenhum sinal de dor, senão será chamado de covarde.


Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.